24 fevereiro 2005








A SEGUIR À FESTA, A ESPERANÇA….

Feito de Poesia, porque não? Temos ou não quem retrate a realidade de uma forma que os demais não o sabem fazer? E há coisas que não passam, por mais anos que passem… Por isso digo, pela voz dos que cantam a esperança, digo sim ao NOVO TEMPO no qual, como fala o Ivan Lins, "estamos atentos, estamos mais vivos, estamos em cena, estamos nas ruas, p´ra nos socorrer"; ou ainda, como diz o Alexandre O'Neill "Um espaço útil, um tempo fértil, Amigo vai ser, é já uma grande festa!"

1. A maré cheia:
"E entretanto o tempo fez cinza da brasa
e outra maré cheia virá da maré vaza
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida"
"O primeiro dia", Sérgio Godinho, 1978
2. A graça:
"Com bandarilhas de esperança, afugentamos a fera
estamos na praça da Primavera.
Nós vamos pegar o mundo pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza, graça."
"Tourada", Ary dos Santos, 1972

3. A resposta:
"Eh! Companheiro resposta
resposta te quero dar
Portas assim foram feitas
p'ra se abrir de par em par"
"Eh! Companheiro", José Mário Branco, 1982

4. O porvir:
"Mas esse tempo que há-de vir
não se espera como a noite espera o dia
nasce da força de braços e pernas em harmonia
já basta tanta desgraça
que a gente tem no peito a cair
não é do povo nem da raça
mas do modo como vês o porvir"
"Atrás dos tempos", Fausto, 1996


5. O conselho:
"Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou p'ra rua e bebo a tempestade"
"Bom Conselho…", Chico Buarque, 1972


6. A (tal) esperança:
"Agarro a madrugada
como se fosse uma criança,
uma roseira entrelaçada,
uma videira de esperança"
"Um Homem na Cidade", Ary dos Santos, 1976

23 fevereiro 2005

PARA A DEFINIÇÃO DE UMA POLITICA DE APOIO À CRIAÇÃO DE EMPRESAS – Parte I

1. O País é carenciado em empreendedores. Em criadores de empresas, pessoas que sejam capazes de apresentar uma ideia, um Projecto e que tenham a força e o espírito suficientes para transformarem o seu Projecto numa proposta de implementação de uma Empresa.
Para que seja possível contribuir para a criação de emprego, é necessário apoiar as pessoas para criarem a sua própria empresa. Será talvez um dos contributos mais importantes, nos tempos que correm. Jovens e mulheres são dois dos grupos a apoiar. Aqueles, porque simplesmente como jovens e portadores de conhecimentos recentes e capazes de aplicação directa e prática. Aquelas, porque ainda são no nosso país vitimas de uma discriminação passiva e encapotada, a quem normalmente se recorre em termos de bandeira politica, em momentos de crise.

O empreendedorismo pode ser associado por um lado, a uma necessidade básica de segurança e, por outro lado a um dever de cidadania, numa sociedade que já não valoriza o chamado emprego para toda a vida, antes pelo contrário, convida cada um a definir o seu próprio percurso. Para tal, há que definir um portefolio muito concreto de competências nas diversas áreas do conhecimento e prevenir o reconhecimento dessas mesmas competências.
Diversas experiências têm sido feitas em Portugal, tendentes a apoiar o empreendedorismo. Nos 5 últimos anos, são conhecidas algumas destas iniciativas, normalmente apoiadas pelo 3º Quadro Comunitários de Apoio, que se iniciou precisamente no ano 2000. Ao abrigo deste QCA e integrado no POEFDS – Programa Operacional de Emprego, Formação e Desenvolvimento Social, existem Eixos e Medidas concretas relacionadas com esta problemática. O Eixo 4, por exemplo, cujo objectivo é “apoio a um conjunto de actividades de suporte em áreas chave para os processos de formação e emprego, designadamente: Informação e Orientação Profissional, Colocação e Acompanhamento e desenvolvimento de recursos técnico-pedagógicos e de modelos e métodos formativos” ([1]),
Não são conhecidos no entanto dados e estudos suficientes que permitam atestar da real validade destas iniciativas. No entanto, no âmbito de chamado programa “Empreender” do IFEA ([2]), foram efectuados algumas aproximações ao que se pode designar de “estudos sobre o empreendedorismo”, fontes de informação essenciais na análise das condições de base para a criação de novos negócios e também de divulgação de casos de sucesso específicos.

