30 março 2005

A ALFINETADA

O Partido Socialista decidiu (e bem) concorrer em coligação com o PCP e o BE nas eleições às autárquicas, nomeadamente nas câmaras de Lisboa e Porto. A notícia é dada por Jorge Coelho na noite de hoje. Parte-se do princípio (correctíssimo) de que existe realmente uma sincera vontade de muitos eleitores em dar a uma coligação de esquerda a hipótese de liderar as 2 maiores câmaras do País. Tudo como se previa alias, após alguma discussão pública do tema. Mas Jorge Coelho tinha que dar a alfinetada do costume. Que, diz ele, o PS tem votos suficientes para ganhar as eleições nas 2 cidades, que tem o seu projecto, etc, etc…

Ora bem, mais uma vez Jorge Coelho perde uma óptima oportunidade para estar calado. Então se o PS tem os votos suficientes para ganhar, para que faz coligações? Se tem o seu projecto e acredita nele, porque não vai sozinho? O quer Coelho dizer com isto? Acho que não fica bem dizer as 2 coisas ao mesmo tempo; não será?

Sabemos que não é fácil fazer uma coligação de 3 partidos. É preciso fazer cedências, ter algum cuidado com as sensibilidades próprias de cada força politica, ajustar vontades, acertar ideias base. Mas é aí que reside a força da democracia. E no fundo corresponder á vontade de uma imensa maioria de portugueses que demonstraram nas últimas eleições a confiança a num verdadeiro projecto de esquerda para este País.

Ficava bem ao Jorge um certo recato, uma certa modéstia; mas não, preferiu a alfinetada; precisamente àqueles com quem se propõe coligar. Sinceramente, não havia necessidade


29 março 2005

MARKETING SANTO

As recentes notícias sobre o estado de saúde de Karol Woitila são um verdadeiro golpe publicitário barato. Como se pode admitir que se faça da vida de um homem doente e, quem sabe em estado terminal, um festival de "fala-não-fala, aparece-não-aparece, dá-não-dá a bênção e outros que tais? A hierarquia da igreja católica é um constante exemplo de práticas persecutórias de mau gosto, instigadas por uns tantos fundamentalistas espalhados um pouco por todo o lado e interessados em manter um status dificilmente justificável. Acho graça em ouvir as opiniões dos chamados católicos não-praticantes, uma espécie que abunda por aí e que não é senão coisa nenhuma, mas que alimenta as estatísticas da uma igreja perfeitamente decrépita e sem credibilidade. O homem devia merecer mais respeito por parte daqueles que (supostamente) o veneram (seja lá o que isso possa significar). A pompa e circunstância do Estado mais rico do mundo já não consegue disfarçar a podridão imensa que atola os seus mais altos signatários. O poderoso Estado do Vaticano, sempre com as mãos sujas de influências, alimentando e alimentado pelos opus-deis de toda a parte, já não tem lições (será que alguma vez teve?) para dar a ninguém, tirando os seus mais dilectos parceiros…

Os analistas de assuntos da igreja, feitos abutres, alimentam diariamente nas rádios e na restante comunicação social um autentico totoloto da fé, uma lotaria de duvidosa religiosidade, sem qualquer respeito pela vida de uma pessoa, que admito se esforçou por ser protagonista activo na ultima década.

Nem tudo devia valer nestas alturas. Alguém acredita (questão de fé) que Karol Woitila esteja ainda na posse das suas faculdades mentais (para não dizer simplesmente físicas)? Francamente, não havia necessidade… Já não há respeito por nada, nem sequer pelo recato de quem sofre…

11 março 2005




A ROLHA SEM GOSTO…

Ainda há poucos dias me confessava, num jantar de amigos, que vale a pena lutar pela defesa da qualidade. Isto a propósito de várias coisas, conversas quer se têm, sobre isto, sobre aquilo, toda a gente se queixa do mesmo, da indiferença, da mediocridade, do deixa-andar bem à portuguesa. O que se faz de bom não tem valor, o que chama a atenção do país é o pequeno escândalo, a notícia chocante, a boca mandada á socapa.

Quisera estar com ela no EuroParque, mas outros ventos me levaram para outras paragens nesse dia. No dia em que Alzira e o seu Centro Tecnológico da Cortiça deram a conhecer a invenção da rolha sem gosto: 2 anos de investigação, com os "recursos da casa", como atesta a notícia do Publico de 10 de Março. Investigação fundamental para Portugal, dada a possibilidade de consolidação da cortiça num mercado difícil e com grandes ameaças, nomeadamente as dos concorrentes sintéticos.

Para se provar que há País para além da mediania comum, lamentada no dia a dia. Para além do défice, para além das tricas das celebridades com ou sem quintas. Que a aposta na qualidade e na qualificação dos recursos humanos é o caminho a seguir para a verdadeira sociedade do conhecimento.

Sei das dificuldades que neste País existem para se trilhar um caminho diferente, com um discurso diferente. E a diferença estará somente na atitude em relação ao que nos rodeia. Uma atitude positiva, pela mudança e pela transformação. Porque vale a pena, porque simplesmente faz parte da vida e da luta que travamos por uma sociedade melhor.

