28 junho 2009

A COR MORRE EM JUNHO?


“…They give us those nice bright colors
They give us the greens of summers
Makes you think all the worlds a sunny day, oh yeah
I got a nikon camera
I love to take a photograph
So mama dont take my kodachrome away

“Kodachrome”, Paul Simon, 1973








Morreram. As duas com diferentes idades. Uma, na flor da idade, 16 anos, de seu nome Neda Aghda-Soltan. A outra na chamada terceira idade, aos 74 anos, conhecida por Kodachrome. Mortes que chocam por razões diversas e que se ora se choram.

Neda foi assassinada pela milícia islâmica Bassidj, no Irão (26 Junho); em Farsi (1) o nome Neda significa “voz”. Uma, entre tantas outras que se manifestavam, pela liberdade de expressão, num país teocrático, muçulmano fundamentalista, que desenvolve sofisticados armamentos, mísseis e satélites, praticamente já em condições de fabricar a bomba nuclear, continua mergulhado na escuridão, ignorando a Declaração Universal dos Direitos Humanos, onde a mulher não conta quase para nada, discriminada pela lei e sociedade iraniana: o seu testemunho em juízo vale metade do que o testemunho de um homem, tem apenas direito à metade de uma herança que seus irmãos recebem, precisa da permissão de seu marido para trabalhar fora ou deixar o país, etc…

Kodachrome foi “morta” – desactivada pela Kodak (23 Junho), após mais de 70 anos de sucesso no mercado mundial, aquela que foi a primeira película de cor a chegar ao mercado. Aparentemente porque nos dias de hoje, 70 por cento das receitas da Kodak provêm da fotografia digital, cabendo à Kodachrome apenas 1 por cento das vendas totais da marca.

Quase parece a morte da cor, num mundo cinzento, ou a preto e branco, como parece ser a tendência fatal. Num caso, como no outro, está em causa a diversidade, ou a falta dela, a luta pelos direitos humanos, conjugada com as leis do mercado, para quem as pessoas não contam, ou só contam como números, estatísticas e “relatórios de progresso”. Nós, que somos pelo colorido, pelas cores vivas da diferença, da pluralidade, da vida “…je vois la vie en rose(2) , poderíamos eventualmente proclamar / reclamar: cor volta, estás perdoada!

Alf.

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(1)Língua Persa
(2)“La vie en rose”, Édith Piaf, 1946


22 junho 2009



O Comboio 621…



Passam-se as horas,o relógio na parede,

conta sem parar,os minutos e segundos,

que se passaram,e não mais irão voltar…”
“As horas”, Poema estúpido, Anónimo do século XXI



