17 outubro 2006

Mohamed Yunus





Um dia, quando realizava trabalhos de campo com os seus alunos, num povoado indiano pobre, um desconhecido, de seu nome Mohamed Yunus, professor de Economia na Universidade de Cittagong, encontrou uma mulher que se dedicava à fabricação de tabuletas de bambu. Yunus perguntou quanto ela ganhava por cada uma delas, o que dava uma cifra irrisória. Um negociante emprestava-lhe dinheiro para comprar o bambu, com a condição de que ela lhe venderia de imediato as tabuletas por um preço por ele estabelecido. Yunus pensou que se aquela mulher tivesse dinheiro, não precisaria de viver naquela situação. Decide então levar os seus alunos para um trabalho de investigação num povoado e tentar descobrir quantas pessoas precisariam de dinheiro para iniciar alguns pequenos negócios. No total havia 42 pessoas que necessitavam qualquer coisa como 30 euros. Contudo, os bancos tradicionais negavam sistematicamente créditoa essas pessoas.
Então Yunus ofereceu-se em alguns casos como fiador, pensando sempre em criar um Banco que ajudasse os mais pobres. Assim, em 1976, apesar da resistência dos grandes bancos de Bangladesh, Yunus conseguia fundar o Banco Grameen (banco rural), que em1983 obteve a categoria de banco autónomo. Desta forma, a pessoa que solicitasse um crédito não teria que responder por um grande capital ou com garantia de propriedades; o sistema implicaria tão-somente que houvesse um conjunto de 5 pessoas que consigo garantisse o reembolso.
Com a sua iniciativa Yunus, conseguiu que no ano de 2005, 100 milhões de famílias por todo o Mundo, acedessem aos microcréditos. Na prática o microcrédito é administrado pelo Grameen Bank, que écomposto por 90% de capital privado (dos próprios clientes) e 10% de capital estatal do governo de Bangladesh. A gestão do património tem uma metodologia própria, baseada na decisão comunitária para aprovações de crédito pessoal.
O projecto de Yunus baseia-se no facto de crer no valor que o ser humano dá ao seu próprio nome e à dignidade e, principalmente, o de realizar um sentido para a sua própria vida.
É este homem simples, que, como dizia Wemans (Publico de 15 de Outubro) ...quase pede desculpa por existir que ganha agora o Prémio Nobel da Paz de 2006. A Academia Sueca justifica a distinção com ...esforços para criar desenvolvimento económico e social, através do microcrédito. Decisão não isenta de uma certa surpresa, dado que Yunus não se encontrava de facto na lista de favoritos.
O banqueiro dos pobres, como ficará para sempre lembrado, um homem que é um exemplo na luta contra a pobreza; hoje, Dia Internacional da Erradicação da Pobreza, émais que justo prestar homenagem a este homem, um exemplo para a humanidade, particularmente para os economistas do ocidente, quase sempre zelosos na defesa dos esquemas tradicionaisque favorecem sempre os mesmos: os ricos e os detentores do capital. Lembrar a obra de Yunus numa altura em que várias organizações não-governamentais apelaram a um LEVANTAMENTO CONTRA A POBREZA, em mais uma tentativa de chamar a atenção de todo o Mundo para este problema: um mundo em que há 1,5 em 6 biliões de pessoas com menos de 1 dólar por dia, ou seja num estado de pobreza (pelo menos) latente...
Ao mesmo tempo vemos da parte da banca tradicional (leia-se institucional...) uma postura do mais completo desprezo pela situação da pobreza a nível mundial, preocupando-se sobretudo em obter dos governos as garantias e isenções mais escandalosas; veja-se por exemplo (é sempre bom lembrar esse facto...) o caso português, onde a banca paga somente 13% de imposto sobre os lucros, quase 1/3 do equivalente a qualquer cidadão ou empresa...

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