21 março 2018

RECADO

Caminhando e cantando e seguindo a canção 
Aprendendo e ensinando uma nova lição”
Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores”, Geraldo Vandré, 1968
















Dia em que chega a Primavera. Três dias num só, para lembrar a Poesia, a Árvore e a Floresta. Tanta matéria junta e mais a hora que vai de novo mudar. Tanta coisa no ar, que constrange e que simultaneamente descomprime, num vórtice contínuo de contradições, esperanças e desilusões. Se Primavera é renascer e “ser Poeta é ser mais alto..., nada melhor que subir uma árvore para “...ser maior que o Homem” e ver a Floresta de um outro ângulo, uma velha questão que raramente se equaciona, na época perigosa do pensamento único. 
(A Floresta respira sempre)
Vejamos as dimensões. Se crescer é aprender, fazer um poema é viver, interpretar o Homem e a Natureza, respeitando um binómio que para alguns é inócuo, porque parecem querer matar uma e outro, ao mesmo tempo que proclamam a prosperidade e o crescimento desmedido. Bem haja assim o Poeta, quando conclama as gentes para a festa da vida, “...havemos de ser mais, eu bem sei”, mas não deixando de avisar “...há quem queira deitar abaixo aquilo que eu levantei”. E bem haja também a Luta, que não tem fronteiras e que exige árvores e floresta para o bem comum e não apenas para o lucro desmedido, daqueles para quem Poeta rima só com roleta, para deixar os outros na sargeta...
(Vejam bem)
E acordem para a Primavera, que chama para a luz, que nunca se apaga, mesmo na “...noite mais triste em tempos de servidão”. E que “...entoa as marchas da Liberdade, marchas ainda mais potentes...”
Este pode ser o tema do dia de hoje. E, mesmo quando o Sol se esconder, não deixa de ser a chama imensa que dá vida. Até aos mortos, se preciso for, “...porque nenhuma de nós anda sozinho, até mortos vão ao nosso lado”.
Vale pois a pena o caminho, seguir em frente e acreditar “nas flores vencendo o canhão”, porque afinal “...somos todos iguais, braços dados ou não”.

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Autores Poetas convocados (por ordem de entrada em cena):
Florbela Espanca
Zeca Afonso
Manuel Alegre
Walt Wihitman
José Gomes Ferreira
Geraldo Vandré


19 março 2018

O RIDÍCULO ABSOLUTO, SIMPLESMENTE EXECRÁVEL!














O “caso” Feliciano Barreiras Duarte (FBD) é mais um daqueles que é parido pela comunicação social que temos, que tende cada vez mais para a mediocridade absoluta, bem ao género “correio da manhã” e com tiques de populismo perigoso.
É o ridículo absoluto. Depois de o insuspeito Marques Mendes ter afirmado, preto-no-branco, “O erro é de FBD. Falsificou o currículo. É uma saloiice, uma batotice”. E parecia que nada mais havia a dizer sobre esta matéria, tão clara aos olhos de qualquer pessoa minimamente inteligente. Uma trapalhada, uma fraude, um oportunismo, digno de uma figura menor. Mas contudo havia mais. A saber, estava em causa um eventual recebimento indevido de subsídio por parte do Parlamento, uma vez que o dito senhor terá dado, ao longo de 10 anos, a morada da casa dos pais no Bombarral para cálculo do subsídio de transporte e ajudas de custo na AR, quando tinha casa em Lisboa. Aqui, uma ilegalidade, que deveria ser imediatamente corrigida e com o devido reembolso ao Estado, das verbas pagas em excesso.
Isto era o que devia acontecer.
Mas parece que a comunicação social, ou melhor, uma estação de rádio que se diz estar em toda a parte, resolve, uma vez mais, prestar um péssimo serviço ao País. Hoje, 19 de Março, dedica o seu habitual fórum, ao caso FBD e ao eventual prejuízo do presidente do PSD, pela escolha que fez (...) Num exercício de mais pura demagogia e falta de sentido de informação, dá 35 minutos de tempo de antena ao burlão FBD, numa entrevista feita pelo próprio director da estação. Ou seja, dá oportunidade a uma pessoa que mentiu e que burlou o Estado, a justificar a sua burla e a sua “saloiice”, um inenarrável chorrilho de disparates e de falsidades, “abençoados” pelo senhor director TSF. E logo a seguir, como não podia deixar de ser, vem o habitual "comentador de política” Baldaia, a justificar o erro do tal indivíduo: que não era assim tão grave, comparado com o de Sócrates...; e ainda, que muitos outros deputados fazem eventualmente o mesmo que ele. 
Tudo isto parece verdade, num mundo que não é seguramente o mesmo em que habito. Há qualquer coisa que me diz, eu não sou daqui, tirem-me deste filme. Não basta ouvir e ler um execrável Baldaia, director de um jornal, que só diz asneiras e que nem sequer sabe escrever. Não basta ter rádios e (principalmente) TVs a dispararem a toda a hora, disparates e falsidades, de tal forma que muita gente como eu, já se recuse a ouvir e a ler tanta merda junta. 
A promoção desta figura menor, ainda por cima um burlão, é apenas a faceta visível do ridículo e da insanidade mental. Por trás disto, está a manipulação constante e permanente de uma poderosa máquina de propaganda.  Então querem acreditar que, depois de todas as trapalhadas dentro de um partido que acaba de “escolher” o seu líder, que são conhecidas e que passam inclusivamente pela AR, o dito partido sobe nas intenções de voto? E que, não basta afirmar a todo o momento a “seriedade” do seu líder, ainda é preciso tomar um “banho de ética” e sair de lá “limpo” de todas mazelas com que diariamente lida. 
Todo o discurso de auto-promoção do dito líder, é acompanhado por toda essa comunicação social, que nem sequer questiona, apenas repete o mesmo discurso até à exaustão, nem que para tal seja necessário recorrer ao ridículo que constituiu o dito fórum de hoje.
Simplesmente execrável!  