Organizações como a CITE([3])e a CIDM([4]) têm desenvolvidos esforços no sentido de, por lado proteger algumas situações decorrentes de desigualdades evidenciadas e, por outro lado, de acautelar direitos das pessoas mais discriminadas, neste caso, as mulheres. O apoio implícito a acções de empreendedorismo significa para estas organizações um reconhecimento da necessidade desta via, para garantir estancar os níveis de desemprego que não param de subir.
Em relação aos públicos mais jovens, a ANJE ([5]) tem procurado, em colaboração com algumas Câmaras Municipais, a implementação de Centros Empresariais, de que se podem destacar, na Zona Norte, os chamados “Centros de Incubação”, na Maia, na Trofa, em Matosinhos e em Aveiro. Estes Centros funcionam como instrumentos de apoio e de encorajamento à formação de novas empresas, vocacionados para a incubação de empresas, projectadas por jovens que pretendam iniciar ou dar continuidade a uma actividade profissional e têm, no entender da Associação, como finalidade “incentivar os jovens empreendedores a criar a sua própria empresa, proporcionando-lhes as condições favoráveis para um crescimento sustentado e com maiores probabilidades de sucesso no início de actividade” ([6])

2. Num Seminário realizado a 21 de Fevereiro no Porto, promovido pela ANOP ([7]), em colaboração com o IEFP ([8]), destinado a promover Projectos de empreendedorismo para mulheres, jovens licenciadas e bacharéis de Viana do Castelo, Ponte de Lima, Santa Maria da Feira, Vila Real e Paços de Ferreira, a senhora Danielle Desguees, directora geral da empresa Boutique de Gestion de Paris deu a conhecer alguns traços da realidade francesa a este nível. Afirmou então, existir um acordo (ou protocolo) entre a Banca e o Estado, que assegura crédito aos empreendedores por um período determinado e suficiente para garantir o arranque e a afirmação das empresas no mercado. Esse protocolo é válido para todo o País e agrega toas as instituições bancárias existentes em França. Para além dos benefícios constantes dos programas comunitários, esse protocolo consagra assim a possibilidade de sucesso de muitas empresas e subsequente garantia de postos de trabalho. Curiosamente (ou não), os Bancos convidados para essa sessão, não se fizeram representar…

3. Ora ai está pois aquele que pode ser um óptimo contributo para o grande objectivo do primeiro-ministro do futuro Governo da Republica, para a criação de 150 mil postos de trabalho. Na perspectiva de que devem ser as empresas a promover o emprego, a assinatura de um protocolo deste tipo, poderia significar um primeiro passo para a consecução daquele objectivo, no que se poderia definir como um contributo para o crescimento económico que se pretende urgente e necessário.

4. Todas as empresas cumprem grandes metas sociais. A existência no mercado de uma empresa só tem sentido se gerar lucro. Parte desse lucro deverá ser objecto de um imposto a pagar ao Estado. Esse imposto é um dever social da empresa. A Banca portuguesa, tão habituada a benefícios por parte do Estado, pagando taxas muito inferiores às das restantes empresas, situação só vista no chamado 3º mundo, teria com um protocolo deste tipo uma óptima oportunidade de cumprir uma grande meta social. O Estado, esse cumpriria também uma meta significativa ao impulsionar as condições concretas para que o empreendedorismo seja uma realidade efectiva no nosso País.


(continua)

([1]) Referenciado no EIXO 4 do POEFDS: PROMOVER A EFICÁCIA E A EQUIDADE DAS POLÍTICAS DE EMPREGO E FORMAÇÃO, in http://www.poefds.pt/Inicios/Programaini.html

([2]) Instituto de Formação Empresarial Aavnçada, é uma iniciativa do ISEG/UTL no Taguspark e tem como objectivo integrar formação, investigação e prestação de serviços, em áreas associadas ao desenvolvimento estratégico das empresas, in http://www.ifea.pt

([3]) Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, é uma entidade tripartida, criada em 1979, formada por representantes governamentais e dos parceiros sociais (Confederação do Comércio e Serviços de Portugal - CCP, Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical Nacional - CGTP-IN, Confederação da Indústria Portuguesa - CIP e União Geral dos Trabalhadores - UGT) , in http://www.cite.gov.p

([4]) Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres, integrada na Presidência do Conselho de Ministros, é um dos mecanismos governamentais para proteger a igualdade de direitos e oportunidades., in http://www.cidm.pt/

([5]) Associação Nacional dos Jovens Empresários

([6])In:http://www.millenniumbcp.pt/site/conteudos/universitario/bu_guias/bu_guia_empresas/article.jhtml?articleID=134545

([7]) Associação Nacional de Oficinas de Projectos, é "Pessoa Colectiva de Direito Privado sem Fins Lucrativos" formada por associações empresariais, de desenvolvimento, de ligação universidade-empresa, escolas profissionais, uma fundação e por especialistas e técnicos com comprovada experiência de trabalho no âmbito da educação e formação de adultos, nomeadamente na implementação e desenvolvimento do modelo "Oficina de Projectos", in http://www.anop.com.pt/anop_apresent.htm

([8]) Instituto de Emprego e Formação Profissional

18 fevereiro 2005

VAMOS VOTAR NA ESQUERDA!

