25 abril 2009



Onde estavas???



Vem à ideia a frase do BB “mas afinal onde estavas no 25 de Abril?" olha eu estava na cama a dormir eram umas 9 e meia da manhã quando o Vilas me bate à porta e diz “então a dormir e a Revolução na rua…” não pode digo eu é verdade diz ele e lá fomos os dois tanta gente na rua mas ainda não havia a certeza só lá para a tarde se percebeu a libertação a alegria o gozo que deu ver a polícia a fugir dos militares que maravilha já lá vão 35 anos tanta água que passou tantos encontros e desencontros “a vida é a arte do encontro embora haja tanto desencontro pela vida" o gesto incontido a emoção dos momentos que passamos e passeamos pelas Avenidas da Liberdade que fomos conquistando com luta porque é com luta que se luta sempre e agora há quem pense que agora que tudo temos e nada vemos sentimos “apenas” sinais preocupantes de arrogância descaramento e prepotência às vezes até custa a acreditar que acontecem cenas como as de Faro e de Braga mas é verdade que parece haver medo quem cala consente e é por isso que eu não me calo porque não posso ignorar mas o certo é que a miséria assusta e sente-se e convive-se com ela com aparente tranquilidade Será que é recorrente o apelo à indignação quando nos entra todos os dias pelos olhos e ouvidos mais um escândalo mais uma fraude mais um descarado roubo daqueles que parecem estar à margem da decência e das próprias leis do tal estado de direito de que tanto nos falam e que parece mais que torto no pior sentido do termo Avancemos pois para as grandes obras que nos ligam à Europa isso é que interessa uma porra e mais centros comerciais e às tantas era aí que se deveria marcar o 25 de Abril afinal é onde as pessoas andam meias tontas “sem eira nem beira” pois é senhor engenheiro lembro-me agora “…aprende a nadar companheiro que a maré se vai levantar” parece que a que a liberdade já não está a passar por aqui uma Maré Alta que faça muita e muitas ondas para ver se gente acorda de vez porque “… o que é preciso é agitar a malta empurrar a malta animar a malta dar poder à malta…” isto de pequenas reformas não vai lá não senhor (engenheiro?) é preciso repetir mais uma vez que Abril não é evolução mas sim Revolução não tenham medo da palavra ou então tenham mesmo medo porque ele agora existe que diabo mas vejam bem que “…por morrer uma andorinha não acaba a primavera” como tal ainda há esperança ventos de mudança que devemos agarrar com muita força a tal força de quem trabalha e que agora nem deixam trabalhar com tanto despedimento Curioso quem devia ser despedido por incompetência de gerir ainda é premiado e vai de bolso cheio para os paraísos que por aí abundam com off-shores e congéneres pelo meio que é precisamente onde não está a virtude.


Vivo a vida como dantes / não tenho menos nem mais / e os dias passam iguais / aos dias que vão distantes
Mas ... ainda vamos a tempo, 25 de Abril sempre!



Madrugada de 25 Abril 2009
Alf
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Palavras e/ou frases “roubadas” sem permissão especial que eles não se importam…:
Baptista Bastos
Carlos do Carmo
Sérgio Godinho
Zeca Afonso
Vinicius de Moraes


02 abril 2009



VISEU= 1 – ROMA=0
(com 0-0 ao intervalo)


“…Nadavam piranhas na lagoa escuratamanhas que nunca tal vi

Limpei a viseira, peguei no arpão, mas tive o diabo na mão …”
Zeca Afonso, “Chamaram-me cigano”, 1968

O jogo até que nem começou mail para o Papa de Roma; investe pela extrema direita, centra e marca golo logo no 1º minuto da sua visita a Angola: “não ao preservativo, faz mal à saúde e pode ser pior para o SIDA”. Azar dos azares, o árbitro anula o lance, considerando fora-de-jogo. Acontece. Mas o Papa não desiste, lança-se de novo e mais uma vez pela extrema-direita, corre tanto que sai pela linha lateral, que como se sabe, é o limite da decência, não se deve passar e dá direita (ou melhor, direito) ao lançamento pelo adversário. A 1ª parte desenrola-se a meio-campo, a assistência assobia e dança kisomba ao mesmo tempo. Intervalo. Os jogadores recolhem ao balneário, mas o Treinador do Papa não arrisca qualquer substituição e a 2ª parte recomeça sem sair fumo branco daquela chaminé. Eis senão quando a equipa de Viseu, vendo o adversário sempre a jogar pela extrema-direita, um erro, segundo comentaria depois do jogo Rui Santos, não entendendo a insistência, mas toda a gente entende a razão, deixa lá Rui, este jogo não está ao teu alcance. Num lance de bola parada, o Bispo marca um belo golo “quem tem a doença fatal, deve usar o preservativo, para não transmitir a doença…, acho que foi mais ou menos assim, eu não vi o jogo, não deu em canal aberto. E assim, uma equipa do interior, uma equipa regional do Portugal profundo, vence um jogo, apenas um jogo, mas um jogo pela Vida, contra a equipa do homem vestido de branco, numa terra em que o branco curiosamente é luto.

