22 dezembro 2024
ENCOSTAR O GOVERNO À PAREDE
Imagens de terror e de humilhação que da rua passam e entram pelos ecrãs das televisões, qual espectáculo degradante e desrespeitoso da Liberdade.
Assim, um governo indigno e miserável humilhou cidadãos imigrantes, minorias desprotegidas e esquecidas. Lembradas apenas quando o poder quer manifestar o seu desprezo pelas condições em que vivem.
Imagens que pouco diferem da primeira e que deveriam envergonhar os “responsáveis”, autores da ideia e da sua concretização.
O governo da Direita, reaccionária e fascizante, quis encostar à parede os cidadãos, para encontrar uma faca (não se sabe se faca de cozinha ou canivete), supremo castigo para quem vive a trabalhar.
A única resposta possível é mesmo encostar este Governo à parede.
Se querem humilhar os cidadãos na rua, é na rua que têm que ser travados, Governo e Presidente da Câmara de Lisboa, parceiros na “luta” contra os imigrantes.
Impossível ficar indiferente!
À mais que previsível próxima rusga, aleatória em qualquer “benformosa” rua da Cidade, saibamos responder de forma clara, por exemplo, cercando a sede do Governo e encostando à parede todas e todos os montenegros, melos e quejandos que nos faltam ao respeito e que pretendem, acima de tudo, denegrir cidadãos e lançar a insegurança.
O País não é propriedade desta gente sem escrúpulos!
ENCOSTEMO-LOS À PAREDE!
25 novembro 2024
A COMPARÊNCIA
“Porque é que de mim levo o mesmo pressentimento
de jornadas para sempre infrutíferas
que está no morto firmamento...”
"O Pranto da Escavadora, III", de Pier Paolo Pasolini (1956)
A comparência de hoje na Assembleia da República (AR) à farsa orquestrada para comemorar o tal dia de Novembro, curiosamente vinte e cinco, foi classificada por Rodrigo Sousa e Castro como uma “fantochada”, na entrevista à rádio TSF, às 10 horas da manhã. O ex-militar de Abril, que foi um dos subscritores do chamado “Documento dos Nove”, tem uma visão fática e algo ingénua do levantamento daquele dia. O Grupo, que tinha o mesmo nome do Documento, era constituído pelos ditos oficiais “moderados”, alguns dos que se opunham ao desenvolvimento do processo revolucionário em curso e que haviam derrubado o V Governo Provisório de Vasco Gonçalves, em Agosto de 75. Sousa e Castro procurou, da forma que melhor conseguiu, transmitir o seu desencanto pela actualidade, que descreveu como um avanço de toda a direita reaccionária, tipificada em certas personalidades do PSD, do que ainda resta do CDS e dos grupúsculos da extrema-direita, incluindo os que têm assento parlamentar. Desencanto que diz transforma-se em tristeza profunda por ver o Eanes associado à dita fantochada.
O que faltou dizer (Sousa e Castro não o poderia fazer) é que o 25 de Novembro liquidou por completo a Revolução que se seguiu ao golpe de estado protagonizado pelos militares em 25 de Abril de 1974. E ainda, que o processo revolucionário tinha proporcionado uma tipologia de poder paralelo ao poder de Estado, nos quartéis, nas fábricas e nas empresas, nos campos e nas casas, com o papel fundamental desempenhado por comités de fábrica, unidades colectivas de produção, comissões de trabalhadores, comissões de moradores e outros organismos de base.
Deturpa-se a história, tentando reescrevê-la, inundam-se as consciências com a narrativa pérfida do fantasma da “ditadura comunista”, pretende-se demonstrar que a liberdade só foi possível com o golpe de Novembro. O vício de raciocínio é de tal forma falacioso que, muitas vezes, são os próprios viciadores que ajudam a desfazer a própria narrativa. O 25 de Novembro é a consequência natural do triunfo da normalidade contra um processo revolucionário que foi um dos momentos mais altos do País, em termos de direitos, liberdade e garantias. A liquidação da Revolução de Abril. Até hoje, foi sempre a recuar.
Sobre quem colaborou no momento "folclórico de uma era bizarra", classificação de Joana Mortágua (BE), são ainda de salientar as palavras de Pedro Delgado Alves (PS), "não foi uma vitória da direita sobre a esquerda, foi uma vitória da esquerda democrática contra uma deriva sectária e radical”. Se ambos os Partidos considerariam não serem admissíveis “revisionismos, vontades revanchistas ou provocações”, pergunta-se, porque aceitaram participar, porque decidiram comparecer?
A comparência na AR é assim a demonstração pura e dura da realidade no nosso País, vergada à dominação da Direita e à mais triste servidão e submissão de todos os que, dizendo não a apoiar, lhe prestam veladamente tributo e vassalagem. É este, “dentro de mim... o mesmo pressentimento”.