Para quem tem tido a paciência de ler os meus apelos, nesta última semana de campanha, deve ter notado a insistência em alguns pontos fundamentais, que se prendem sobretudo com uma questão de cidadania. Estamos na recta final da campanha e continua a ser urgente a mobilização das pessoas para o voto no dia 20. De facto, de há uns tempos a esta parte, o interesse dos cidadãos pela política tem vindo a decrescer de forma assustadora. Para tal tem contribuído a prestação de certos políticos e não só. Também, diga-se de passagem, a circunstância da prática continuada de determinada políticas que, ao favorecerem sistematicamente os mais poderosos, determinam uma ideia colectiva de que não vale mesmo a pena fazer nada, porque tudo fica sistematicamente na mesma. Desde a integração na EU que o nosso País, tratado possivelmente como parente pobre da União, vê a situação piorar em quase todos os indicadores, sente o nível de vida a subir a ritmos incomportáveis, enquanto os salários não acompanham (antes pelo contrário!) essa subida e sabe que a pobreza é um dado indesmentível, impossível de disfarçar. Os níveis de satisfação das pessoas, tal como demonstram estudos recentes, são dos mais baixos da Europa e a adesão a pressupostos demagógicos e populistas torna-se assim mais fácil e natural. Daí a sistematicamente se ouvir afirmações que atestam a distanciação dos cidadãos à politica: "eles são todos iguais", " a politica não me interessa", "eles querem é o tacho", "o que era preciso era um Salazar…".

Hoje, mais do que nunca, é preciso inverter este estado de coisas. É preciso talvez reinventar outras políticas, ou então outra forma de fazer politica. A responsabilidade cabe, antes de mais, a cada um de nós. O nosso voto é mais que urgente. O que é verdade é que eles não são todos iguais; eles, políticos e eles partidos; isso só é verdade em termos de retórica barata e serve sempre os mesmos interesses: precisamente os interesses de quem está sempre bem, de quem não paga impostos ao estado, de quem é sistematicamente favorecido por politicas erradas, de quem se serve de favores e influências para subtrair à sociedade lucros e dividendos de duvidosa proveniência. Para os que vivem do seu salário e pagam os seus impostos, a vida está cada vez pior e a dita convergência com a Europa não passa de uma miragem…

É preciso num momento de grande responsabilidade como este, chamar pelos nomes os responsáveis pela situação a que se chegou. A vitória do PSD, nas últimas eleições, conduziu Durão Barroso à liderança com um governo absolutamente incapaz e incompetente. Passaram 2 anos a queixar-se do estado em que o País estava, sem nada propor ou fazer para melhorar as coisas. Coisas que entretanto foram piorando, de tal forma que se chegou ao ponto de o País ser confrontado com a imposição de Santana Lopes e a sua equipa, sem que qualquer oportunidade nos fosse dada para um pronunciamento mais que necessário. Foram quase 3 anos de politicas erradas, de afundamento constante a nível económico, de agravamento dos índices de desemprego, de perda de poder de compra, de insatisfação colectiva constante e crescente. E que dizer dos últimos meses de governação, de um ridículo como nunca se tinha visto em Portugal, com um primeiro-ministro (e outros ministros) a desdobrar-se em asneiras sucessivas e declarações patéticas?

Tudo isto, insisto, desde que foi dada a hipótese de entrada para o Governo de Paulo Portas e da sua comitiva. Muitos notáveis dentro do PSD avisaram dos perigos, para o partido e para o País, dessa situação. O que é certo é que foram eles que tomaram as rédeas da governação; muitos foram os comentadores que diziam que era Paulo Portas quem dava cartas, que eram os ministros do PP quem determinavam as politicas, as tais politicas a que atrás me referi. E são estes, Paulo Portas e a sua equipa que agora se apresentam como se não fosse nada com eles, descartando-se da responsabilidade e assumindo-se (pasme-se) como os campeões da luta pela evasão fiscal e da criação de emprego!

