25 abril 2011

SEMPRE!








Ali está o rio
Dois homens na margem estão
Se um dá um passo o outro hesita
Será um valente? O outro não?
Bom negócio faz um deles
Tem o triunfo na mão
Do outro lado do rio
Só um come o fruto, o outra não
Ao outro passo o perigo
Novos castigos virão
Se ambos venceram o rio
Só um tubo ganha o outro não
Na margem já conquistada

Só um venceu a valer
Perdeu o outro a saúde
Mas nada ganhou p´ra viver
Quem diz "nós" saiba ver bem
Se diz a verdade ou não
Ambos vencemos o rio
A mim quem me vence é o patrão


Ali Está O Rio”, Zeca Afonso


Sempre, a palavra que acompanha o 25 de Abril. Sempre. Nunca nos cansamos de descer a Avenida, com palavras-chave, uma ordem de liberdade não concedida, porém conquistada. Ano após ano renovamos a esperança com cantos de luta, a cantiga sempre foi uma arma, contra o esquecimento a indiferença. Tanto mar, aqui e além, tão longe e tão perto que nos assusta a velocidade do tempo, um contra-relógio, turbilhão de ideias e sentimentos encontrados. Sempre, vá lá saber-se porquê, desencontrados, desenquadrados do pensamento oficial, de uns quantos que parecem ser proprietários disto tudo, distorcendo o que construímos dia a dia, desde que selamos o pacto contra a ditadura fascista, naquela manhã. Sempre do lado esquerdo de um rio com “… barcos pintados de muitas pinturas”, desafiando o tempo que é sempre o nosso, igual e todos os dias diferente. Desde que subimos o rio, deparamos com os escolhos de um tempo austero, um esforço titânico de sobrevivência difícil, escolhas de percurso quiçá mal definidas, ao sabor de uma maré que nos disseram ser a corrente que convinha. Sempre duvidamos, sempre questionamos. Agora que muito tempo passou, não temos já a mesma força, nem temos connosco quem mais gostaríamos, poderíamos questionar se ainda vale a pena descer a Avenida. Então, vem à memória a mesma palavra batida: SEMPRE. Porque, a rua é nossa e a liberdade que nela mora, não é de forma alguma negociável. E se pensamos o que nos resta, lembramos a indignação e levantamos bem alto a bandeira vermelha da insubmissão e da revolta. Porque, neste rio, “… isto que é de uns / também é de outros / não é mais nem menos…”. Das memórias que guardamos, fica uma que teimosamente nos acompanha, hora a hora, dia a dia, por este rio acima. Sempre!
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Referências:
• “Ali Está O Rio”, in: “Enquanto Há Força”, Zeca Afonso, Lisboa, 1978
• “Por este Rio acima”, Fausto Bordalo Dias, Lisboa, 1982



18 abril 2011

NOBRE?



“… Chegam depois boas maneiras

Com anéis e pulseiras,

de sapatos de salto

São as bichas matreiras,

que só dizem asneiras

São rapazes pescados no alto E o que resta

É pó de talco…”


Café”, José Carlos Ary dos Santos, 1973



Da nobreza da atitude, pouco sobra para o que quer ser tribuno, mas o maior de entre eles. De tal forma, que não deixa espaço de manobra aos demais: se não o elegerem como chefe máximo, os abandona, porque o seu anseio não é sentar-se com eles. Enfim, um nobre. Não de atitude, mas sim daquela nobreza bafienta, de uma monarquia obsoleta, porque quem sempre demonstrou simpatia. Mistura tudo e todos, numa amálgama esquizóide, com uma linguagem que não difere muito de um Berlusconi, ou dos “modernos” populistas trauliteiros no norte da Europa. Salvaguardadas s as devidas diferenças, que muitas serão, na forma de ver um mundo em mudança, mais valera que continuasse a fazer o que bem fazia, em vez de se tornar naquilo que se vê: um palhaço (sem ofensa para os que o são, na arte) que come da mão de quem lhe acena, mais um aninhado à vergonha da mesquinha e oportunista política, mais um cinzento (pintado agora de laranja…) a acrescentar à longa lista de incompetentes.

Só para lançar a confusão? Manobra publicitária negativa? Contra-informação? Ou o homem está mesmo convencido daquilo, a mais abstrusa retórica, levado ao extremo do risível. O Poeta tem razão: afinal, o que resta, é mesmo…. pó de talco!

