26 novembro 2008


Luxury please….



“Quando a verdade for demasiado débil para se defender,
terá de passar ao ataque”
Bertolt Brecht

Simplesmente inenarrável, em tempos que se dizem de crise, a inauguração na passada semana da "Luxury, Please", uma feira de alto luxo, em Viena de Áustria. Feira porventura de vaidades inconfessáveis, ou simples depositório de um fausto que parece cavalgar na imbecibilidade típica de um certo estrato cada vez mais afirmativo, na improvável complacência de uma sociedade injusta. Deixem entrar o luxo, please também temos direito, poderia ser o lema deste evento. Desnecessário enumerar objectos e bens de consumo imediato para ricos. Seria porventura profiláctico organizar uma “visita de estudo” a esta feira, para avaliar, por exemplo, um armário em estilo rústico de 100 mil euros, ou um bonsai de 30 mil euros, que faria decerto as delícias de uma qualquer família sub-nutrida de África.

No reino da mais completa obscenidade, onde os crimes de colarinho branco se multiplicam ao que parece com a complacência dos Estados, que rapidamente se apressam a socorrer, a palavra de ordem “Luxo please”, agride os milhões de pessoas de bem que diariamente são castigados e remetidos a situações de pobreza crescente.

A ordem do mundo parece não estremecer perante a pompa e ostentação, luxúria pois. Procurando mais a fundo encontramos imundície, porcaria e sujidade nos tais sinais exteriores de uma riqueza, onde os chamados super-ricos desafiam a sorte ingrata de uma intolerável intolerância.

Na mesma Viena do "Luxury, Please", onde há cerca de um mês a France Press anunciava a abertura de supermercados para pobres….

24 de Novembro de 2008
Alf

10 novembro 2008


Mãe Africa

Dela diria Nelson Mandela “…a mãe de nossa luta e da nossa jovem nação”. A “Mãe Africa”, para os sul-africanos, para todo o Mundo, que encantou gerações, desde o final dos anos 50. A cantar e a encantar, a diva falava paz e solidariedade, falava amor contra as injustiças. Haverá titulo mais belo, dessa Africa tão distante e tão perto da nossa imaginação, “Mãe Africa”? Dela haveremos sempre que recordar o sorriso solidário, a força na luta contra o apartheid, mais de 30 anos de exílio. Agora viaja (esse o seu desejo ultimo) em cinzas no Oceano Índico, "assim eu vou poder viajar de novo para todos esses países",

Bem hajas Mirian, no Índico e toda a parte, haverá sempre muitas e muitos a continuar a tua luta!

03 novembro 2008


O Governo nacionaliza um banco comercial, em reunião de emergência efectuada no passado fim-de-semana. Surpresa? Talvez, se admitirmos que esta medida não terá tanto a ver com a putativa crise dos mercados financeiros, mas sim com uma data de ilegalidades, atropelos e demais aldrabices praticadas pelos responsáveis do BPN, onde se encontram nomes conhecidos da praça pública como Miguel Cadilhe, Dias Loureiro, Neves Santos, Irmãos Cavaco; o chefe da banda, Oliveira e Costa foi, no final da década de 80, secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, com um poder quase discricionário na máquina do Fisco, tendo sido conhecido pelos célebres perdões fiscais; foi aliás durante esse período que conheceu alguns dos futuros accionistas do banco…

A justificação da Governo para nacionalizar esta empresa é completamente falsa. Mais uma vez, uma falácia. Senão reparemos: na semana passada a CGD faz um empréstimo de 200 milhões de euro neste Banco; para quê? Apenas mais um balão de oxigénio a uma empresa que teve uma actuação danosa nos últimos anos e acaba sob a protecção do Estado. E que faz (que fez) o Banco de Portugal? O mesmo que no caso do BCP, ou seja, absolutamente nada; aliás vem agora o inefável Vítor Constâncio (o tal que ganha mais que o Presidente da Reserva Federal americana) dizer que o controle não é fácil, que há limitações, etc…, etc…
Uma actividade perniciosa para a economia nacional, vários processos judiciais por suspeita de fraudes e outras irregularidades que se calhar nem imaginamos, perdas totais que ascendem a 700 milhões de euros, é o panorama de uma instituição, cujos responsáveis deveriam ser julgados e culpabilizados pelo roubo (não tem outro nome…). Como no caso do BCP, o mais provável é ficar tudo na mesma, em boa verdade em vez de serem responsabilizados, os verdadeiros responsáveis já devem ter acautelado os seus bens e quem sabe se daqui a uns meses não estarão a gerir uma qualquer empresa pública. Vale a pena ilustrar aqui 3 singelos exemplos de aquisições feitas pelo banco, entre 2005 e 2006: quarenta milhões de moedas do Euro 2004, alguns quadros de Miró e jóias egípcias; se somarmos a estas, a aquisição do Banco Insular de Cabo Verde, no valor de 360 milhões de euros e misturarmos tudo isto com a utilização frequente de contas em bancos "off-shore" para evitar o pagamento de impostos, temos o cenário ideal para incriminar estes (i)responsáveis; vamos ver, não é verdade?

03 de Novembro de 2008
Alf

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