É contra eles, é de facto contra toda a direita, que vamos votar nestas eleições. Merecem ser responsabilizados, merecem todo o castigo! A situação para que conduziram o País é desastrosa. Mas não só os políticos! Também (é preciso dizê-lo sem tibiezas!) as politicas; e aí há muito mais gente responsável. Num momento como este, não devemos esquecer esse facto, aproveitando para lembrar a algumas dessas pessoas, o erro de enveredarem por politicas contrárias ao interesse da grande maioria da população: aquela que trabalha e vive do seu trabalho. Que lhes sirva de lição, pois então! Ao quererem merecer o voto popular, que grande responsabilidade estão a assumir!

É hora então de reunir os esforços individuais para que, de uma vez por todas, a direita fique em minoria no Parlamento. E é mesmo muito importante que o Paulo Portas engula de vez a sua fanfarronice e seja remetido à sua verdadeira dimensão: a de um pequeno partido, que já teve a sua oportunidade e já demonstrou as suas prioridades para o País: os submarinos, os contratos com as industrias de armamento, o alinhamento com as politicas de guerra, os ataques contra a dignidade das mulheres, …

É hora de a direita dar o seu lugar à esquerda, que na verdade sempre foi maioritária em Portugal, mas que nem sempre teve oportunidade de aplicar politicas consentâneas. Estamos confrontados com a emergência de entendimentos à esquerda e é importante que todas as forças de esquerda assumam essa responsabilidade.

Por isso, o reforço á esquerda é a principal palavra de ordem. Nada está ganho, entretanto; só os votos colocados nas urnas é que contam. Por isso, é preciso votar!

Então: NA CDU, VOTA TAMBÉM TU!

Faltam 2 dias (quase 1) para dia 20 de Fevereiro


17 fevereiro 2005

PS COM MAIORIA ABSOLUTA???

Sondagem Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena 1, 17 Fevereiro, 17:00 horas

Segundo a sondagem de hoje da UC, anunciada pelo jornal PUBLICO on-line, "O PS detém uma vantagem de 12 pontos sobre o PSD e o CDS somados e venceria as legislativas com maioria absoluta, se as eleições fossem hoje. De acordo com a sondagem da Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena Um, o PS consegue 46 por cento dos votos, o PSD 28 por cento e o CDS seis por cento". A mesma sondagem assinala ainda "o crescimento do Bloco de Esquerda, que, de acordo com os dados recolhidos, pode ter 8 por cento dos votos, exactamente os mesmos que o PCP de Jerónimo de Sousa garante".

De qualquer forma e ainda segundo a sondagem, "cerca de um terço dos portugueses estão ainda indecisos quanto a quem vão votar nas eleições de 20 de Fevereiro".

Há ainda muito trabalho para fazer; há que passar a palavra e tentar confirmar estas previsões. A esquerda tem que voltar a ter uma assinalável maioria na futura AR. A direita tem que ser derrotada por números que não deixem dúvidas; nomeadamente o PP tem que ser relegado para a sua posição de 5ª força política; os 6% que lhe atribuem dizem bem que a demagogia e o populismo não convencem! Ainda bem!

Os números apontam então para que a esquerda tenha mais de 60% dos votos, mais exactamente 62% (46+8+8). Para confirmar estes números, é preciso mobilizar novamente o "povo de esquerda". Nenhum voto pode ser desperdiçado!

É a altura de cada um de nós assumir as suas posições. Eu por mim já assumi: o meu voto vai para a CDU. Deixo pois um slogan que pode servir daqui até Domingo: NA CDU, VOTA TAMBÉM TU!

Faltam 3 dias para dia 20 de Fevereiro

16 fevereiro 2005



UMA VOZ SEM VOZ…

O motivo mais marcante da noite do debate foi de facto a incapacidade do Jerónimo de Sousa; a voz não o deixou fazer mais. "Perdi a voz, mas não perdi a esperança", disse e a frase ficou para quem quis ouvir. Mas o dia de ontem ficou marcado também pela entrevista que o líder do Partido Comunista deu à Rádio Renascença e ao Publico; Jerónimo diz "não tenho verdades absolutas, não sei tudo, sou o que sou…". Regista-se então a atitude de um homem que admite não ter as mesmas armas que os adversários políticos e que sabe sobretudo não gozar de grandes favores na comunicação social. Pois bem, no dia de ontem, Jerónimo marcou pontos numa campanha dominada pelas tricas do costume por parte da direita que, com o dia 20 quase aí, se vê na contingência de ter mesmo de deixar o poder; ainda bem!


