14 novembro 2013


Animais de estimação
http://www.youtube.com/watch?v=LhUxL6lw_-g


Havia de ser a sabedoria, nas palavras mordazes de António Lobo Antunes, a lembrar que, em vez de governo “Existe um bando de meninos, a quem os pais vestiram casaco como para um baptizado ou um casamento. Claro que as crianças lhes acrescentaram um pin na lapela, porque é giro[1](1) . E existe ainda, um tio mais velho e um pai reformado e pensionista, que já não dizem coisa com coisa e já não se lembram bem do que fizeram ontem. Um panorama assustador, com personagens pífios, telecomandados do interior e do exterior pela alta finança, administradores da banca, gestores de grandes empresas e mais uns tantos representantes de obscuros interesses.

Ignorando por completo as pessoas e a realidade do tecido social, esse grupelho oriundo das juventudes partidárias, move-se num pequeno círculo de meia dúzia de metros quadrados, distribuídos por alguns gabinetes de Lisboa. Foram e continuam a ser amestrados por assessores de imagem e conteúdos (…)  para produzirem um discurso elíptico, monolítico e permanentemente típico de uma confrangedora mediocridade, todavia eivado de uma descarada arrogância intelectual. A vida fora dos gabinetes é-lhes de tal forma estranha que, quando confrontados com uma situação real, se refugiam nas metáforas que lhes foram incutidas à pressa. Embora não se tolerem mutuamente, como já se viu, como se vê todos os dias, tentam mostrar-se sempre muito unidos e solidários, se esta última palavra não lhes causasse arrepios em todo semelhantes à prata no vampiro.

Preparam o empobrecimento, para salvar a Pátria, porque esta não representa para eles o mesmo que para o cidadão comum. Não sabem o que é a vida, porque invariavelmente nunca trabalharam em coisa nenhuma. A não ser em esquemas de favor, de corrupção, que sabem nunca se descobrirão formalmente, dado que também a Justiça está dominada e perigosamente controlada. Vestem a pele de um cordeiro, que não tira os pecados do mundo como o outro, acrescenta pecados ainda piores, do ponto de vista social e comunitário.

Passeiam-se nas ruas e praças quando há festa, mas sempre com uma trupe de comandos que os protege da fúria popular. Inauguram umas coisas, porque é da praxe, sendo interrompidos pela cidadania que anda cá fora, que maçada. Ás “grandoladas” reagem com sensaboria, em parte porque nem sabem muito bem o que isso é, ouviram dizer, outra maçada enfim.

Acordamos e somos cada dia sobressaltados por mais uma notícia, mais um comunicado, mais uma resolução, no fundo mais um roubo, porque só assim o problema da divida se vai resolver. O pior é que nem assim se resolve, como se está a ver. E o nosso moral vai indo pelo cano abaixo, mas nada de importante, eles aguentam, dizia o outro inteligente (2) …

Mas, para nosso consolo existe o voto popular, as eleições. O poder do Povo, uma arma. Dessa forma, podemos descansar, certos que tudo mudará de um dia para o outro, com outros intérpretes, outras políticas, o povo é soberano, tudo bem. Descansemos assim as consciências, faltam só… Mas, no dia seguinte a este pensamento inocente, aparece uma sondagem que nos dá conta de que o partido a tem agora trinta e tal por cento, enquanto que o partido das meninas e dos meninos de pin na lapela tem somente vinte e tal. Ora, o tal partido foi o que antecedeu a este e disse mais ou menos a mesma coisa, mas de uma forma mais suave. Porque de facto, é preciso que mude alguma coisa para tudo ficar na mesma…

Então como vai ser, voltamos ao mesmo ou invertemos a situação? Mas eles (os donos das sondagens) já disseram afinal como é, muito antes da coisa ser, que podemos fazer? Bem, pelos vistos nada, mais vale não votar, ou votar em branco, porque está tudo organizado para assim ser. É também é por causa disso que o partido a, anterior e aleatoriamente citado não faz muitas ondas, austeridade, esta não pois claro, somente uma mais inteligente, mais um ano que se pede a sei lá o quê, etecetera e tal… 

Os animais de estimação são de uma forma geral conhecidos como fiéis ao seu dono. A excepção do gato é assinalável, mas é apenas isso, uma excepção que confirma a regra. Este grupelho e outros que lhe são aparentados são no fundo fiéis aos seus donos, aqui e por essa Europa fora. Qualquer teoria da conspiração antes formulada não consegue sequer chegar a esta. A redundância é tão grande que agora já não há fingimento. A conspiração existe mesmo. A pretensa incompetência deste grupelho e do tio e do pai são apenas a desculpa possível do “…pai perdoa-lhes porque não sabem o que fazem...” A questão é que eles sabem mesmo o que estão a fazer e pelos vistos estão a obter resultados. Não os que eles dizem que estão a ter, mas aqueles que eles esperam de facto ter. E não é por acaso que as reuniões, encontros e outras que tal a que chamam “avaliações” são uma tremenda fantochada.

