23 maio 2023

A PROPÓSITO DE UMA CERTA COIMBRA RUSSOFÓBICA


Sou ouvinte assíduo das crónicas do Daniel Oliveira (DO), nas manhãs da TSF. Porque é o único comentador de Esquerda, entre 6 de Direita, ou aparentados. Por isso mesmo ouço com toda atenção e saio a terreno quando considero que entra no campo pantanoso do politicamente correcto.
Ou de afirmações pouco dignas de uma pessoa de Esquerda

Como aconteceu na crónica de hoje.
DO denuncia (e bem) a campanha infame que foi movida ao professor universitário Vladimir Pliassov, que foi demitido pelo magnífico reitor da UC. 
DO fala (e bem) em exclusão ideológica e russofobia. Muito bem.
Só que, ao levar para o campo da exclusividade, sempre ligada à famigerada guerra por procuração, DO oculta o essencial. Que é precisamente a perseguição implacável que vem sendo movida à Rússia, enquanto estado e que nada tem a ver com Putin (seria o mesmo se estivesse lá outro russo qualquer), mas sim com a tentativa deliberada de americanos e europeus, melhor dizendo administração americana, NATO e EU, para balcanizar a Rússia.
A coisa vem de há muito, atenção.

Eu não sei se, como diz DO, "Portugal apoia a resistência ucraniana". O que sei é que o Governo português, seguindo a cartilha dos EUA e da dita "união" europeia, embarcou na fúria armamentista e deu ao governo ucraniano 250 milhões de "ajuda". Sei ainda que o Ministro da República que representa, em Portugal, o triste papel de delegado da NATO e dos EUA, vem vomitando sucessivamente a propaganda mais rasteira, de obediência canina aos do costume.
DO está preocupado (e bem) com a “legalidade democrática”. Mas ao acrescentar que “É por ela que combatemos os Vladmir Putin deste mundo” cai no mesmo erro de toda a direita reaccionária, que odeia tudo o que cheire a Rússia. Infelizmente, o mesmo erro praticado (e até custa a dizer isto) pelo BE. 

Entretanto as guerras ignoradas continuam e, apesar de DO se preocupar (e bem) com elas, continuam a ser esquecidas, bem por culpa do pensamento único, da industrialização das consciências de um neoliberalismo feroz que está a destruir o mundo.
Que tem responsáveis e que sabemos quem são. 
O principal problema é esse e não pode nem deve ser escamoteado.
O verdeiro perigo é esse. Esquecer isso é um erro tremendo.

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