28 janeiro 2023

 UM CASO SÉRIO

 

“...Vais acabar num bueiroSem futuro nem dinheiro

Etelvina”, Sérgio Godinho (1974)

 

Correndo o risco de parecer vulgar, parafraseando quiçá muitos que dizem o mesmo, avanço com a seguinte tese: para além dois conhecidos “casos” que o afectam, este governo é mesmo um caso sério. Avançando na tese, sempre sustento que, na maior parte das situações, tal se deve à mais profunda imperícia e incompetência.

E porquê? Simplesmente, porque poderiam ser facilmente evitados, com o tal cuidado que o senso comum aconselha e que é válido também para a coisa pública. Não existindo tal senso, seria de considerar alguma prudência na forma como se escolhe, como se nomeia, enfim, como se administra a tal coisa que é pública e que, por consequência, não é mesmo uma coisa qualquer. E que merece tratamento adequado e uma atenção épica.

Mas há mais. Há sempre mais, uma explicação, uma consideração, por que não até um palpite. É um outro factor, nada despiciendo: a tentação da arrogância, quando não a arrogância determinada. É o caso (mais um “caso”) da determinação governamental sobre os “serviços mínimos” na Educação. Uma treta só mesmo possível com o objectivo, claro e preciso, de atentar contra a Lei da Greve.

 

É aqui, como em centenas de outras situações, que este partido que se diz socialista revela os mesmo tiques anti-democráticos da Direita que diz combater. Não combatendo coisa nenhuma, vai, antes pelo contrário dar trunfos aos adversários políticos. Vai fazendo, dia a dia, o trabalho sujo, alimentando o descontentamento “popular”, que se sabe onde conduz. Os que hoje estão em congresso para entronizar o chefe, agradecem reconhecidos e já falam em ultrapassar os “pêessedês”, liderar a Direita e, imagine-se, tomar o poder. Exemplos não faltam, por esse mundo dentro.

 

Mas não aprendem. Melhor, não querem aprender, caprichados que estão no que pensam ser a sua missão. Das “contas certas” à histeria dos tanques e outras coisas bélicas, passando pelo alinhamento vergonhoso com os poderes do capital e da banca, sempre com o beneplácito, ainda que disfarçado, daquele que ajudaram a eleger e a reeleger na mais alta chefia da nação. Por isso, não admira que estejam envolvidos até aos dentes na mais rasteira das ratoeiras, elevados ao altar-mor da ignomínia de dar, doar, ou patrocinar as altas “patentes” de uma religião e não consigam descolar da sua posição conservadora. 

Ao fim e ao cabo, uma posição traidora de classe. Sendo ousada, esta classificação nunca foi tão clara e transparente, porque é a mais pura e simples das verdades. 

 

Este governo é mesmo, cada vez mais, um caso sério.


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