24 janeiro 2022

 A FALA DE ROSA MOTA, CAMPEÃ OLÍMPICA

 ROSA diz sobre RIO o que muita gente do seu próprio partido gostaria agora de dizer:

·       diz ROSA que não percebe "como é que as pessoas não conseguem ver o que se tentou destruir" na cidade do Porto, quando RIO foi presidente da Câmara.

·       diz ainda, "Aquela parte, ele é que manda, que é o 'nazizinho', e o resto põe de lado. Todas as pessoas que fossem figuras públicas da cidade - somos pessoas queridas, modéstia à parte - para ele, era um terror".

Esta é a fala de quem sabe o que diz, porque testemunhou, como todos nós, nesta Cidade, o horror que este homem tinha à Cultura e à Cidadania.

E diz bem, RIO é um homem autoritário, são os seus próprios companheiros de partido que o afirmam. 

Claro que nesta altura do campeonato estão calados. E porquê? Apenas e só porque lhes cheira a poder. 

Se calhar, depois do 30 de Janeiro e caso ele perca (o que esperamos) vão voltar à carga...


23 janeiro 2022

 A MOBILIDADE DO VOTO 

 

Ao mesmo tempo que o ritmo imparável das sondagens vai anunciando, ora a subida, ora a descida de PS ou PSD, a avalanche de debates e sobretudo de comentários aos debates, confirma o que já se temia. É a intervenção da artificialidade táctica na campanha e a sua manifesta desadequação para analisar e discutir política a sério, ou seja, como desenvolver o País de uma forma equilibrada, de forma a satisfazer as necessidades dos cidadãos, particularmente de quem trabalha e vê, dia a dia, degradarem-se as suas condições de vida. Seria desejável, quando não exigível, que fossem abordadas as políticas públicas que é necessário serem postas em prática, para impedir e inverter a estagnação do País. Nomeadamente, na saúde, na habitação, na educação e no ensino superior. E no trabalho também, com a erradicação completa e inequívoca das leis do tempo da troika. Na verdade, para estancar a manifesta descrença de uma parte significativa da população nas soluções que lhe foram apresentadas, a única via possível é mesmo uma resposta firme e decisiva, nas referidas políticas públicas, de base local, regional e nacional.

Resta saber quem está devidamente preparado para o fazer.

 

À Direita

A Direita procura cavalgar a insatisfação dos cidadãos, propondo, entretanto, coisa nenhuma, ou as velhas receitas e o retorno àquelas que retiraram direitos e garantias, sobretudo às pessoas que mais necessitavam de apoio. Ou, em alternativa, apresentando e discorrendo sobre fantasias, como por exemplo, a IL, com a inacreditável tese da “liberdade de escolha”, no ensino, na saúde e em tudo o resto, ou seja, o “menos Estado e, por outro lado, mais Estado”. O PSD a única e verdadeira mudança que propõe é a suposta credibilidade de um líder, que deu já provas da falta dela quando “governou” a Câmara do Porto e que, por mais simpatia que procure transmitir, não consegue disfarçar a sua impreparação para o cargo a que se propõe e uma ausência de pensamento estratégico para liderar a Direita.  As franjas que ainda restam, nomeadamente o CDS, apresentam sinais evidentes de decadência e aproximação perigosa à extrema-direita racista e xenófoba, que irá ter uma representação parlamentar previsivelmente maior. 

