15 junho 2024

 OSLO, “FAROL DE LIBERDADE”?

 

Acordo hoje com a notícia e um programa especial de promoção da Rádio TSF, sobre o “Fórum de Liberdade de Oslo” (Oslo Freedom Forum- OFF), que ora se inicia.

Por terras de Cabo-Verde, onde me encontro, o assunto é completamente estranho e não admira. Tal evento parece apenas ser notícia na Europa, nos EUA e no auto-designado “mundo livre”, que, como é sabido, agrupa as ditas “sociedades desenvolvidas” e que incarnam o espírito do Ocidente, de supremacia branca e convencido que a sua influência é global e que o resto do Mundo lhe tem que prestar vassalagem. Pior, que a imensa maioria do resto do Mundo representa para eles uma ameaça existencial, precisamente porque não partilham os “valores ocidentais”, tidos em absoluto, como “livres” e “democráticos”.

 

Para a organização do dito evento, o grande objectivo é juntar, uma vez mais, “os combatentes pela liberdade e as iniciativas humanitárias em oposição aos regimes autoritários em todo o mundo”. Curiosamente (ou não) o programa da TSF dá voz exclusivamente, aos “combatentes” contra Putin, contra a China e contra todos os gravitam na auréola do império norte-americano e que não vêm mais nada que a “liberdade” do neoliberalismo, que naturalmente dita do alto do seu poder quem é, ou não, “democrático” e “livre”. Um dos mentores (e chefe máximo) deste evento é o bem conhecido “mestre” Garry Kasparov, que do xadrez passou para a política, ressabiado com o Partido Comunista Russo, fundador de uma outra organização política e pretenso candidato à Presidência, mas que não conseguiu reunir no seu País qualquer interesse, embora tenha sido promovido no Ocidente, tal como aconteceu com o “encantador” Alexei Navalny, que considerava os muçulmanos como baratas e que defendia o seu extermínio. Também muito naturalmente, viria a culpar Putin, pelo seu fracasso. Na sua obra, "O Inimigo que Vem do Frio", Kasparov inclui um subtítulo, na edição inglesa, muito significativo, "Why Vladimir Putin and the enemies of the free world must be stopped" (“Por que é que Vladimir Putin e os inimigos do Mundo Livre têm de ser travados”). Como tudo isto fica bem, ao gosto ocidental.

Resta apontar que o OFF é uma conferência anual apoiada, segundo informação da organização, “por várias instituições que concedem doacções na Escandinávia e nos Estados Unidos através do Human Rights Foundation (HRF)”, sendo que a HRF se auto-classifica como “organização sem fins lucrativos que se concentra na promoção e protecção dos direitos humanos a nível mundial, com ênfase no que designa por “sociedades fechadas”.

 

Por falar nisso, por oposição e bem ironicamente, existirão as “sociedade abertas”. E são estas que ignoraram quase completamente o Fórum Económico Internacional de São Petesburgo (SPIEF), realizado de 5 a 8 de Junho. Nesta sua 27ª edição, o SPIEF contou com a presença de mais de 21 mil participantes provenientes de 139 países, tendo como tema central “um mundo multipolar para construir um novo ponto de crescimento”. Esta é curiosamente uma verdadeira Maioria Global, com BRICS (Brasil, Rússia, India, China e África do Sul), SCO (Organização de Cooperação de Xangai), EAEU (União Económica Euroasiática), CSTO (Organização do Tratado de Segurança Colectiva), CICA (Centro de Informação sobre Contaminação de Ar), União Africana, NAM (Movimento dos Não-Alinhados), entre outros. Aliás, poderá até dizer-se que a maior parte da comunicação social do Ocidente-Sociedade Aberta ocultou simplesmente (para não utilizar um termo mais forte) a realização do SPIEF.

 

Diante da maior farsa dos últimos tempos a que deram o nome de “conferência de paz”, os fantoches ocidentais que promovem a estupidificação colectiva, perante a indiferença cúmplice de tanta “gente conceituada”, também parecem ignorar a declaração da Federação Russa, que diz claramente “Assim que Kiev anunciar a retirada de todos os territórios de DNR, LNR, regiões de Kherson e Zaporozhie e prometer não ingressar na OTAN, Moscovo dará a ordem para cessar-fogo e iniciar negociações”. A verdade, nua e crua, é que a Ucrânia, (ou melhor, o seu presidente) e o Ocidente não querem paz alguma, mas simplesmente a guerra contínua, que massacra primeiramente o povo da Ucrânia e depois os trabalhadores ocidentais, que sofrem as privações e que, em última instância e contra a sua vontade, financiam a guerra. 

 

Como bem afirma o filósofo português Viriato Soromenho Marquesem artigo publicado no Jornal Diário de Notícias, no passado 10 de Junho 2024, “O neoliberalismo e a sua teologia de mercado intoxicaram a construção europeia, desde logo na incompetente arquitectura da Zona Euro, e depois na passividade cúmplice face à subida aguda da desigualdade e da pobreza nos países europeus”. 

 

A estratégia que influencia o dito OFF é a mesma que suporta o neoliberalismo, vive e alimenta-se dele, contra a grande maioria (os 99%). Como têm tudo à disposição, dinheiro, armas, exércitos e propaganda, enganam e escravizam os 1% de todas as formas possíveis.

 

Por favor, estejam atentos e não se deixem enganar!

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