11 março 2018

BRANQUEAR O PASSADO EM LAMEGO

Ouvir a Assunção Cristas em época de Congresso do seu partido é a mesma coisa que ouvir uma anedota. Mal contada, pois claro.

Comecemos pelo principio, que é segundo se consta, porque onde começa tudo.
A senhora em questão não apareceu do nada. Foi colocado na liderança pelo seu "colega" Paulo Portas, no preciso momento em que aquele se desinteressou pela política activa (pelos vistos) e resolveu trilhar outros caminhos, deixando espaço a esta senhora.
Que, como sabemos, foi ministra de um dos governos mais execráveis que Portugal já teve, responsável pelo empobrecimento do País e pela submissão completa às exigências da ganância financeira, nos anos da chamada crise, como o foram aliás a Grécia, para citar apenas um exemplo paradigmático da subjugação ao capital abutre, que tenta da forma mais violenta, submeter os povos à pilhagem e ao triunfo da mais desmesurada falta de escrúpulos. Foi esse governo cobarde e iníquo, de que Cristas fez parte, o responsável pelos índices mais altos de pobreza de Portugal, pelo ataque à Escola pública, ao Serviço Nacional de Saúde, enfim, ao desmantelamento dos serviços e dos bens públicos. 
Mas não é só. Esta senhora foi responsável pelas medidas mais incríveis contra a Natureza. Foi o governo, em que deteve a pasta das Florestas, que cortou o orçamento do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) em um quarto, entre 2011 e 2015. A estratégia assente nas fileiras florestais, na gestão florestal e na defesa da floresta, foi completamente destruída, com a redução das estruturas e a eliminação da defesa da floresta. Aliás, em 2011, esse governo revogou, por exemplo, o regime jurídico de acompanhamento da gestão florestal que impedia a selvajaria de novas plantações e obrigava à responsabilidade pessoal dos projectistas.  A lei, que fez aprovar e que revogou a anterior, viria a ser conhecida como lei da liberalização do eucalipto. Cristas foi, na realidade, a Ministra dos Eucaliptos, que pessoalmente teve a tutela da política florestal durante quatro anos e que agora vem dizer que podia ter feito mais... Só se fosse mais asneira e mais violação de regras ecológicas e ambientais.
Mas é ainda a regulamentação estreita das leis laborais, no sentido da liberalização, que esta senhora e os seus "amigos" defendem. Aliás, ela própria tem afirmado (tem o desplante imenso de afirmar) que foi essa liberalização que potenciou o crescimento económico e o aumento de postos de trabalho, uma das mais iníquas teses que a Direita ostenta e que não tem (como poderia ter?) a menor credibilidade. Podem, pois, contar com ela (nomeadamente com ela) para a luta contra os direitos dos trabalhadores e contra o trabalho digno, pois ela pensa precisamente o contrário do que nós pensamos. Podem também contar com ela (nomeadamente com ela) para empobrecer mais ainda os mais idosos e com menos posses, no que diz respeito à pretendida capitalização da segurança social. Podem finalmente contar com ela (nomeadamente com ela) para defender o ensino privado, na tal igualdade de oportunidades que a Direita toda defende: o ensino privado, como escolha dos ricos, mas não só, uma vez que pretendem secundarizar a Escola pública, em detrimento de uma escola paga.
Por isso mesmo, as 3 prioridades escolhidas pela senhora Cristas, para uma governação CDS, a demografia, o território (propondo que o interior tenha um estatuto fiscal de "zona franca regulatória") e a inovação ("queremos que os nossos jovens sintam que têm Portugal é o melhor país para desenvolver os seus projetos"), constituem um descaramento imenso, para além do vazio natural da demagogia espúria de que enfermam.

Enfim, Lamego assistiu (coitados dos habitantes da Cidade...) a mais um exercício do mais despudorado branqueamento do passado recente, com o apoio mais ou menos velado de uma comunicação social dócil e lacaia da Direita.

Muita atenção à senhora que a mesma comunicação social fabricou para ser putativa presidente da Câmara de Lisboa, com o tal resultado histórico, que só o foi para incautos.
Cristas, tal como Rio, apenas têm a oferecer ao País, miséria, desemprego e perda de direitos. De cada vez que abrem a boca, mentem descaradamente. De cada vez que respiram, sai-lhes ódio e vingança. De cada vez que nos olham nos olham deviam corar de vergonha, por serem hipócritas e desavergonhados. 


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