Os comentadores políticos, na sua maioria, não reconhecem o verdadeiro teor do discurso de Paulo Portas; dizem sistematicamente o mesmo, em ocasiões diferentes, que é inteligente, que está bem preparado, que se demarca muito bem do governo de Santana Lopes, etc… O que não dizem e deviam dizer, porque o sabem tão bem como eu, é que o indivíduo é o caso mais evidente da demagogia de que há memória. A resposta de Sócrates, foi aliás redundante, ao demonstrar a hipocrisia politica de PP acerca da sua "defesa" da classe média. E mais: que é co-responsável neste governo (e no anterior) pelo desaire monumental das politicas da direita.


A cena da fusão dos balcões de um grupo de bancos, apresentada por Louça, foi o grande golpe em Santana Lopes e a demonstração mais clara de que a bandeira do ataque do governo aos privilégios do sector, não passa de fumaça… Significativa foi ainda a intervenção de Sócrates, logo a seguir, dizendo que não se satisfazia com as explicações dadas pelo 1º ministro demissionário…

E a taxa de desemprego já ultrapassou os 7%

Faltam 4 dias para dia 20 de Fevereiro

15 fevereiro 2005

UMA OPÇÃO MAIS QUE DISCUTÍVEL!

Eu até compreendo que o apelo à maioria absoluta do Partido Socialista. O que não quer dizer que seja sensível a tal. Considero essa opção mais que discutível. Bem pelo contrário, penso ser muito mais importante reforçar a votação nos partidos à esquerda do PS, para impedir que a extrema-direita se assuma como 3ª força. Esse sim, parece ser o grande desígnio de todos aqueles que consideram como realmente importante impedir que os populistas PP se destaquem. Os votos não devem ser perdidos à esquerda: a concentração de votos no PS está de momento fora de questão. O PS já ganhou as eleições, José Sócrates já é de facto o próximo 1º ministro. Este é já um assunto arrumado. Como tal, há que preparar o terreno para que uma grande maioria da esquerda na futura Assembleia da Republica seja uma realidade. Para que seja possível consolidar posições que conduzam à negociação de políticas e medidas concretas que favoreçam o desenvolvimento, o crescimento, a qualificação. E também para que seja possível estancar a pobreza que envergonha o País.

O Partido Socialista tem pessoas e consciências para as quais faz todo o sentido o que escrevi. Que elas, através da sua influencia, sejam capazes de contribuir para que a verdadeira maioria que saia destas eleições, corresponda na prática a uma verdadeira viragem, mais que necessária depois de estado miserável em que a extrema-direita e a direita conservadora deixou o País.

Vamos impedir que a extrema-direita seja a 3ª força; não podemos esquecer toda a carga de responsabilidade que o PP teve, durante 3 anos, para chegar ao ponto em que estamos agora!

Faltam 5 dias para dia 20 de Fevereiro

14 fevereiro 2005

CHAMANDO AS COISAS PELOS NOMES…








Rebuscando os arquivos, encontrei este, muito interessante do Publico, aos 20 de Abril do ano da graça de 1999…

"A Igreja Católica no tempo do Estado Novo
Salazar, escolhido por Deus e pela Irmã Lúcia
António Marujo

