12 outubro 2011


Seguro é, galinha o põe

Um camelo não zomba da corcunda de outro camelo

Provérbio Africano

Instado a dizer algo aos microfones da instituição TSF, que vai ao fundo da rua, ao fim do mundo, Seguro mostrou a quem ainda dúvidas teria, o vazio mais completo possível, em matéria de discurso político. Não é uma coisa nem outra, antes pelo contrário. Claro que é capaz de ter algo substantivo para dizer, mas paciência, fica para outro dia. Parvo que eu sou, não capaz o suficiente para entender a subtileza constante de um discurso polido e conveniente, na medida directa da cinzentada pardacenta de uma coisa chamada de Partido socialista. Não importa a originalidade, já que se diga exactamente aquilo que se quer ouvir, vejamos então, Aquilo que quero é dizer aos portugueses que estou consciente da situação em que o país vive, que o Partido Socialista fará parte da solução e que eu compreendo que é necessário dar um sinal político forte quanto à convicção que as principais forças políticas em Portugal têm para que possamos sair da crise, mas isso não me dispensa de olhar para o conteúdo da proposta de orçamento. Para quem já disse que as medidas, ditas de austeridade, não resolvem os problemas do país, não deixa de ser, vá lá, singular, falar de parte da solução, que nem é preciso dizer qual é, já o adivinhamos, mais austeridade. Mas isso, não é exactamente o contrário, perguntará o leitor desatento, Não senhor, é mesmo assim, porque o dito partido é responsável e tem o tal sentido de estado, obrigatório jargão, que sem se saber bem o que é, o é de facto, está tudo dito. Por outro lado, que bem pode ser o mesmo, Seguro explica, é a TSF que o cita, que ainda não tomou uma decisão sobre o sentido de voto socialista porque ainda não conhece a proposta do Governo. Mas diz também, depois de novamente instado, eu bem o ouvi, afastar o hipotético cenário de votar contra, Isso se quiser é assim como 0,001 por cento, não se centre nessa hipótese (…). Parece ser, de novo, uma contradição, mas não o é de novo, porque ele de facto não tem motivos para o voto contra.
Se, ao fim de ouvir aquele discurso emaranhado, possivelmente ficar baralhado, não se admire. O objectivo é mesmo esse. Se pensar um pouco, às vezes vale a pena, chegará célere à conclusão que o comprometimento do partido dele com o convénio da desgraça é de tal ordem, que o homem fica manietado e outra coisa não pode dizer. Mas, se por alguma fatalidade, tal fosse possível, provavelmente o mesmo diria. Porquê, porque o pensamento único, versão dois mil e ene ponto zero, está instalado, corre bem, não dá problemas de configuração, aceita os periféricos e navega na rede sem qualquer sobressalto. Sim, um sistema operativo perfeito, amigável especialmente para o usurário. Não, não me enganei, é mesmo assim.
O raio que o parta, uma pedra no charco da indiferença, bolas para o conformismo, tudo o que se possa dizer, é brando para esta modalidade de autómatos que emergiram um pouco por todo o lado, quando a névoa toldou as consciências e tudo parece ser possível, mesmo o que não parece ser. Não basta estar atento, é preciso muito mais.

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