21 março 2021

DIA MUNDIAL DA POESIA

(aqui, para trazer um Amigo que está sempre perto...)

 

 

 

 
















CANTIGA À RALIDADE

 

S’a ralidade não me chatiar

Não vou eu chatiar a ralidade

Porém, essa megera sem idade

Não tem tempo e fronteiras, não tem lar.

 

Não tem respeito, sempre a dar a dar,

Remexe-me no peito, busca o qu’há-de

Servir-lhe de pretexto pra provar

Que continua a mesma ralidade.

 

eu, que tenho mais o que fazer,

Dormir, dormir, morrer, talvez sonhar

- Ou contra o cruel fado a ‘spada erguer.

 

Mas esta dor no peito, a falta de ar,

Esta barba há três dias por fazer

Já ‘stão à minha espreita ao despertar

 

Manuel Resende, “Poesia Reunida”, Ed. Cotovia (2018),  p.127

 


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