06 novembro 2024
MAGA Patológica
No dia das bruxas e bruxinhas lá do sítio acabou por triunfar esta (ou este). Ficou mais perto de um céu qualquer. Que é patológica, porque alguma patologia tem, pode ser de “pato”, ou outro qualquer animal. Doentio? Sim, claro. E bastante. Mas lá no reino parece ser a/o maior. E isto de duvidar do género dele/a também tem a sua piada, sabemos bem porquê.
Entretanto, a Maga original tinha alguma lógica (era Patalógica, ou seja, uma Pata lógica), sempre a tentar roubar a moeda número um ao Tio Patinhas, esta MAGA (ou este) rouba descaradamente, não é julgado por isso e, elas e eles, ainda votam nele e elegem-no para chefe. Isto poderia parecer estranho um mundo qualquer, mas neste não é assim, porque é o mundo das bruxas, as quais, como se sabe, não existem, mas que as há, é verdade. Entretanto, a outra bruxinha simpática, bonita e bem-disposta, lá foi fazendo a sua guerra, aliás é especialista nisso, mas, como era duma outra facção mais escura, ficou pelo caminho, muito caladinha. Dinheiro parece não lhe ter faltado, das guerras e suas armas e de outras coisas que para aqui não são chamadas.
Num outro reino que tem por hábito prestar vassalagem a este logo se elevaram algumas figuras de proa, congratulando-se com a vitória do ser patológico, apesar de, uns dias antes, lhe terem chamado os piores impropérios. Assim funciona o patológico meio dos bajuladores e do séquito de outros animais caninos. Excitam-se até, na sua ânsia de ser fiéis.
Ainda bem que sou um gato...
19 outubro 2024
O PS É A MELHOR MULETA DA DIREITA
Nada que não se esperasse.
Pedro Nuno Santos deu o golpe final na esperança de quem nele confiava.
O PS, com medo de eleições, vai, uma vez mais, dar a mão à direita, argumentando que é um "partido responsável". Isto deve ler-se na perspectiva seguinte: é RESPONSÁVEL por caucionar as políticas da direita, em mais uma tentativa de destruir o Estado Social em Portugal. É RESPONSÁVEL pela aniquilação de qualquer esperança à Esquerda, porque, apesar do discurso enganoso, acaba sempre do outro lado da barricada.
Um Partido sem rumo e sem ideias, na verdade cada vez mais próximo do PSD, com quem diz divergir, mas que a prática e os factos mostram que afinal o que quer é convergir.
O PS não se livra dos remoques do Ventura, que ora se reclama "líder da oposição". Na verdade, com esta "aliança" com o PSD, fica completamente prisioneiro da estratégica da Direita. Sim, oposição porquê, quando vai caucionar um orçamento do "adversário"?
O PS é um partido perdedor. Mesmo quando ganha alguma coisa está sempre com medo de perder, ou eleitores, ou lugares, ou simplesmente a confiança.
O PS é um partido que nada tem a ver com o nome que usurpou à tradição do movimento operário.
o PS é um partido de burocratas, sempre a espreitar a melhor oportunidade de salvar o capitalismo e trair os trabalhadores.
O PS não tem cura, é mesmo a melhor MULETA DA DIREITA!
09 outubro 2024
A MELHOR DAS OPORTUNIDADES
A traição é uma constante, quando se insiste numa “verdade” discutível e perversa e se dispensa o essencial, que consiste em estar atento e defender quem deve ser defendido, quem produz riqueza e é sistematicamente explorado.
Bater no Partido Socialista (PS) é um verdadeiro exercício democrático. É “obrigatório” chamar este partido à razão, porque sistematicamente navega nas águas turvas da mais alarve “moderação”. Não significa desrespeito pelo Partido. Antes pelo contrário, tem todo o sentido: obrigar o Partido a não perder oportunidades.
Uma oportunidade como esta não pode, nem deve ser desperdiçada. Num cenário do mais absoluto desprezo pelo cidadão e pelo Estado Social, o Partido que se diz “socialista” só tem uma hipótese de votar, que não o descredibilize por completo: CONTRA.
Não é, pois, admissível que este Partido ainda esteja a pensar em subterfúgios, equacionando uma putativa abstenção, dando assim mais uma oportunidade de sobrevivência ao triste e sórdido governo da Direita, que não tem o direito de continuar a destruir o País, como muitos outros o tentaram fazer antes. Este governo só tem um caminho possível e nem vale a pena especificar qual. Um governo que admite nunos melos e outras aberrações sociais, está à partida ferido de morte e não tem salvação possível.
Quem ainda tem alguma salvação é o PS. Votando CONTRA estará a tomar uma posição de classe. Se é (ou não) capaz de o fazer é questão cuja resposta é afinal tão simples quanto isto: recusar a chantagem da Direita e afirmar-se como alternativa. Outra questão será saber se este PS é alternativa. Afinal, nunca o será se alinhar com o situacionismo.
