15 abril 2020

POUPAR EM TEMPO DE MORTE


A asserção "Poupar em tempo de morte", utilizada pelo Economista Jorge Bateira, num video colocado no Facebook, é bem o espelho desta conjuntura. 
E o problema (ainda) maior, é que a ultrapassa. 
Quero dizer que, para além da poupança evidente, não existe qualquer definição de uma estratégia. Para o médio prazo e para o futuro. 
Se porventura o Governo da República nos viesse dizer que iria apostar num plano de agricultura sustentada, num plano de industrialização consequente, que iria optar por uma diminuição da dependência externa, reformulando alguns circuitos de distribuição. 
Se finalmente nos viesse anunciar um plano de pleno emprego, subsidiado pelo Estado, combatendo assim, de forma eficaz, a miséria e a exclusão. 
Se porventura ainda pudéssemos dar algum crédito a quem nos governa, pensando: bem, esta administração tem algumas boas ideias, valerá a pena conceder-lhes um benefício de dúvida. 
Se ainda nos viessem dizer que iam desenvolver todos esforços por lutar, por exemplo, com a Espanha, a Itália e a França, no sentido da anulação dos tratados odiosos e ainda de equacionar a aquisição da soberania que nos falta e que nos foi indignamente retirada, então diríamos, vale a pena juntar a nossa voz, porque nos estamos a proteger e a cuidar particularmente daqueles que nem voz têm para falar, tão fraca é a sua condição. 

Assim, ou melhor, não sendo assim, que crédito podemos dar a quem nos governa e não cuida daqueles que afinal sustentam o Estado com as suas contribuições, pagas em Portugal e não na Holanda?      

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Texto que acompanha o video do Jorge Bateira
A escolha vai ser feita por si. É obsceno que o governo conte os tostões nos apoios aos 'de baixo'. As regras do euro são a razão principal por que o faz. 
O que está em jogo nesta pandemia é a sociedade que queremos ter depois da tragédia que nos atingiu. Queremos manter um SNS sub-financiado, com os seus trabalhadores desconsiderados por falta de condições de trabalho e salários medíocres? Queremos um país que forma bons enfermeiros e médicos e depois os empurra para a emigração, ou para o sector privado que vive das rendas que os nossos impostos lhe pagam? Queremos um país profundamente desigual, em que uns acedem facilmente ao dinheiro do Estado, enquanto tantos outros ficam sem rendimento algum, até obrigados a ir pedir comida a uma IPSS, porque a sua situação precária, na economia informal, não encaixa nos apoios previstos? Queremos ficar, para sempre, metidos num colete de forças económico-financeiro e político que obriga o Primeiro-Ministro a mendigar a autorização de Bruxelas para gastar o que for preciso, para salvar todos os que estão em estado de necessidade e não cabem na burocracia montada para que o défice e a dívida não cresçam demasiado? E os que já têm dívidas que cheguem e, nesta emergência, estão convidados a aceder a mais endividamento (vulgo "linhas de crédito" em que o Estado só gasta com os que não cumprem), porque dinheiro a fundo perdido é demasiada despesa para uma dívida que, passada a tempestade, pode fazer Bruxelas perder a boa-disposição?
E foi assim que trataram os bancos e os banqueiros na crise financeira? No vídeo de 5 minutos que aqui vos deixo, o meu ponto é este: vai ser preciso escolher entre, (a) uma vida soberana e digna em que teremos de construir com esforço o nosso futuro e (b) uma vida decadente, de mão estendida, num protectorado em que a Alemanha tem a última palavra.
A escolha vai ser feita por si
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