08 abril 2011


A ignóbil ameaça

Parte 5: os Abutres Onde se fala de quem se alimenta dos despojos, aqui e ali, sempre dos mesmos…





Abutres da pior espécie. Estes horrendos personagens que se dedicam á pilhagem organizada, através de uma actividade negocial perfeitamente legalizada, com esta divisa: enriquecer o mais rapidamente possível, sem olhar a meios e pagando ao Estado o mínimo possível, com a complacência completa dos responsáveis máximos deste e de outros governos cúmplices. Estado que sempre lhes vai prestando vassalagem, com argumentos que roçam o ridículo, não fora a gravidade da situação. Há uns meses atrás, o governo “socialista” dizia que era necessário ter (leia-se, o País) uma banca forte, para aguentar tempos de crise. Os sinais vindos a público em Fevereiro, confirmavam: “Quatro bancos lucraram 3,9 milhões de euros por dia” e ainda “BCP, BPI, BES e Totta tiveram um resultado líquido positivo de 1,43 mil milhões de euros em 2010” e mais ainda, que tal se deveu fundamentalmente ao que pagaram de imposto “…, no total o imposto pago somou 134,8 milhões de euros, que representa uma descida de 56% face a 2009(1) . Para finalizar este leque de dados, ficava a saber-se que “o BCP sobe os lucros e aumenta capital em 120 milhões de euros, aumentando os resultados em 34%(2) . A avaliar pelos dados, a banca está portanto forte, como Sócrates pretendia, engordando sucessivamente, tal como sanguessuga muito pior que a outra, porque se alimenta da miséria. Repito, está duplamente forte: porque, os fabulosos lucros que detém, não são taxados como deveriam ser e ainda, porque montam engenhosos processos financeiros para colocar esses lucros, em off-shores e paraísos fiscais. A notícia vinda a público de que a banca portuguesa não estaria na disposição de financiar o Estado, uma vez que “deixou de haver condições…” é de um requinte malévolo, acintoso e repugnante. O terrível Bando dos 4 , já deve neste momento ter definida a estratégia de assalto final às finanças públicas esperando a melhor oportunidade para atacar de novo, no momento propício, na nova cena(seja ela qual for) que se desenha. Dos 3 leaders dos bancos privados não era de esperar outra coisa, afinal: eles controlam, como marionetes todas/os, as/os políticas/as profissionais do centrão ( PS+PSD) ; controlam e dão ordens directas e cirúrgicas, definem as regras, encenam com a devida antecedência todos os cenários, estão presentes sem o mínimo pudor, em todos os palcos de decisão, deste País no qual põem e dispõem, cada vez com mais …. Do leader da C.G.D. , o banco do Estado, a única resposta possível seria o imediato afastamento compulsivo do cargo que ocupa, sem direito a indemnização alguma; este aspecto é muito importante, uma vez que tal verba deve ultrapassar largamente o que o governo “socialista” queria retirar às pensões mais modestas, no “falecido” PEC IV. Atrevo-me a propor uma nova versão daquele, porventura com outra terminologia mais adequada ao momento. De facto PEC, querendo traduzir a ideia de Plano de Estabilidade e Crescimento, redundou exactamente no oposto. Ironia suprema: não é Plano, apenas uma manta de retalhos que parece(ia) não ter fim, trouxe mais instabilidade e recessão, em vez de crescimento. Aposto pois num PNB que, embora já tenha patente consignada, na gíria económico-financeira, passa a ser sumariamente: Plano de Nacionalização da Banca. E, para que seja possível, viável, aplicável e devidamente ajustável e enquadrável numa putativa resposta à ”crise deles” proponho ainda o PSE, simplesmente: Plano de Saída do Euro, uma meda que a todos (?) inebriou no longínquo 2002 e que, para mais não serviu que aprofundar a pobreza dos pobres e enriquecer diariamente a riqueza dos ricos, redundância já perdoada pelos leitores mais simpáticos. Otelo, volta, estás perdoado! Não queres meter estes (e mais outros que depois te direi…) no Campo Pequeno? Não, não é no Centro Comercial, é mesmo na Praça de Touros, que poderá ser renomeada para PS-PSD-CDS: PRAÇA SOCIAL para PESSOAS SEM DESCARAMENTO: CATIVEIRO DEVIDAMENTE SELECIONADO -------

(1) JN, de 9 Fevereiro 2011, página 4

(2) Diário Económico, de 3 Fevereiro 2011, página 34

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