25 julho 2021

 ASSIM MORRE UM POUCO DE ABRIL...

 


 


























OTELO SARAIVA DE CARVALHO

 

Otelo partiu hoje.

Atrás dele está toda a preparação e execução do 25 de Abril. 

Com ele, estão aqueles que acreditaram sempre que era possível derrubar a ditadura fascista. Dele irão guardar a memória do golpe militar que se transformou numa revolução popular, pela liberdade, pelos direitos e pela transformação social.

 

Dele falou a Isabel do Carmo, com aquela autoridade que lhe reconhecemos, dizendo sobre a parte dita não-consensual do Homem de Abril, que nada é, na realidade, consensual, a começar pelo próprio 25 de Abril, com a imagem tão simples, que ele não é de todos, não é o Natal.

Sobre ele opinou, com alguma emoção, o Sousa e Castro, com o à-vontade de quem o prendeu naquele dia triste de Novembro 75, “...estou psicologicamente preparado para ver e ouvir os pulhas que, vivendo em liberdade, vão cuspir de forma grosseira no prato de quem tudo fez e arriscou para lhes dar a liberdade, a liberdade até de serem pulhas...”.

 

Otelo partiu.

Deixa um rasto de saudade, assim o disseram hoje homens e mulheres do meu País, que não esquecem a Revolução, por mais voltas que ela tenha dado, a maioria das quais, a desmerecerem-na. E que também lembram ainda os tempos em que a liberdade estava coarctada e o fascismo encarcerava, torturava e matava indiscriminadamente. 

Dele foi dito que era generoso e afável, até na altura em que foi preso, dizendo sempre que “estava bem”. 

 

Otelo partiu, mas é, sem sombra de dúvida, um HERÓI NACIONAL.

Que os pulhas se alimentem e, como chacais, que façam o seu papel, acicatando as consciências frágeis. Afinal, continuarão a existir e a cumprir o desígnio de encantar, elaborando fábulas sobre um destino que nada nos diz.

A melhor forma de lembrar Otelo, será hoje, defender os que a sociedade rejeita, com falas mansas, luvas e colarinhos brancos. Será, por exemplo, ocupar uma casa devoluta, para alojar um sem-abrigo ou uma família. Será defender sempre os trabalhadores, que tudo produzem e com pouco ficam. Será lutar pela integração, pela diferença, pela verdadeira igualdade.

 

LEMBRAR OTELO, SERÁ LEMBRAR SEMPRE O 25 DE ABRIL DE 1974!

 


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