 

No PS

Costa mostra hoje um evidente “cansaço”, recorrendo à nefasta tese cavaquista da “estabilidade”, numa manifestação clara de incapacidade de compreender e enquadrar o papel histórico do Partido Socialista, numa perspectiva progressista. A referida tese é hoje uma obsessão (mais uma), idêntica, por exemplo, à das “contas certas”. A hostilização de Costa para com a Esquerda é consequência da sua incapacidade em ir mais longe do que as reversões conseguidas no primeiro mandato. Costa que só conseguiu chegar ao poder porque a Esquerda lhe deu a mão, encontra hoje na Esquerda o principal “inimigo”, numa campanha em que demonstrou a sua verdadeira face: apesar de um discurso aparentemente “social” e “de esquerda”, Costa defende e pratica as políticas neoliberais da Direita, protege os interesses rentistas e favorece de forma aberta uma casta de burocratas, incapaz de pensar e completamente dependente da oligarquia financeira. O Costa actual prejudica a Esquerda e o seu partido, com uma atitude arrogante e desligada da realidade. Na prática, a política do PS, sob a chefia de Costa, esgotou o seu próprio campo e prepara uma aproximação ao PSD, na incapacidade de perceber, quer o que está em jogo para o desenvolvimento do País, quer inclusivamente a sobrevivência do seu próprio partido.

 

À Esquerda

Naturalmente “prejudicada” pelo seu aparente apoio ao PS, pelo menos em termos de aprovação de orçamentos de Estado, depois de ter permitido que aquele ascendesse ao Poder, a Esquerda, representada por BE, PEV e PCP, perde terreno, perde votantes e poderá inclusivamente perder mandatos importantes, em zonas estratégicas da sua influência. Mesmo acrescendo o LIVRE e a sua possível recuperação relativamente às últimas eleições. Pode perguntar-se hoje, afinal o que ganhou a Esquerda, sem sequer estar no Poder? A tentativa de “forçar” algumas políticas dos seus programas, terá significado uma mudança decisiva num País que continua invariavelmente refém das políticas neoliberais? Provavelmente a Esquerda portuguesa irá reflectir sobre o porquê de uma “adaptação” à situação e também da sua, pelo menos aparente, reduzida perda de influência e tentar encontrar uma estratégia diferente, no sentido de uma confluência de atitude e de propostas, para uma abordagem conjunta, que permita o necessário crescimento e a criação de condições subjectivas favoráveis ao exercício do Poder. Parece evidente que a propalada “maioria de esquerda”, socialmente aceite no nosso País, terá que ser abordada de outra forma. Que poderá ser a de uma intervenção, directa ou indirecta, junto dos cidadãos e em conjugação com a maior parte das organizações sociais que os representam ou em que aqueles se sintam representados. A Esquerda deverá possivelmente, para mudar o discurso dominante, mudar o seu próprio discurso, utilizando uma outra linguagem, que a aproxime, quer dos cidadãos descontentes, quer também da própria filosofia do Poder. 

 

Voto e intenção de voto, o que está em jogo nesta eleição? 

Formalmente, as eleições legislativas destinam-se a eleger os deputados da República, compondo uma Assembleia, com a diversidade dos partidos concorrentes e com a pluralidade do País, representado em termos geográficos, em círculos eleitorais. Todavia, existe ainda uma perversão, relativamente ao peso eleitoral necessário para eleger um deputado, em determinados círculos, facilitando sempre nestes casos, as formações partidárias com maior dimensão.

Um outro aspecto, menos formal e mais simbólico tem a ver com a percepção de voto, determinado em grande parte por um movimento constante de pressão sobre os cidadãos e que resulta da profusão cada vez maior, quer da instituição sondagem, quer ainda da multiplicidade de comentários e meios de influenciação protagonizados por uma comunicação social onde o espectáculo tem primazia absoluta sobre o conteúdo.

O voto fica desta forma refém, de certa forma, ao artificialismo da situação presente, onde a notícia de hoje já não lembra amanhã e é frequentemente substituída pelo comentário. Os debates organizados, sobretudo pelas TVs, foram o exemplo acabado da impossibilidade de analisar e discutir propostas e da promoção de temas resultantes das opções das redacções. Que objectivamente favoreceram as teses populistas e as reacções desencontradas dos que pretendem atrair eleitores de forma imediatista.

 

O meu voto hoje...

E sempre é à Esquerda. 

Votei hoje, em plena consciência da situação presente para dar mais força à Esquerda a que pertenço. E que essa força seja capaz de operar as transformações que se impõem.


