21 julho 2013


Apenas uma voz
http://www.youtube.com/watch?v=33-bMTOlvx0
 
Me perdoe o atrevimento, sou apenas uma voz, represento-me a mim próprio, serei talvez um arauto do Poeta, que um dia escreveu “…Amanha há-de ser outro dia”. Um lugar-comum, talvez, mas este cenário está tão deles cheio, começando por Você. Devo entretanto uma explicação, que de prévia pode ser um aviso, aqui vai ela. Permita-me que o trate por Você, só mesmo para alinhar discurso com o Autor, podendo assimilar, se assim o entender, as costumeiras designações, senhor, excelentíssimo, excelência e outras a que o cargo faz inerência. A urbanidade não ficará assim ferida de qualquer mácula e a escrita fluirá. Devo começar por dizer que como Você, não acredito, nem na senhora de Fátima, nem na santíssima trindade, seja ela, a dita divina, seja aquela que, há muito, nos querem fazer querer que no Portugal de hoje, resolverá todos os problemas do País, que reclamo como meu. Também. Aliás, como se vê, nada resolve, só agrava a situação. Segundo aliás, para dizer que Você muito agravou, ao não permitir que Portugal ganhe voz e dite Lei, segundo a Constituição que Você jurou defender. O Poeta diz, com toda actualidade, “… a minha gente hoje anda / falando de lado e olhando pró chão”, alegoria que o não é, basta andar por aí, não?.
Entretanto, “Apesar de Você”, milhões de cidadãos, lutam diariamente, às vezes pesadamente por suportar os desmandos provocados por aqueles que, de tão responsáveis pela chamada crise, se arvoram ainda como representantes do povo, não representando hoje, rigorosamente nada nem ninguém, a não ser os seus interesses e propósitos. E ainda por cima, dizem os tais lugares-comuns de que tanto gostam, e ficam bem na fotografia, os superiores desígnios da pátria. Devo confessar, com toda sinceridade, que não votei, nem nunca me passaria pela cabeça, votar em Você. Contudo, Você está aí. Pergunto, socorrendo-me uma vez mais do Poeta, “…Como vai abafar/ Nosso coro a cantar/Na sua frente”?

Falta pouco para Você falar ao País. Quero dizer que o vou ouvir, como ouço sempre outras vozes. Poderei eventualmente, no silêncio da minha sala, soltar alguns impropérios, somente as paredes me vão ouvir, não corro o risco, como o outro, de ser apanhado pela censura que leva a multa, oh liberdade! Adianto agora, última ajuda do poema,   “…Você que inventou esse Estado/Inventou de inventar/Toda escuridão”. E, finalmente “…Você que inventou a tristeza / Agora tenha a fineza / de desinventar”.

O desabafo gira ao ritmo das horas que passam. A vida, lá fora e cá dentro, vai correndo, mesmo com a cabeça entre as orelhas. Apesar de Você!


10 julho 2013


O IMPROVÁVEL PROTAGONISMO DO PENSIONISTA SITUACIONISTA

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Multiplicam-se as opiniões dos comentadores da treta, preparando o mais que provável anúncio do aval a este novo governo. Será assim, a mais que provável colagem do pensionista aos novos/velhos situacionistas que nenhuma solução apresentam ao País, a não ser a famigerada austeridade a todo custo e o empobrecimento completo, que já se sabe não vai resolver nenhum dos problemas, nem sequer pagar divida alguma. Um ditame internacional, orquestrado sempre pelos mesmos protagonistas, sem a mais pequena dissimulação. Anuncia-se que o governo alemão aprova o novo governo em Portugal. Como é isto possível, perguntarão os mais ingénuos, chegou-se a um ponto em que o bom senso é uma palavra vã e a intromissão cheira a invasão pura e simples.
Mais umas horas e o pensionista de Belém vai ter a sua dose de protagonismo. Seja qual for o lado para se vire, estará a mercê de todos os alvos. Não é que me impressione, a figura em si sempre me causou uma certa repulsa. Penso até que a grande maioria dos “cidadões” já há muito lhe passou a certidão de óbito, ainda que virtual. Se pende para o lado das eleições antecipadas, vai ter contra ele a maioria dos comentadores da treta, pagos indirectamente pelas rádios e TV e directamente pelos patrões e pelos bancos, mais estes todos,  e mais uma franja PSD e outra CDS. Se, como parece provável, optar pela continuidade desta gentalha que só nos desgoverna, ficará para todo o sempre preso a esta lamentável palhaçada que nos conduz ao mais negro abismo; será mais um ministro sem pasta, agora na missão de voluntariado, do putativo governo, chefiado na prática por Portas.
Apenas mais umas horas. Os parceiros sociais são os últimos a serem ouvidos. Será que o pensionista ainda se lembra como era a concertação social, quando estava no activo? Muito provavelmente, porque nunca se engana (enganava?) e raramente tinha dúvidas, estaria sempre tentado a dizer “deixem-nos trabalhar…”, um lamento suave de quem nunca tinha argumentos para coisa nenhuma.
Um País que sofre e luta está (de)pendente de um pensionista situacionista. Mesmo que a asserção seja pacífica, mesmo dando de barato que muitos o não são, é sempre uma tristeza profunda. Por havermos chegado a este ponto, por lhes ter sido possibilitado chegar onde chegaram, na mais incrível situação após o 25 de Abril. Triste, pobre e exaurido, o dito “povo português” paga agora o preço de ter votado em palhaços, bandalhos e corruptos. Se não fosse trágico, era caso para dizer “bem feito”. O pior é isto, ou vai mesmo continuar?

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