17 janeiro 2022

 UM PEIXE CHAMADO INÊS 

Pois. O peixe mudou de nome. Nos anos 80, era “Wanda”, no filme do Charles Crichton.

A propósito de comida, diga-se de passagem, que aquela cena da semana passada, poderá ficar porventura como um dos momentos mais ridículos da pré-campanha. A saber, a “aproximação” de Costa ao partido dos animais, da natureza e das pessoas, não forçosamente por esta ordem. Pretendendo mostrar ao mundo (das pessoas), que não é de Esquerda nem de Direita, o partido da Inês enfia-se no buraco obscuro da incerteza sistemática, que desemboca obviamente num dos lados. E sabe-se qual. Costa vai em frente e de tal modo parece estar zangado com aqueles que lhe possibilitaram um dia ser Poder, esquece-se disso (e de outras coisas) e segue pescando em águas pouco claras, a ver se lhe sai um peixe qualquer, “não enquadrado”, mas proveitoso em termos de uma dieta possivelmente mal estudada. Pois sim, vamos lá, que até o tal peixe pode saber a um queijo ressequido, de que não se diz a marca, como se compreende. 

No pântano, como se sabe, não há peixe que resista, aí pesca-se mesmo à linha. Como também se sabe.

No tempo em que os animais falavam, decerto muitas vozes se levantariam, clamando piedade, perante uma coisa tão abstrusa. Embora não se saiba bem, mas se calhar, hoje, haveria apenas um animal a arriscar o voto, se a ele tivesse direito, possivelmente o excelentíssimo dinossauro[i]

É preciso “Agir já”[ii].

Uma vez dentro do pântano, qualquer ser pensante corre o risco de se afundar e com poucas probabilidades de “salvação”. Embora existam (ainda bem) animais peritos em salvamento, podem não estar interessados em tal.

É que se há coisas que nem eles (os animais) gostam, é de demagogia.

 


[i] “Dinossauro Excelentíssimo” (1970) é uma obra de José Cardoso Pires, onde é satirizado o ditador de Santa Comba.

[ii] Título do Manifesto de um partido político


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