Nas rádios e nas TV pululam os comentadores da treta. Mas é uma treta muito bem orquestrada. E que, ao dizer-se que a alternativa não existe, não se está a dizer que não existe alternativa. Está-se simplesmente a dizer que não pode existir alternativa. Isso é que seria eventualmente perigoso, para eles. Por isso se defendem, se escudam dentro de uma legitimidade formal que não tem qualquer sentido, se perpetuam num poder que usurparam ao Povo, utilizando os mecanismos legais que eles próprios determinam. Por isso, mesmo que a realidade os desminta por completo, terão sempre o mesmo discurso. Por isso mesmo, temos que encontrar formas de dar a volta, limitando para já ao mínimo o número de animais de estimação (por legislatura?) e promovendo o abate sistemático da maioria deles, como medida de saúde pública.    

Animais de estimação de vida sã?
 

 
 


(1) Referência ao artigo de ALA na Visão 1078, de 31 de Outubro 2013
(2) Referência as declarações de Fernando Ulrich no contexto da sua expressão "aguenta, aguenta...", em Janeiro deste ano


10 novembro 2013


 1 ANO DE FOME PARA O AUTOR!
http://www.youtube.com/watch?v=3ucdeQcrecI

O homem, do alto púlpito da sua arrogância, o matemático feito ministro, proclama um ano de fome para os portugueses. Quando um dos membros desta seita sinistra fala, exclui-se da urbe, convencido que está de um pretenso espírito de missão para salvar a Pátria. Equações à parte, o homem já provou toda a sua incompetência, no campo dos números reais[1]. Passou-se (!) para o campo dos números imaginários[2], numa aritmética que de racional tem muito pouco. Isto enquanto se vão conhecendo outros números reais, que atestam 154 milhões de euros entregues aos privados, para fazer concorrência à Escola Pública, personificados em “contratos de associação”, uma coisa assim como, eu exploro e tu (Estado) pagas. Muita gente pois a receber o que não deve, circunstância aparentemente pacífica, normal para os primos e primas dos centrões da nossa politica partidária, provando afinal que Euclides tinha razão ao demonstrar, por redução ao absurdo, que o conjunto dos números primos é infinito…[3]. Crato é afinal um absurdo ou o absurdo é mesmo o Crato? Pudera Euler[4] descer à terra para explicar a este senhor o único caminho possível, a ponte para o buraco onde se devia meter e dele só sair um ano depois de greve da fome “obrigatória”. Mas uma coisa podemos fazer, privatizar o Crato. Por 20 euros apenas, não vale decerto mais que o que propõe para a prova, exame, ou lá o que é(…) aos professores.
Em aritmética racional, é necessário distinguir cuidadosamente as proposições primitivas das proposições demonstráveis. Normalmente, através de uma teoria dedutiva. Na vida real (…) qualquer cidadão consegue demonstrar a inutilidade do Crato, pelo menos no que reporta ao serviço público. Presta um bom serviço aos tais privados, claro que sim, mas nós somos mais que eles e, a dedução possível é que o devemos simplesmente eliminar, porque não presta serviço algum a causa pública. Simplesmente, não presta!



[1] Em Matemática: números que têm uma correspondência biunívoca com os pontos de uma recta; são usados para representar uma quantidade contínua (conjunto R). Em linguagem corrente: números que retratam a realidade…
[2] Em Matemática: números complexos com parte real igual a zero, ou seja, um número da forma z=a+ib, em que i é a unidade imaginária (conjunto Z); resultam da necessidade de calcular distâncias no plano cartesiano. Em linguagem corrente: números que povoam o subconsciente (e inconsciente) daqueles que estão fora da realidade e que infelizmente povoam o universo do poder…
[3] Euclides de Alexandria, matemático grego, conhecido como o "Pai da Geometria". O Teorema de Euclides : Existe uma quantidade infinita de números primos
[4] Leonard Euler (1707-1783), físico, astrónomo e matemático suíço. Autor da Teoria do Grafos, de cuja aplicação mais conhecida é a resolução do “problema das 7 pontes de Königsberg”: http://users.prof2000.pt/agnelo/grafos/pontesh.htm             

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