03 março 2024

  

DIA 3 DE MARÇO 2024: “MONDNACHT




Em bom português, “Noite de Luar” (*) , é um tema que faz parte da obra 39 (op.39)”, um ciclo denominado Liederkreis, do compositor romântico alemão Robert Schumann do século XIX, com poema de Joseph von Eichendorff, aqui interpretada pela soprano Sophie Rennert e pelo pianista Sascha El Mouissi, considerada uma pérola da música clássica. Lembra o campo, a terra com as suas plantações ondulantes e a floresta, um idílico sonho, onde se diz que a terra está silenciosamente no brilho das flores.


Isto a propósito do sonho de um Amigo que me fala no “acordo das lezírias”. Para que fique claro, uma lezíria é um terreno plano, periodicamente alagado pelas enchentes fluviais, com uma fertilidade acima do normal e que abrange, no nosso País, largas zonas do Ribatejo e Alentejo, mais de 25 mil hectares. Importa saber ainda o que se faz, o que se produz, o que fica no país, o que vai para exportação, como se processa a exploração, quem são os trabalhadores dessas terras, como vivem e como são pagos. Tantas questões, para as quais alguém terá respostas, embora seja importante referir que nessas zonas há milho, vinha, olival e imensos prados permanentes. E, para que se saiba, é uma empresa pública que dá lucro, que se chama Companhia das Lezírias, que fica no Ribatejo e que é a maior herdade do país, com 18 mil hectares e está, desde 1975, nas mãos do Estado.


Mas o que representa então o sonho do “acordo das lezírias”? Tão só e apenas, a tentativa de reunir pessoas e organizações populares, trabalhadores, cooperativas, associações e empresas e encontrar uma forma de aumentar a produção nacional para ser a base das nossas necessidades, rever os circuitos de distribuição, erradicando de uma vez por todas o monopólio das grandes distribuidoras, que sufocam o mercado e que provocam a “morte” dos pequenos empreendimentos, cujos detentores acabam por vender os seu produtos, decerto bem melhores, por preços altíssimos. A impossibilidade prática de concorrer com as grandes superfícies, para além de ser uma evidência prática é uma das idiotices mais descaradas do neoliberalismo. Reparem só nestes exemplos do meu Amigo: por que raio é que temos que pagar a banana da Madeira (a nossa banana) ao dobro do preço de uma qualquer banana importada e de qualidade inferior? E porque é que o preço da cebola portuguesa é o dobro da congénere espanhola?  O acordo das lezírias poderia resolver os nossos problemas, os da agricultura e o da distribuição? E muitos outros? 

Se calhar, até. Porque não tentar?  

 

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(*) https://www.youtube.com/watch?v=TrUS9B0LcqY    


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