Salazar era o escolhido de Deus para governar o país e conduzir o povo pelos caminhos da paz e da prosperidade. Em 1945, era assim que Lúcia, a vidente de Fátima, se referia ao ditador, numa carta dirigida ao cardeal Cerejeira. Mas a tese da irmã Lúcia repetia os argumentos colectivos do episcopado para dizer que na estabilidade do Estado Novo estava "o dedo de Deus", estabelecendo a relação entre Fátima e a predestinação de Salazar. O investigador José Barreto conta e explica as histórias.
Foi numa hora de muitas "preocupações, desgostos e talvez dúvidas" para o presidente do Conselho, Oliveira Salazar, que, em 13 de Novembro de 1945, o então cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, enviou ao seu amigo e antigo condiscípulo um cartão tranquilizador. Nele se referia a uma carta da irmã Lúcia que Cerejeira recebera e onde a antiga vidente de Fátima fazia referências ao que entendia ser a missão divina de Salazar.
"O Salazar é a pessoa por Ele (Deus) escolhida para continuar a governar a nossa Pátria, ... a ele é que será concedida a luz e graça para conduzir o nosso povo pelos caminhos da paz e da prosperidade", dizia a carta de Lúcia cuja reprodução foi enviada por Cerejeira juntamente com o cartão pessoal. O documento foi lido pelo investigador José Barreto, do Instituto de Ciências Sociais, no recente curso de História Contemporânea, organizado pela Fundação Mário Soares, sobre "Portugal e a Transição para a Democracia, 1974-76". Barreto pensa que o seu conteúdo já tinha sido divulgado antes, mas permaneceu até agora pouco conhecido.
A carta foi enviada a Salazar, recordou o investigador na sessão do curso em que falou sobre "A Revolução, o Estado e as Igrejas", "a poucos dias das primeiras eleições de deputados à Assembleia Nacional a que a oposição pôde concorrer [organizada no Movimento de Unidade Democrática], ainda que com enormes limitações práticas". Essas eleições, referiu ainda José Barreto, foram aquelas "que Salazar, com uma frase que se tornou célebre, considerou irem ser 'tão livres como na livre Inglaterra'".
Salazar estaria - de acordo com o seu biógrafo Franco Nogueira, por exemplo - a pensar não continuar como presidente do Conselho de Ministros. Mas também teria medo do que lhe poderia acontecer se abandonasse o lugar. Por isso Cerejeira escreve-lhe (dirigindo-se a ele como "António", tendo em conta a forma pessoal com que se tratavam, da amizade que vinha dos tempos de estudantes de Coimbra) e resolve transcrever-lhe a carta da irmã Lúcia com o objectivo de o tranquilizar. "Deve levar-te muita consolação e confiança", diz o cardeal sobre a missiva da vidente. "E se tu a lesses toda, mais consolado e confiado ficarias ainda. Escuso de dizer que isto que ela diz, o não diz dela mesma, mas por indicação divina (segundo ela deixa entender)."
E se Salazar tinha sido escolhido por Deus, era preciso, diz Lúcia na carta citada por Cerejeira, "fazer compreender ao povo que as privações e sofrimentos dos últimos anos [referia-se a vidente aos anos da II Guerra Mundial] não foram efeito de falta alguma de Salazar, mas sim provas que Deus nos enviou pelos nossos pecados." Aliás, "ao prometer a graça da paz" à nação, Deus já anunciara "vários sofrimentos, pela razão de que nós éramos também culpados". E, bem vistas as coisas, olhando "para as tribulações e angústias dos outros povos", bem pouco pedira Deus aos portugueses.
Ironicamente, Lúcia não terminava os seus recados desta carta escrita em 7 de Novembro de 1945, em Tuy (Galiza, Espanha), sem uma nota que, a outras pessoas, poderia valer a prisão política: "Depois, é preciso dizer a Salazar que os víveres necessários ao sustento do povo não devem continuar a apodrecer nos celeiros, mas serem-lhe distribuídos."
Um dos muitos segredos de Fátima
Este documento - que está no Arquivo Salazar, na Torre do Tombo e também disponível na página da Fundação Mário Soares na Internet ( http://www.fmsoares.pt/ ) - e as afirmações nele contidas revelam, diz José Barreto ao PÚBLICO, "a relação entre a produção profética de Fátima e a sacralização do regime". Na sua intervenção no curso da Fundação Mário Soares, Barreto ironizou: "Não se trata do 'segredo de Fátima', mas de um dos muitos segredos de Fátima que importa dar a conhecer, analisar e interpretar."
A relação entre Fátima e a predestinação de Salazar já tinha sido estabelecida três anos antes, num documento que o investigador considera fundamental para entender essa dinâmica político-religiosa. Numa carta pastoral colectiva do episcopado português, de 1942, sobre as bodas de prata das aparições de Fátima, os bispos referiam-se às diferenças entre os tempos da I República (dominados pelo anti-clericalismo quase sistemático) e do Estado Novo em termos que não deixavam margem para dúvidas. O camartelo demolidor, as ruínas, a desolação são características implicitamente apontadas à Primeira República, contrariamente à ordem nova, ao desenvolvimento tornado ressurreição. Os bispos chegam ao ponto de dizer que, na transformação, está "o dedo de Deus" (ver caixa).
Essa carta pastoral colectiva é, na opinião de José Barreto, "a que mais se aproxima das cartas pessoais de Cerejeira a Salazar". E a irmã Lúcia acabou por se tornar "uma peça importante na Igreja portuguesa deste século".
Em 26 de Maio de 1945, com a guerra à beira do fim, Cerejeira felicitava de novo Salazar, em carta dirigida ao ditador, por ver "coroada a obra de defesa de Portugal": "O facto de ser a nossa paz um favor do céu [predito pela irmã Lúcia] não te tira nem diminui o mérito, pelo contrário faz de ti um eleito, quase um ungido de Deus". E, a seguir, diz o cardeal: "Foste tu o escolhido para realizar o milagre."
Em 1946, foi por sugestão de Salazar que os bispos organizaram uma cerimónia na Praça do Império, para agradecer, na presença da imagem de Nossa Senhora de Fátima, o facto de Portugal não ter participado na II Guerra Mundial. Um gesto muito valorizado pelas mais altas figuras do episcopado: além de Cerejeira, também D. Manuel Trindade Salgueiro, um "fervoroso admirador" de Oliveira Salazar, e D. José da Costa Nunes, que viria a ser patriarca das Índias, e que também admirava o ditador. Talvez por causa destes apoios, as próprias alocuções do Papa Pio XII sobre a guerra e os diversos documentos de actualização da doutrina social da Igreja produzidos por esse Papa, não foram, na altura, publicados em Portugal.
Não eram apenas os bispos a valorizar o ditador português. No seu recente livro "O Estado Novo e a Igreja Católica" (ver PÚBLICO de ontem), Manuel Braga da Cruz conta um episódio que mostra que o então Papa Pio XII também nutria alguma simpatia por Salazar. Em Outubro de 1940, ao receber as credenciais do embaixador português, Carneiro Pacheco, Pio XII declarou: "O Senhor [Deus] deu à Nação portuguesa um chefe de governo que tem sabido conquistar não só o amor do seu povo mas também o respeito e estima do mundo." Atitude diferente da do seu antecessor, Pio XI, que quando negociava a Concordata com Portugal, em 1938, disse ao embaixador Quevedo que Portugal deveria resistir "no meio das aflições e penas que há pelo mundo". O embaixador entendeu a frase como uma referência ao comunismo, ao que o Papa respondeu, ainda segundo a citação feita por Braga da Cruz, que não se referia ao comunismo mas sim "ao racismo, ao nazismo criminoso que perverte as almas".

