31 julho 2009

A Silly Season


"O sol nas bancas de revista

me enche de alegria e preguiça

Quem lê tanta notícia

Eu vou ...
Por entre fotos e nomes

os olhos cheios de coreso peito cheio de amores vãos

Eu vou ... por que não, por que não?”


Alegria Alegria”, Caetano Veloso (1968)


Por definição é uma estupidez daquelas do tamanho de uma casa assim mesmo uma estação perfeitamente parva no sentido abrangente do termo eu quero lá saber dos hobies dos políticos ou sequer dos sítios onde gozam férias perfeitamente imerecidas digo eu já que acho que eu mereço as curtas ferias que hoje começo e assim me despeço de quem tem a coragem ou desfaçatez de porventura ler os meus posts quem sou eu afinal é tudo tão frívolo e distante a vida entretanto continua as notícias fazem-se sempre haja ou não haja matéria há sempre os torneios de verão das equipas de futebol de topo porem só mesmo o meu Benfica me interessa descobri uma notícia ou várias sobre a justiça portuguesa interessantes como aquela do homem morto há já 4 ou 5 anos que recebe uma notificação sobre a putativa resolução do “seu caso” que já tinha a bonita idade de 20 anos não o morto claro por isso mando ás urtigas esta estação patética quero é descanso e praia se não chover eu gosto é do sol que “me enche de alegria e preguiça” e eu vou por aí ao sabor do vento e não me arrependo de nada pois não e quando voltar tudo estará diferente todos têm direito à sua utopia é a silly season estúpido!


30 Julho 2009
Alf.


23 julho 2009

Long Road Out Of Eden


“…And you can see them there on Sunday morning

Stand up and sing about what it's like up there

They call it Paradise I don't know why

You call some place Paradise Kiss it good-bye.”
The Last Resort”, Don Henley, Glenn Frey, 1976


Noite de magia no Pavilhão Atlântico, graças aos míticos EAGLES. Quem disse que estavam fora de moda? Para além do Eden, os 4 músicos, acompanhados de um grupo de músicos de classe indiscutível recriaram um ambiente singular, com a técnica de luz e som ao serviço do rock, da folk americana, dos incontornáveis blues. Vale a pena curtir a música que aprendemos em tempos e que nos dá a luz a que não podemos resistir. Um concerto destes vive-se, sente-se, leva-nos para lugares onde nunca estivemos e que ao mesmo tempo sabemos que por lá passamos numa qualquer dimensão que a mente nunca irá trair. Lembramos, porventura o lugar de Providance que o “The Last Resort” nos descreve como um possível paraíso, onde se encontram todas as diferenças de um mundo surreal. Curiosamente não fomos brindados com esse espantoso tema, muito embora retenhamos ainda aquele espantoso solo inicial da trompete que introduz o “Hotel Califórnia”, símbolo da banda de Randy Meisnner, Bernie Leadon, Don Hendley e Glenn Frey. Ficamos com uma mensagem, quiçá muito actual, quem sabe, “…Desperado / Oh, you ain't getting no younger / Your pain and your hunger / they're driving you home / And freedom, oh freedom / well that's just some people talking / Your prison is walking through this world all alone(1) . Vale mesmo a pena sonhar, percorrer lugares, marcar presença, a música não cura os males, nem os fantasmas que nos perseguem, pode é unir vontades e conquistar espaços de liberdade, a arte nunca foi nem será neutra e carrega em si anseios, frustrações e todas as contradições dos nossos comportamentos. Faz-nos sentir mal ou bem, consoante o que vamos fazer a seguir, o destino não está traçado, vamos então (porque não?) até ao limite, ao apelo da canção: “… And when you're looking for your freedom / (Nobody seems to care) / And you can't find the door(Can't find it anywhere) / When there's nothing to believe in / Still you're coming back, you're running back for more(2) . Porque não, afinal?

23 Julho 2009
Alf
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(1) Extracto de “Desperado”, 1973
(2) Extracto de "Take It To Limit
”, 1988

19 julho 2009

ADRIANO


A única salvação do que é diferente
é ser diferente até o fim,
com todo o valor, todo o vigor e toda a rija impassibilidade;
no fim de todas as batalhas …
há-de provocar o respeito
e dominar as lembranças"

Agostinho da Silva, in 'Diário de Alcestes'





Partiste. E porque partiste estamos tristes e saudosos, lembrando o amigo, o companheiro de lutas antigas, o camarada, sempre atento às injustiças e à indiferença. Tantos anos de convívio, quantas saudade agora da tua serenidade e atenção; porque sabias sobretudo ouvir e irradiavas simpatia e sabedoria. Mesmo na fase mais aguda da doença nunca perdeste o contacto com a realidade. Adriano, professor de línguas, na latinidade da origem do teu nome, a suavidade constante da tua presença. Adriano, o sindicalista, um homem íntegro, inteiro, na dignidade da sua intervenção, de quem os seus pares sempre disseram: “o melhor de todos nós”. Pena faz que partam assim tão cedo homens desta dimensão, ficamos sempre mais pobres, perante quem faz realmente a diferença. E sabemos que Adriano era diferente, na nobreza da amizade, no porte firme da defesa de causas e princípios que compartilhamos, aprendendo a construir ideais, desconstruindo ao mesmo tempo os mitos e conceitos da indiferença e do medo.

Bem hajas, querido amigo. Aristóteles dizia que “…sem amigos ninguém escolheria viver, mesmo que possuísse todos os demais bens(1) . Nós viveremos todos os dias um pouco por ti, para que, lá de uma outra dimensão que nunca conheceremos, possas eventualmente dizer: valeu a pena VIVER!

19 Julho 2009
Alf.
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(1) Aristóteles, in 'Ètica a Nicómaco'


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