05 fevereiro 2023

 EU ME CONFESSO! 

 

Não sabendo bem por onde começar, nem se era este confessionário cento e quarenta e quatro que deveria utilizar, sempre digo que acho perfeitamente idiota, desculpará a linguagem, que o Estado esteja a financiar, ou pagar, esta fantochada, digna da idade das trevas, bem como a indignidade de desperdiçar tanto dinheiro, quando me dizem, todos os dias, que não há. Confesso que estou confuso e aparvalhado, diga-me se existe perdão, estou morto, por assim dizer, para saber. 

Olhe, meu filho, os mistérios de deus são insondáveis.

 

Sim, seja lá o que isso quer dizer, mas se é essa a sua resposta, deixe lá. Confesso ainda que estou possesso porque aquele senhor que manda no País está a comprar peças para os tanques de santa margarida que estão avariados, para os oferecer à Ucrânia, a quem já ofereceu duzentos e cinquenta milhões e diz que não tem dinheiro para pagar aos professores e outros trabalhadores. Eu estou com vontade de lhe apertar o pescoço e de o meter dentro de um daqueles tanques, está a ver? Diga-me por favor se tenho perdão também por isto.

Olhe, meu filho, os mistérios de deus são insondáveis.

 

Porra, desculpe lá, o senhor tem alguma cassete, ou cêdê, acho que já me tinha respondido assim à outra pergunta, afinal que raio de mistérios é que fala?

Olhe, meu filho, a blasfémia é pecado mortal.

 

Eu nem sei bem o que é um pecado mortal, mas convenceram-me a vir aqui, disseram-me que é para jovens, uma espécie de uebessamite com padres, estarei enganado? Mas já agora também quero confessar que ouvi aquele sujeito do santander dizer mal dos que jantam fora à sexta-feira e acontece que, ontem mesmo, fui jantar com uns amigos, era uma sexta e estou para saber se pequei por andar a gastar a mais e assim aumentar a dívida, ou lá o que é, uma vez que já sei quem é o tal senhor e estou a pensar fazer-lhe uma espera. Diga-me lá se tenho perdão possível e o que tenho de fazer, mas, por favor, mude de cassete, ok?

Olhe, meu filho, os mistérios da banca são insondáveis.

 

Bom, já vi que estou a perder o meu tempo, mas não quero deixar de dizer que fiquei com uma raiva daquelas à Ana Catarina por ter ido ao congresso dos fascistas, estive mesmo para ir lá pôr uma daquelas coisas que rebentam com tudo, mas antes, acho eu, avisava a “camarada”, olhe, e daí, nem sei se avisava. Será que me pode perdoar, apesar de eu não ter feito nada, nem era capaz de fazer, mas acredite que vontade não me faltava. E ainda, se me permite, dizer que fiquei com um desejo de estrangular aquele alemão que disse que as armas que vai mandar para a guerra não são para atacar, mas só para defender. E estrangulava também aquela dondoca irritante que alguém pôs a mandar na europa. Ou seja, dava aos dois o mesmo tratamento, será que tenho perdão, muito embora também lhe diga que não era capaz de fazer tal coisa, mas sabe, a raiva é tanta que nem sei.

Olhe, meu filho, sabe que mais, eu tenho mais que fazer, olhe só a fila que está atrás de si, vá dar um volta ao parque eduardo sétimo, faça um escorrega no acesso do altar e vá pedir perdão ao raio que o parta!

 


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