24 maio 2011

A suprema hipocrisia….


A noticia do EXPRESSO “Lavagem de dinheiro em Portugal é preocupante, dizem EUA” é soberba! Então, o Departamento de Estado norte-americano considera Portugal como um país preocupante ao nível do crime de "lavagem de dinheiro". O primeiro dos países a instituir a lavagem de dinheiro, a permitir o tráfico desenfreado de armas e de drogas, a ser o responsável numero 1 por todas as atrocidades económicas e até de direitos humanos, vem agora “… aconselhar que os países mais vulneráveis a este crime devem criar sistemas de combate à lavagem de capitais, de acordo com as leis internacionais.”



Fantástico! Acontece que eles estão, ao que aprece no nível máximo de preocupação, no que a tal reporta. A notícia diz ainda “o crime da lavagem de dinheiro está ligado ao tráfico de droga e ao terrorismo, sendo a inflexibilidade do sigilo bancário, a existência de offshores e a falta de legislação eficaz os principais responsáveis pelo crime nestes países.” Que grande novidade! Anda a esquerda portuguesa a denunciar isto há anos e todo mundo assobia para o ar. Quando João Cravinho apresentou uma proposta de lei no Parlamento, foi logo desterrado…

Estão a gozar com quem???

23 maio 2011

Sonhos e Votos


"Perante um obstáculo, a linha mais curta entre dois pontos pode ser a curva."

Bertolt Brecht, in “Vida de Galileu












Ei-los que surgem na rua, manifestando o protesto, mas também a angústia que porventura será hoje um lugar-comum, uma espécie de dor colectiva, perante tanta desfaçatez, tanta mentira. E tanto desencanto. Uma simples frase, que simboliza um sentimento, “os nossos sonhos não cabem nas vossas urnas”, quem sabe uma bandeira para o futuro, tão fácil que é hoje aderir a este pensamento de revolta, que é disso que fala quem, de dia para dia, desde há que tempos, sofre na pele a fúria da ganância e do desrespeito. A maioria que trabalha e que vai pagando a tal crise para que não contribuiu. Sendo o sonho uma constante da vida, que nos deixem ao menos fazê-la tão concreta e definida como outra coisa qualquer, o Poeta assim o disse e não nos cansaremos decerto de o repetir vezes sem conta, acampando com elas e com eles, num qualquer Rossio, atirando á cara dos donos deste Portugal, ou doutros espaços por aí fora, a realidade das injustiças e da desigualdades.

Nada melhor para um início de campanha para que nos atiraram… Uma que ora começa, devidamente “preparada” pelas agências de sondagem, para nos convencer que a direita é que é preciso, que tem as soluções que melhor se enquadram na austeridade que nos querem impor, mais de nada, menos de quase tudo. Na rua, poderá haver uma outra campanha, que não a deles, na rua estará porventura a resposta, para a maioria que silenciosa não o é, felizmente. Para que o dia do voto, não seja mais uma vez, a consumação do mesmo que temos tido, há mais de 30 anos, de sonho de qualquer coisa melhor que isto. Enquanto os fanáticos da inevitabilidade se passeiam em praças e avenidas que não lhes pertencem, tentando legitimar a sua estratégia de assalto ao poder, a proposta de lhes cortar a palavra de circunstância, parece ser mais interessante. Outros passos e outras portas poderão despontar com a voz daquelas e daqueles que ora se mostram, dizendo que o sonho comanda a vida.

Assim se pode também fazer a Luta!


02 maio 2011

Morto, disse ele….








"Lamento, mas não fui eu que inventei o mundo nem a morte..."




do Livro dos Conselhos


O maior e melhor golpe publicitário da administração Obama! A liquidação do mal personificada, num golpe de teatro bem arquitectado, pelos vistos há largos meses atrás. Morte é espectáculo e, por isso mesmo, a notícia da morte de Bin Laden, familiar (ao que sei) de George W. Bush, treinado e armado pelos EUA, na luta contra o perigo soviético, é a melhor forma de promoção possível, para a quebra de popularidade do presidente americano. O rosto de todo o mal que existe na terra, figura exemplar da moral americana e seguida por grande parte do mundo ocidental, Israel e, naturalmente todos os aliados empresariais das indústrias da guerra, na posse dos EUA. Imagina-se (a acreditar nas notícias) o telefonema de Obama a Bush, a comunicar, Finalmente matamos o homem, com pretendias, lembras-te, “vivo ou morto!”.
Sem estar em causa a morte de um fanático, convém não esquecer os outros, como ele, produtos de uma sociedade transviada de valores democráticos e de solidariedade. Quem se lembra do outro 11 de Setembro, Santiago do Chile 1973, do assalto a La Moneda, do assassínio de Salvador Allende, perpetrado pela CIA, ou seja, pelos EUA?

O mundo não fica assim mais seguro após esta morte, aliás nenhuma morte faz mais seguro o que quer que seja. Para seguir a lógica da administração americana, que se havia de fazer a criminosos como Bush, Donald Rumsfeld ou Dick Cheney? E a todas aquelas e aqueles que defenderam a teoria do "eixo do mal"?
O que assistimos é de facto, os americanos espalharem durante décadas, a miséria e a guerra pelo mundo inteiro, a troco de aparentemente nada á vista, que não sejam, a fúria armamentista, a fome do lucro e da exploração, mescla do sonho americano, agora como sempre….

01 maio 2011



Eu vi este povo a lutar
Para a sua exploração acabar
Sete rios de multidão
Que levavam História na mão

Sobre as águas calmas
Um vulcão de fogo
Toda a terra treme
Nas vozes deste povo
….
Só a nosso mando
É que há liberdade
Vamos lá lutando
P’ra mudar a sociedade
…”

Eu Vi Este Povo A Lutar (Confederação)”, José Mário Branco









Eu também vi. Não sei bem quando, onde, mas sim porquê. Nunca há resposta, porque é sempre cedo para duvidar e tarde para desistir. Mas é Maio, a seguir aos 37 anos de Abril, todos os dias há notícias sobre a privação da liberdade de um País vergado ao jugo da finança internacional, intoleravelmente submetido à vontade dos mercados, ditos inquietos e ansiosos e dessas e desses que são donos da riqueza e do País que nós libertamos. Mas… a terra treme mesmo, nas vozes deste povo. Não é chegada a hora de decretar a insubmissão? Porque a indignação já não basta, para o que nos vai na alma, o espaço é curto demais: entre a resistência antiga e a luta que desponta. Maio, assim maduro, quando o Poeta chamou as flores. Depois vieram os traidores e é o que se vê: aperto, austeridade, conciliação de interesses, e outras pinturas de uma estória recente, mal contada, mal-parida e mal-cheirosa. Somos sete rios de uma multidão, que vai acordando, ao som da proclamação da revolta.



Já chega de resignação!






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