HIPOCRISIA 3. Luto nacional? Nem dá para acreditar! Ao que chega o disparate! Para além do aproveitamento político mais que evidente, a direita quer ir ainda mais longe. Mas então o Estado é ou não laico? Como se pode chegar a tal desfaçatez, só para tentar mais uns votos? Mais: isto dará mesmo mais votos? Espero bem que não. Só faltava agora ressuscitar os pseudo-milagres de Fátima e voltar á trilogia salazarista! A dupla Santana - Portas no seu melhor…





É HIPOCRISIA DA PIOR ESPÉCIE!

HIPOCRISIA 1. Anda o Paulo Portas, com o desplante que lhe conhecemos a apelar ao voto, salientando os tais "valores" da classe média que tão bem gosta de incarnar, esquecendo-se (claro que ele não se esquece!) que fez parte dos 2 últimos governos, o de Durão e o de Santana. Levando a hipocrisia ao grau mais alto possível, este demagogo populista quer fazer crer que os ministérios do PP representavam o "rigor" e eram a imagem do que de melhor se fazia no País. É preciso não esquecer que este homem está a ser julgado nestas eleições, tal como o seu "amigo" Santana. Aliás, desde os tempos de Durão que a maior parte dos analistas dizia que quem mandava realmente no Governo, era o PP. A extrema-direita é de facto muito mais perigosa do que parece, porque usa a demagogia e o nacionalismo bacoco e retrógrado como armas para os incautos. Este Paulo Portas é a imagem mais "moderna" do salazarismo que (desgraçadamente) ainda resiste na mente colectiva de algum Portugal profundo, de certa forma esquecido pelo 25 de Abril. Os apelos à "autoridade", á "segurança", aos "valores da pátria", aos "valores da vida" são a face visível do autocrata e demagogo Paulo Portas.

HIPOCRISIA 2. A morte da Dona Lúcia, uma simpática velhinha de 97 anos, que foi vilipendiada, amordaçada e violentada pelo Estado Novo, a propósito das chamadas "visões da virgem" é agora motivo de aproveitamento político por parte da extrema-direita e da direita conservadora. Vão decretar 2 dias sem campanha, ou sem acções de campanha, ou sabe-se lá o quê, numa descarada atitude de hipocrisia. É, para além disso uma falta de vergonha, aproveitar a morte de uma pessoa, para fazer disso mais uma bandeira de campanha manhosa e de mau-gosto. Um autêntico atentado contra a inteligência e mais uma tentativa de tapar o sol com a peneira.

Não lhes vai valer de nada!