17 janeiro 2022

 UM PEIXE CHAMADO INÊS 

Pois. O peixe mudou de nome. Nos anos 80, era “Wanda”, no filme do Charles Crichton.

A propósito de comida, diga-se de passagem, que aquela cena da semana passada, poderá ficar porventura como um dos momentos mais ridículos da pré-campanha. A saber, a “aproximação” de Costa ao partido dos animais, da natureza e das pessoas, não forçosamente por esta ordem. Pretendendo mostrar ao mundo (das pessoas), que não é de Esquerda nem de Direita, o partido da Inês enfia-se no buraco obscuro da incerteza sistemática, que desemboca obviamente num dos lados. E sabe-se qual. Costa vai em frente e de tal modo parece estar zangado com aqueles que lhe possibilitaram um dia ser Poder, esquece-se disso (e de outras coisas) e segue pescando em águas pouco claras, a ver se lhe sai um peixe qualquer, “não enquadrado”, mas proveitoso em termos de uma dieta possivelmente mal estudada. Pois sim, vamos lá, que até o tal peixe pode saber a um queijo ressequido, de que não se diz a marca, como se compreende. 

No pântano, como se sabe, não há peixe que resista, aí pesca-se mesmo à linha. Como também se sabe.

No tempo em que os animais falavam, decerto muitas vozes se levantariam, clamando piedade, perante uma coisa tão abstrusa. Embora não se saiba bem, mas se calhar, hoje, haveria apenas um animal a arriscar o voto, se a ele tivesse direito, possivelmente o excelentíssimo dinossauro[i]

É preciso “Agir já”[ii].

Uma vez dentro do pântano, qualquer ser pensante corre o risco de se afundar e com poucas probabilidades de “salvação”. Embora existam (ainda bem) animais peritos em salvamento, podem não estar interessados em tal.

É que se há coisas que nem eles (os animais) gostam, é de demagogia.

 


[i] “Dinossauro Excelentíssimo” (1970) é uma obra de José Cardoso Pires, onde é satirizado o ditador de Santa Comba.

[ii] Título do Manifesto de um partido político


03 janeiro 2022

 VIRAR A PÁGINA?


















Desde o dia de Ano Novo, em que Marcelo disse da necessidade de virar a página, só se fala nisso, embora de forma retórica e desprovida de qualquer sentido.

Querem então virar a página?

Posso ajudar, alinhando 10 singelas notas, para a tal viragem:

1.     parar de injectar dinheiro nos bancos e investi-lo onde faz falta;

2.     aumentar os salários em Portugal, de forma a fazer a tal “convergência” com a europa;

3.     aumentar as pensões, que estão (na sua maioria) iguais ao que eram há mais de 15 anos;

4.     promover o necessário investimento público, na Saúde, apostando no SNS, que continua a dar lições de eficiência e qualidade, apesar de haver profissionais mal pagos e mal-tratados nas suas carreiras;

5.     idem na Educação, pagando salários decentes aos professores e apostando nas suas carreiras;

6.     idem, no Ensino Superior, apostando na investigação e no aumento de licenciados;

7.     incrementar a economia, deixando de lado as tais “cativações”, investindo em vez de desinvestir;

8.     apostar decisivamente na habitação pública, para que todos os portugueses tenham a sua casa e não haja pessoas a morrer de frio, na rua;

9.     atacar de vez os privilégios e a corrupção e vive-versa, uma vez que se trata de uma e mesma coisa;

10.  passar a encarar de uma outra forma a dependência e a subserviência com as regras europeias que determinam a pobreza e a estagnação do País, não admitindo de forma alguma que sejam os burocratas irresponsáveis da comissão e do BCE a dizer ao Governo qual deve ser a política orçamental.

Não sei se seria esta a ideia do Marcelo.

Se for, tiro-lhe o chapéu 

(o problema é que eu não uso chapéu...)


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