A FIFA vai agora dar a taça a Viseu e castigar o homem de branco com trabalho comunitário. Eu explico: é que a receita do jogo vai será destinada à compra de 340 milhões de preservativos, que serão distribuídos pelo próprio, em cada um dos países africanos.

Na chamada “zona mista” (eu não sei bem o que isto é, mas ouço sempre nos relatos…) foi muito comentado o resultado e praticamente houve um acordo generalizado, com excepção de César das Neves, Paulo Portas e Arcebispo de Braga.

Não está prevista uma 2ª volta deste encontro, aguardando-se que o Concílio se pronuncie a envie novas normas para a FIFA.

02 de Abril de 2009
Alf

Colaboração de imagem: Cartoon do António, 5 de Dezembro de 1992, na "Revista" do Expresso
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PS: os adeptos do FCP não devem ler este relato, porque pensam que o Papa é o Pinto da Costa...


ANEXO
(acho que vale a pena ler também este pequeno texto)



As Nações Unidas consideraram que, a 12 de Outubro de 1999, a humanidade teria atingido os seis mil milhões de indivíduos. No entanto, contava-se que, por exemplo, em Moçambique, a população deveria ultrapassar, por essa altura, os 19 milhões de habitantes. Quando, ao contrário de todas as estimativas, segundo os dados do Censo de 1997, a população moçambicana andava apenas pelos 16 milhões. E algo de semelhante aconteceu noutros países africanos, onde a população recenseada ficou muito aquém do esperado. Daí que a data apontada pelas Nações Unidas para os 6 mil milhões de pessoas sobre a Terra deva ser vista apenas como meramente simbólica, uma vez que a referida cifra só deve ter sido alcançada uns anos mais tarde. Entre as várias explicações para as discrepâncias apontadas, penso que a principal variável a ter em conta é o efeito do VIH/SIDA. De facto, de há uns anos a esta parte, começa a ser aceite pela generalidade das agências internacionais que o factor SIDA fez cair drasticamente a esperança média de vida à nascença e o respectivo crescimento populacional na África sub-sariana
Antunes, Manuel de Azevedo, 2008


01 abril 2009



A NÉVOA

Quem não conhece a verdade não passa de um tolo;
mas quem a conhece e a chama de mentira é um criminoso
!”
Bertolt Brecht [1898-1956]

Confesso a minha perplexidade e indignação contra aquelas e aqueles que se admiraram com a nomeação do respeitável empresário Domingos Névoa, administrador da BRAGAPARQUES. É por que não conhecem o que passa naquela triste cidade de Braga, onde desgraçadamente campeia a impunidade, o compadrio mais baixo, os negócios mais sujos, o lixo que não tem tratamento possível. Mas afinal irá ser ele a tratar do lixo, pelos vistos um negócio que bem domina. E para completar a cena é nomeado para director-geral da BRAVAL (a tal empresa intermunicipal, empresa de tratamento de resíduos sólidos do Baixo Cávado, que engloba os municípios de Braga, Póvoa de Lanhoso, Amares, Vila Verde, Terras do Bouro e Vieira do Minho), Pedro Machado, genro de Mesquita Machado, presidente da Câmara Municipal de Braga e dirigente do PS. Explicitando melhor o processo, a Assembleia Geral da BRAVAL elegeu o presidente da empresa e o director-geral; ora esta Assembleia Geral é composta pela empresa AGERE, que detém larga maioria da empresa; por sua vez, a empresa AGERE foi criada em 1999 pela transformação dos serviços municipalizados de água e saneamento do município de Braga em empresa pública municipal; em 2005, a Câmara Municipal de Braga privatizou 49% da AGERE, que foram vendidos a um consórcio de empresas formado por ABB, DST e BRAGAPARQUES.

Estamos portanto esclarecidos. O Névoa tornou-se publicamente conhecido pela sua tentativa de corromper o vereador Sá Fernandes; aliás, em 25 de Fevereiro passado, o Tribunal da Boa Hora deu como comprovado o crime de tentativa de corrupção activa. O “prémio” é este: quem percebe de lixo, trata de lixo! Tudo bem, pois, para juntar ao extenso rol de promiscuidade que graça na sacrossanta cidade, onde até um alto dignitário da igreja católica (felizmente morto) fazia parte da mais descarada máfia, que anda à solta e não se diferencia das outras máfias. Pelos vistos também, toda a cidade conhece mais ou menos as situações e continua a votar na mesma. Continuem pois, que vão no bom caminho…

Mais um corrupto “premiado”. Para outros, particularmente os que denunciam a corrupção, o prémio é mandá-lo para fora do País. Mesmo assim, João Cravinho não se cala, mais uma voz dentro do partido de Sócrates (acho que é assim que dever chamado, se bem me entendem…) que denuncia o que deve ser denunciado.
É este o rosto da corrupção! Uma névoa que é mesmo Névoa, uma vergonha para o País, mais uma razão de cidadania para denunciar, para actuar de todas as formas possíveis, para tentar inverter esta situação.

1 de Abril 2009
Alf.


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