05 agosto 2019

UM PASSO CURTÍSSIMO...


O texto do José Soeiro (JS), “Um triste exemplo de pobreza política”, publicado noExpresso Diário, a 03 de Agosto, relativo às votações no Plenário da AR, precisamente o último plenário desta legislatura, faz lembrar a asserção do grande pensador cubano-italiano, Italo Calvino, quando dizia que “...o passo entre a realidade que é fotografada na medida em que nos parece bonita e a realidade que nos parece bonita na medida em que foi fotografada é curtíssimo.” 
Curta e breve não deixa de ser a conclusão de um processo em que, á semelhança de outros tantos, os deputados do Partido Socialista PS chumbam uma proposta que antes haviam viabilizado.
O que JS diz, no seu texto, “Ou seja, o PS, que impediu que esta avaliação existisse por ter votado contra, propõe-se continuar no futuro o que não existe porque o PS se juntou à direita para chumbar.”, não é mais que uma triste sina (digo eu) que acabaria por ser uma constante, nesta legislatura, sempre que estava em jogo, a definição do rigor, em políticas de classe.
Embora me congratule com o testemunho do JS, não quero deixar de expressar (uma vez mais) a minha opinião: não me admiro nada, com esta (e outras) posição(ões) do PS. Assim, quando ele (JS) se questiona, mesmo no final do seu texto, “Dá para acreditar?”, a resposta (minha) só pode ser, “Sim, sem dúvida!”                

Mas considero muito importante (e neste período eleitoral ainda mais...) denunciar, como ele faz, a vergonhosa posição do Partido (dito) Socialista. 
Na verdade, este é o "velho" PS, afogado em compromissos, aviltado por uma elite caciquista, indigna de utilizar a designação "socialista". E apesar de no partido, existirem camaradas que pensam exactamente da mesma forma que eu, o certo é que na globalidade, o PS continua o mesmo, capaz das maiores "tropelias", que o levam a defender tudo e o seu contrário, supostamente para manter um poder que só conseguiu graças ao apoio (ainda que crítico) da Esquerda parlamentar.
O tal passo curtíssimo de que falava Calvino...

Repito, o Partido (dito) Socialista, não é um partido de Esquerda. Está, neste momento, suportado e ancorado pelo PCP, PEV e Bloco de Esquerda. Sem estes partidos, o PS nunca teria conseguido governar, nunca teria tomado qualquer medida favorável aos trabalhadores. O que se conseguiu até agora, ainda que muito pouco, foi devido à enorme pressão que aqueles partidos fizeram sobre o PS e respectivo Governo.
Mais: o Partido (dito) Socialista nunca teria, sem a Esquerda parlamentar, conseguido as sucessivas subidas nas sondagens, que agora lhe apontam até a possibilidade de uma maioria absoluta que, a concretizar-se, significaria uma enorme tragédia para a Esquerda em Portugal.
Não se trata sequer de discutir, porque não tem discussão possível, a questão da "erradicação da pobreza". A mesma intenção é aliás matéria explícita dos ODS (Objectivos de Desenvolvimento Sustentável) das Nações Unidas. Nem sequer saber se o Partido está (ou não) de acordo com tal desiderato. O que acontece é que, qualquer medida (como as que são referidas no texto do JS) nem deveriam estar sujeitas a isto, antes deveriam fazer parte da "obrigação moral" de qualquer governo decente.
Mas, para tal, é necessário muito mais que exigir. Há que actuar a sério, implementando políticas que combatam as desigualdades e que favoreçam a inclusão e os Direitos Humanos.
Porque é afinal de direitos que se trata.              
E, quanto a isso, o PS não é capaz de "dar o salto", preso que está à "eterna submissão" da UE e das suas decisões. O PS cumpre a austeridade (embora pareça não gostar do termo) do ordoliberalismo e dos seus seguidores. Pode afirmar o contrário, mas na prática é assim.
Ilusões quanto a este partido, no futuro da Esquerda em Portugal? Nenhumas.
O que significa uma aposta forte no reforço da Esquerda em Portugal!


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