Para a Alzira, uma palavra de carinho, com o gosto de uma rolha que bem ficaria na boca de muitos que neste País falam, sem terem nada para dizer aos outros…

09 março 2005

A PALAVRA QUE FOGE…
Por vezes há certos tiques que são fatais. Expressões verbais que caem mal a quem ouve, mas que ficam muito pior a quem as profere. Em tempos de acalmia politica, em tempos de expectativa mais que justificada, as coisas apresentam-se sempre sob um manto diáfano, que nem os próprios intervenientes directos convêm macular. Os sintomas manifestam-se normalmente quando um dado personagem é instigado, sempre pela atenta comunicação social e não consegue disfarçar aquele sentimento de quem foi justamente promovido à elite da causa pública. Então, como que pautado pelo desígnio de quem tem entre mãos a responsabilidade de chefiar uma putativa mudança (mesmo que tal não passe de …), atira para o ar aquelas frases que nada dizem, mas que ficam bem na conjuntura; pois "estaremos atentos aos novos sinais…", "sabemos o que o País espera de nós…", "naturalmente é ainda muito cedo para …". Outros não conseguem disfarçar a "promoção" e fazem aquilo que em ciência politica é considerado desajustado ao momento. Não conseguindo dominar impulsos naturalmente mal dominados, os tiques, deixam escapar a incontida vontade, manifestando a surda escapadela para o óbvio. Mas, como bem dizia Stendhal, "a palavra foi dada ao homem para esconder o seu pensamento"; na gíria, há realmente coisas que não se devem dizer.

Por isso, o recém-nomeado Ministro das Finanças esteve mal, ao declarar o propalado aumento de impostos, como acto natural, ainda que não no imediato. Contra tudo o que disse na campanha quem o nomeou. Tradicionalmente no nosso País, o cargo da liderança das Finanças é visto (e na realidade o é) como um super ministério, acima (?) dos outros. Todos os colegas lhe devem a natural vassalagem, pois será ele quem determina as verbas para cada um, os cortes, sei lá que mais. Os casos dos notáveis do passado, que passaram pelo lugar, a começar pelo inevitável homem de Santa Comba, deixaram uma marca que ainda hoje se mantém. Não só uma marca, como ainda uma estrutura de médio século de burocratas, uma tradição de favor e de comprometimento com os que não cumprem e de justiça de talião para as pequenas escapadelas.

Haverá finalmente quem tenha coragem de mudar isto???


O RETRATO
O episódio do retrato que deixa a sede do Caldas e vai (vai mesmo?) para a sede do Rato não é mais que uma manobra de diversão. Independentemente da justiça relativa do acto. A política é feita de factos e este é mais um de quem já não tem mais nada para dar aos cidadãos. Há os que afirmam "não posso conformar-me com o facto de o partido ser um partido de 7 vírgula tal por cento…", Nobre Guedes à TSF na grande entrevista de Margarida Marante, sábado passado. Há ainda quem diga "Paulo Portas tem muito a dar ao partido…", Telmo Correia também à TSF na semana passada.
Mas eles não têm nada, mas mesmo nada para dar ao País. E ainda bem, porque o País não precisa mesmo nada deles, nem da demagogia, nem do populismo parolo que os caracteriza. Ficam muito bem na prateleira e diga-se de passagem que lá ficariam se não fora alguém lhes ter dado a mão para chegar onde chegaram.
Este o verdadeiro retrato de uma direita envergonhada, bacoca e sem arte para fazer melhor. Deste retrato já não podem fugir e não pode ser mandado para uma outra qualquer sede…

08 março 2005














"Elas sorriem quando querem gritar.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
E riem quando estão nervosas.
Elas brigam por aquilo que acreditam.
Elas levantam-se para injustiça.
Elas não levam "não" como resposta quando
acreditam que existe melhor solução.
Elas andam sem novos sapatos para
suas crianças poder tê-los.
Elas vão ao medico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.
Elas choram quando suas crianças adoecem
e se alegram quando suas crianças ganham prêmios.
Elas ficam contentes quando ouvem sobre
um aniversario ou um novo casamento<
/font>."

Pablo Neruda

04 março 2005

O PADRE INQUISIDOR...

Para quem tivesse dúvidas sobre a verdadeira natureza de alguns "sentimentos" das pessoas ligadas aos sectores mais conservadores, aqui está um documento em que, para além de uma hipocrisia levada ao extremo, mostra a verdadeira face dos defensores do chamado "direito à vida". Jornal PUBLICO de 2 de Março, publicidade paga:



Provavelmente, já muita gente o terá visto. Mas nunca é demais alertar para a "oportunidade" de lançamento deste panfleto; numa altura em que (finalmente!) a esquerda dispõe de uma maioria confortável na Assembleia e no País, eis que os arautos da intolerância e do reino das trevas se levantam, numa tentativa desesperada de contrariar aquilo que se avizinha, ou seja, o fim da perseguição às mulheres e à sua dignidade. Para que deixemos de ser o único País da UE a ter uma das leis mais repressivas sobre o aborto.

Para mim, este homem não está só! Atrás dele estará porventura a clique reaccionária do costume; já os conhecemos, já sabemos o que eles pensam. Para eles, ainda deveriam existir as fogueiras da Inquisição, ou os campos de concentração, para punir os crimes que eles próprios "decretam"…

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