Às tantas ninguém deu por nada à excepção de umas quantas centenas de intrépidos passageiros que por volta das 5 e meia da tarde se meteram numa aventura sem pensarem que tal poderia acontecer o que é facto é que o 621 das linhas regulares vulgarmente chamadas de intercidades de Lisboa para o Porto vencendo todos os desafios da designada “alta velocidade” cruzou as linhas e gastou umas singelas 9 horas mais 1 quarto para chegar ao destino desafiando assim qualquer recorde de um autêntico “voo” intercontinental que se cuidem pois os grandes Airbus e congéneres dado que a nossa CP ciosa da sua qualidade ímpar nos brindou com a mais longa viagem de que há memória desde a ultima Vá lá saber-se a razão ele há sempre uma (ou 2, pelo menos) para tão grande caminhada que faz lembrar os gloriosos tempos do far-west de que eu muito sinceramente também não me lembro o estranho da coisa é que parece ter avariado a máquina que puxava nada mais nada menos que 14 carruagens cuja começou ao que parece por não se dar bem com os ares mais que sagrados de Fátima e daí para a frente foi um incontável número de paragens sucessivas das quais a informação só era dada aos passageiros (quando era) meia-hora depois mas foi bonito de ver a solidariedade entre os ditos formando pequenos grupos de conversa real embora o que esteja na moda seja a dita mas virtual Não interessa para nada claro o desespero evidente de uns quantos insatisfeitos que sempre vêm na CP um inimigo a abater embora difícil porque é muito “pesado” nem tão pouco uns e umas que se iam queixando de não chegar a horas (imagine-se!) para tomar um qualquer medicamente ou para aquele jantar de 6ª feira e uma mais que provável sessão de copos o certo é que pouparam dinheiro e agora vão ser todos reembolsados de acordo com a lei ele há pessoas terríveis que não alcançam os benefícios da calma como no Alentejo ou na África profunda pois 9 horas mais um quarto (de hora) com tantos pedidos de desculpa para chegar à Invicta assim chamada por albergar cidadãs e cidadãos que gramam o Pinto da Costa e outros que tais Bem é caso que pelos vistos não deu notícia muito embora tenha havido quem alvitrasse a entrada intempestiva da Manuela Moura Guedes no comboio para um directo de sucesso na sua TVI que nada eu nem vi nenhum jornal a noticiar a patética cena de uma companhia zelosa dos interesses dos seus clientes com a nossa CP que até poderia significar “caminhos perdidos” estão a ver perdeu o Norte e não conseguia chegar ao Porto até que tem alguma lógica tanta vai perdendo o dito todos os dias com tanta chatice que por aí anda tanta merda escondida com o rabo de fora (às vezes nem rabo se vê) então uma máquina não pode avariar pois sim que pode ainda há quem queira e sugira um qualquer transporte alternativo isso é que era bom gasta-se muito dinheiro tem é que se poupar para a Crise o tempo é sempre relativo só não vê quem está sempre de pé atrás e só sabe dizer mal dos outros Eu até gostei à excepção de a dada altura ter ido ao Bar para comer qualquer coisa e só havia pistáchios e pilhas que nem eram alcalinas nem nada mas enfim as coisas são como são e não é justo que à chegada à mítica estação de Campanhã alguns funcionários da querida CP fossem brindados com epítetos menos próprios que me escuso por decência a proferir mas que posso adiantar que iam do típico “filhos da puta” até ao autêntico “caralho de incompetentes”ora essa não está bem digo eu porque no fundo se tratava “apenas” de um “pequeno”atraso E que dizer daquelas e daqueles (muitos mesmo) que em Coimbra (ou em Pombal, já nem me lembro) abandonaram o “seu querido 621” para se meterem num outro que seguia na mesma direcção para viajarem de pé ou acantonados pelos corredores bolas para a segurança ainda por cima esse mesmo trem abalroou um (ou uma não sei bem) incauto que estava no meio da linha enfim mais um acidente lamentável a perda de uma vida mas menos 1 para as estatísticas do desemprego Meu querido 621 jamais te esquecerei para mim a CP continua a ser a CP mesmo que tal signifique por exemplo “cambada de parvos” ou “corja de parvalhões” ou até “cretinos de Portugal” muito embora esta ultima não seja nada de original Bem hajam será vosso o reino sagrado da incompetência ireis direitinhos para o caixote do lixo sem direito a reciclagem isto tudo a bem da nação (cruzes credo).

21 Junho 2009
Alf.


18 junho 2009




Uma "lógica" chamada politicamente correcto…










Now watch what you say
Or they'll be calling you a radical
A liberal, oh fanatical, criminal
Oh won't you sign up your name
We'd like to feel you're
Acceptable, respectable, oh presentable, a vegetable!”
“The Logical Song”, Rick Davis – SUPERTRAMP (1984)



Sócrates e Cavaco bem se podem juntar num dueto (sem cordas), embora a probabilidade de lhes dar mais corda, esteja agora provavelmente no grau zero. O Partido Socialista tinha tudo a seu favor, no início de uma legislatura, com maioria significativa, para tomar opções correctas. Claro que isto não é mais que uma frase feita, dado que a interpretação de “correcto” é mais que discutível. De rupturas falo eu e não de tímidas “reformas” que mais não significam deixar mais ou menos tudo na mesma, apesar dos delírios festivos do “simplex”, do “magalhães” (por exemplo) terem dado algum colorido, quiçá enganador. Talvez algumas consciências de boa-fé pudessem ter ficado ofuscadas com a posição do PS sobre a IVG; ou até porventura nalguns casos de sucesso evidente das “Novas Oportunidades”, um avanço democrático para cidadãs e cidadãos que viram finalmente as suas competências reconhecidas. “Nova Oportunidade” que Sócrates não mais terá. E que, em minha opinião, nem sequer merece. Da pompa e circunstância com que foi eleito há uns meses atrás secretário-geral com 97,2% (a comparação de má memória da reeleição do presidente da Coreia do Norte, não passa de uma simples coincidência, claro…), o homem que “calou” no partido as vozes discordantes, ficará para sempre com o ónus da arrogância (a que ele chama “determinação”), do autismo (que ele designa de “falta de propostas alternativas”), do atropelo aos direitos dos trabalhadores (que ele classifica “modernização e flexibilização”), enfim, da má consciência de “esquerda” que pretendeu sempre incutir nalguns incautos (?). E não é por acaso que se volta a falar no malfadado “bloco central”, a terrível mancha cinzenta social e politica, que por essa Europa fora vai infelizmente proliferando, “graças” ao mais que evidente fracasso dessa esquerda travestida, de que o “nosso” PS é um lídimo representante. E se não bastasse isso, ainda por cima toda a direita conservadora e alguma direita nazi-fascista ganham força.

