28 novembro 2007

DIA 28 (é hoje???)


Meu caro amigo me perdoe por favor
Se eu não lhe faço uma visita…”

C
hico Buarque de Holanda


Escrevemos às vezes por pequenas coisas, umas vezes bem, outras vezes mal, outras nem por isso. As palavras nem sempre dizem o que é preciso, são só palavras. Hoje contudo escrevo para vocês, amigas e amigos de longa ou curta data. Este rio de onde vos escrevo é TORTO que se farta, mas é acima de tudo um RIO que sempre corre, nunca pára, umas vezes cheio, outras nem tanto. Mas tem uma força imensa alimentada pela vossa presença mesmo quando ausente. Venturas e desventuras, ânimos e desalentos que vamos partilhando, um toque de telefone no momento certo, um aperto de mão, um sorriso, um ombro às vezes para encostar a cabeça, um sim ou um não quando é preciso.
Nasci há uns anos atrás (muitos, vá lá…) no 9º signo do Zodíaco, sob o Fogo do grande planeta Júpiter. A Liberdade que é lema dos Sagitários mistura-se com força da amizade e de algumas cumplicidades.
Não podendo fazer-vos uma visita e não tendo fita para mandar notícia, como diz o Chico, mando só um grande abraço que se estende de costa a costa. Para todos vocês, muitos sonhos, fantasias e ilusões. Para vós, tenho sempre todo o tempo do Mundo…

Alf.

08 novembro 2007

TEOREMA HÚMIDO: “a soma de 2 secantes é uma seca”

Era um redondo vocábulo
uma soma agreste
...”
Zeca Afonso, 1973

Paramos por vezes para abreviar o que devia ser extenso. Construirmos castelos que vão para o ar quando apanham vento e calam a raiva dos que, com a sua calma, assustam qualquer um. Digerimos a água que não corre nas torneiras quando há seca. Propomos coisas imaginárias, divertimo-nos à brava com as estéticas malucas dos arquitectos do vazio. Percorremos caminhos que não existem nas auto-estradas da imaginação. Sim, damos corda e deixamos correr porque simplesmente não há ninguém para ver. Aceitamos a fruta verde mastigando o descontentamento, trocamos de roupa vestindo a mesma, porque a nudez faz medo. Roemos agora a corda, saltando de galho em galho...
Tememos a ternura, porque há afectos que há muito se diluíram na tinta-da-china, que é preta de tão amarela. Chegamos aos 4 caminhos e escolhemos nenhum, é uma fuga em frente, porque nem queremos pensar. Encontramos trévoas, fingindo que não percebemos, disrindo de nós próprios. Atiramos ao vento mil palavras e não conseguimos um poema sequer que fale do amor. É louca a vingança que nunca chega a arrefecer para seguir os cânones de quem a serve. Perguntamos respostas, sabendo de antemão as linhas com que nos descosemos. Perdemos o tempo todo a queixarmo-nos do tempo que não temos, uma patetice disléxica. Mal sabemos o valor do ridículo, porque o discurso do vocábulo redondo não cabe na quadratura do círculo.
Até que enfim que estou na cama. Não quero ver nem falar com ninguém, nem sequer para dentro, com receio que eu próprio me escute. Relembro agora do texto “...a tinta caía no móvel vazio, congregando farpas, chamando o telefone, matando baratas, a fúria crescia, clamando vingança...”
Deixa para lá: às voltas com o real acabo por não imaginar do que sou capaz, um disparate tão lógico que assusta mesmo uma barata impedrenida. O que vale é que os registos são automáticos e não perco nem uma linha. Apanho de imediato o comboio para a cidade que fica para trás, o bilhete é por conta do que já fiz, não há troco disponível; é pegar ou largar. Ponho de novo o disco a tocar.
Mas onde raio é que eu pus o isqueiro???

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