Faltam 6 dias para dia 20 de Fevereiro

09 fevereiro 2005

VEMOS, OUVIMOS E LEMOS…

"Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar …"
Sophia de Mello Breyner Andresen

Para os devidos efeitos, eles aí estão em campanha e, como é bom de ver, usando de todas as artimanhas possíveis e imaginárias, para enganar os tolos (só ???). Eles já estão no poder há 3 anos e em 3 anos foram capazes das maiores artimanhas para se multiplicarem nos aparelhos (do estado e não só). Conseguiram em 3 anos minar o pouco que tinha sido conseguido para benefício dos mais desfavorecidos. Mas de facto, conseguiram: aumentar o desemprego, aumentar a divida publica, aumentar os lucros dos bancos e das seguradoras, aumentar as desigualdades, diminuir o poder de compra dos trabalhadores e colocar em ultimo lugar o País na lista da EU no que diz respeito aos índices de formação e de qualificação. Pior seria difícil. Mas vale a pena ver os números, no que concerne à banca e aos seguros: BPI - aumento dos lucros 17,6% em 2004 (Expresso-29/01/2005), BCP - aumento dos lucros 17,2% em 2004 (Público -26/01/2005), BNU - aumento dos lucros 40,1% em 2004 (Expresso-29/01/2005), BES - aumento dos lucros 11,5% em 2004 (Público -04/02/2005), BNC - aumento dos lucros 33,7% em 2004 (Público -20/01/2005), Espírito Santo Financial Group - lucros 49,5 milhões de euro; uma delícia, números dignos de um país do 3º mundo!

VEMOS…
O governo de Santana e Portas na mais patética cena de que há memória, a desmultiplicar-se em trapalhadas e asneiras quase diárias a atentar contra os valores democráticos mais elementares, como o direito à expressão, atestados pelo episódio Marcelo, pela carta de Portas e Bagão para os reformados das FA, pela cena de Nobre Guedes a incentivar a população de Coimbra a não deixar entrar Sócrates na cidade, pela triste saga de Santana contra a vida privada de Sócrates, … Como foi possível chegar a isto?

OUVIMOS…
Declarações absolutamente pró-fascistas dos lideres da extrema-direita e mesmo de alguns sectores neo-populistas do PSD. Já atentaram bem no discurso de Manuel Monteiro sobre os direitos das mulheres? E a saga de Paulo Portas sobre os valores da Pátria? E a opinião de Santana sobre a lei do aborto? E ainda as "divagações" de Nairana Coissoró sobre o ultramar português? E que mais eles (e elas também) diriam se estivessem em condições mais favoráveis!

LEMOS…
As propostas que a extrema-direita e o sector populista da direita nos apresentam; mais do mesmo, mais desemprego, mais défice encapotado, mais desigualdade, mais off-shore da Madeira, mais Jardim, mais nomeações políticas, …
Lemos ainda (esta para mim é a melhor de todas!) na frente do palanque de Santana Lopes a palavra "competente"; isto depois de ter sido "despedido" por incompetência… Não há um único comentador político (excepção natural para esse espécie que dá pelo nome de Luís Delgado…) que dê sequer o benefício da dúvida ao homem da Lux, tal é a mediocridade da sua argumentação, tal é a face visível da sua falta de estatura política!
Lemos finalmente as declarações do individuo no próprio palácio de Belém, aproveitando as pseudo-férias que impôs para si próprio (enquanto candidato), a falar como 1º ministro sobre a campanha eleitoral; francamente, é demais!

NÃO PODEMOS IGNORAR …
Realmente, não! O momento não o permite, não é possível ficar indiferente. Já chega de palhaçada (sem querer insultar os palhaços verdadeiros…); estes actores têm que ser postos imediatamente fora de cena. Está perto o dia em que veremos Santana e Portas saírem por uma porta por onde nunca deveriam ter entrado. E que grande lição para o PSD, ao permitir que o personagem em questão tomasse de assalto o partido; agora é vê-los a evitarem a colagem e a resguardarem-se para não se comprometerem com a desgraça anunciada!
A campanha contra a extrema-direita e contra a direita que lhe está associada é uma tarefa do mais elementar civismo, uma urgência das consciências livres deste país, em nome de um futuro comprometido com a justiça social, com os direitos de cidadania e com a esperança que nos trouxe o 25 de Abril. E finalmente não podemos (e não devemos) ignorar a demagogia de que eles são capazes até ao final da campanha eleitoral; a vitimização vai continuar e não sabemos sequer se a razão será suficiente para correr com eles. Para não apodrecermos em demagogia, para não alimentarmos o pântano do clientelismo e da mediocridade!

Por isso, a "nossa" campanha está aí! Não podemos desperdiçar esta oportunidade!

This page is powered by Blogger. Isn't yours?