Assustador pois é agora o panorama europeu. O “cherne” é pelos vistos o que está a dar e já se prepara para o segundo mandato. Com o aplauso de Cavaco. E aqui, mais uma vez, o Partido Socialista vai atrás de toda a direita, contribuindo para mais uma presidência de direita da Comissão Europeia. Convém lembrar a propósito que os governos europeus, para além de estarem a pôr em causa o modelo social europeu, estão 40 mil milhões de euros aquém de cumprirem as suas promessas relativas à Ajuda Pública ao Desenvolvimento (1) e permitem a proliferação descarada de todas as tropelias financeiras, alimentando bancos e banqueiros, à luz do liberalismo económico, a cujo modelo estão agarrados e de cujos privilégios afinal beneficiam.

Muito embora eu nada espere de Sócrates e seus acólitos, há decerto dentro deste Partido Socialista muitas pessoas de bem, que abertamente defendem soluções de esquerda, quer para o nosso País, quer para a Europa. Mas claro está eu nada ter a ver (antes pelo contrário…) com este PS.

17 Junho 2009
Alf.
(1) Dados de Maio 2009, constantes do relatório publicado pela CONCORD, a Confederação Europeia das ONG de Desenvolvimento

06 junho 2009


ONGD apelam aos Europeus que votem contra a Pobreza

Na véspera do Dia da Europa, as Organizações Europeias para o Desenvolvimento vão lançar uma campanha em toda a União Europeia com o objectivo de destacar o papel da UE no mundo e encorajar as pessoas a votar nas eleições europeias que vão ter lugar de 4 a 7 de Junho de 2009.

Assim sendo, a campanha "10Days4Development", que decorrerá de 9 a 18 de Maio, incentiva os eleitores a perguntarem aos seus candidatos ao parlamento europeu o que pretendem fazer para promover o desenvolvimento internacional e para combater as alterações climáticas, caso sejam eleitos.

Por toda a Europa, as ONG internacionais de desenvolvimento estão a organizar actividades, incluindo debates públicos, reuniões com políticos, campanhas de sensibilização, sondagens de opinião e assim por diante, destacando a responsabilidade global da União Europeia e o impacto das políticas da UE sobre o mundo em desenvolvimento. Os eleitores podem obter informações acerca das actividades em curso no seu país, visitando até 7 de Junho:
http://10days4dev.wordpress.com

Numa altura de crise financeira, climática e alimentar e de economias interligadas, a acção internacional para resolver os problemas internacionais é mais importante do que nunca. Neste contexto, o Parlamento Europeu e os eurodeputados têm um papel crucial a desempenhar na definição das políticas europeias que afectam os pobres do mundo.

"Os eleitores europeus terão de decidir qual a Europa que querem: uma Europa aberta, solidária com os mais pobres, independentemente da sua origem, ou por outro lado uma Europa que construi cercas e favorece um modelo económico que exclui milhões de pobres do mundo, como demonstrado pela crise financeira em curso ", diz Ester Asin, responsável pela campanha do CONCORD.
O CONCORD apela a uma Europa que:
· seja coerente a nível social, económico, comercial e ao nível das políticas de segurança que promovam o desenvolvimento sustentável e cidadania responsável, tanto para os cidadãos da Europa como para os do resto do mundo;
· respeite os seus compromissos no que respeita a mais e melhor ajuda ao desenvolvimento, que promova os direitos humanos e contribua para a redução da pobreza a nível mundial;
· seja transparente, aberta e responsável perante os seus cidadãos.


Os eleitores não podem perder esta oportunidade de decidir quem querem que os represente por 5 anos.

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Notas:
· Manifesto do CONCORD (Confederação Europeia das ONG de Ajuda e Desenvolvimento:
www.concordeurope.org ) por ocasião das eleições europeias: diferentes línguas disponíveis. Clique aqui para a versão Inglês.
· A Plataforma Portuguesa das ONGD apoia esta campanha; este artigo é retirado e adaptado do sitio Internet da PALTAFORMA Portuguesa das ONGD:
http://www.plataformaongd.pt/site3/index.php?option=com_content&task=view&id=781&Itemid=1


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