A situação, assim colocada, parece simples. Não ceder, não alimentar ilusões, não pactuar. Mesmo que possam parecer muitos “nãos” ao mesmo tempo. Porque ainda há mais. O malévolo conceito de “sentido de estado” não passa de uma tradução rasteira de “colocar o Estado em sentido”. A Direita obviamente gosta disto. Se o PS também gosta, não vale a pena dizer que é de Esquerda, quando não passa de um apêndice da Direita.
Mas que grande oportunidade de contrariar a “lógica” dos últimos tempos. Será possivelmente a última que o PS tem. Abster-se, significa sofrer de impotência, a doença maior da política, o cancro da chamada “democracia”.
Apenas para dizer que não falei de oportunidades...
05 outubro 2024
A REPÚBLICA DO CARUNCHO
É impossível esquecer imagens com esta.
Quais insectos que corrompem o tecido social, apresentam-se (sempre) acompanhados pelo poder repressivo, pedem democracia mais “igual e “justa”, vociferam contra “inércia e “vaidades”. De acordo com os relatos da clique jornalística caseira, não deixam de “apontar obstáculos e imperfeições”. Dizem que a “República e democracia estão vivas, mas sabem que têm de mudar e muito”, sem perceber que estão a falar contra eles próprios e contra a sua classe de burocratas. Ao proclamar uma democracia "mais livre, mais igual, mais justa, mais solidária", estão a ofender a Igualdade, a Justiça e a Fraternidade. Abusam da Liberdade, interpretando-a como uma variante arcaica, profundamente anti-republicana.
São o caruncho de uma sociedade podre e castradora.
Não merecem a atenção dos cidadãos, que no dia a dia lutam por uma vida melhor. Ao contrário dos revolucionários que, em 1910, renegaram a monarquia e tentaram erguer uma República soberana. Hoje, mais uma vez, o povo que dizem representar fez questão de nem sequer lhes ligar, não comparecendo ao fausto da sua “festa”, preferindo quiçá parar e pensar no significado de uma “democracia” falsa e hipócrita. Ou em como esta sociedade predadora se tornou um paraíso de milionários e de “verdades” estupidificantes, onde abunda uma multidão de insectos assassinos.
Bem esteve hoje o Presidente, ao afirmar "A melhor maneira que tenho para servir o interesse nacional é não dizer nada". Seja lá o que for o tal “interesse”, iremos assistir ao som do silêncio a que temos direito?
01 outubro 2024
COISAS...
Os mesmos "democratas" que estrebucharam em 2022 com a invasão russa da Ucrânia estão agora surdos e mudos com as matanças de Israel em Gaza e agora com a invasão ao Líbano.
É bem claro e evidente que estamos a falar de coisas diferentes.
É bem claro que o que deve contar para todos nós é a posição "sensata" e "moderada" do Ocidente e dos aliados, as verdadeiras e únicas "democracias".
O resto é conversa. Estamos perigosamente perto da estupidez e da cretinice americanas, bem patente na santa ignorância da maioria e da cega absoluta a tudo o que não é americano.
O que é bom é a NATO e a UE. E quem assim não pensa é "...ruim da cabeça ou doente do pé", como bem canta Dorival Caymmi. Rima e é verdade.
E já agora uma nota de somenos importância. Todas as notícias a "que temos direito" vêm directamente do mesmo lado, ou seja do governo ou do exército de Israel. Claro que isso é para não ficarmos baralhados...
O que nos "descansa" é que os "bons" ( NATO e UE) estão diariamente a fazer esforços "...no sentido de minimizar o conflito". Embora, todos os dias, estejam a fornecer armas e munições para Israel. Mas claro, isso não interessa para nada.
Tem que haver um BASTA!
08 julho 2024
E QUE VIVA A INSUBMISSÃO!
Situando as coisas, atentemos no triplo verdadeiro significado de “insubmissão”: rebeldia, desobediência, insubordinação.
O viva à insubmissão faz hoje, 8 Julho 2024, todo o sentido, não apenas pela vitória da coligação de Esquerda em França, mas também pelo facto de o Partido maioritário da Nova Frente Popular ser o “França Insubmissa”, de Mélenchon. E ainda pela recusa ao conformismo burguês, que apostava na continuidade, tivesse ela a face macroniana, ou a penista da extrema-direita.
A comunicação social burguesa montou um espectáculo favorável, sobretudo quando apostou, como sempre o faz, em falsas premissas, baseadas na tese perversa que, na Europa, as pessoas cansadas de políticas adversas à sua condição e aos seus direitos, querem apostar em qualquer “coisa diferente”. A perversidade está precisamente no facto de a “tal coisa” ser a extrema-direita, que nada tem para oferecer, a não ser mais miséria (Itália...), mais desigualdade, mais discriminação, mais ódio. Na verdade, o catastrofismo que apregoam é secundado caninamente pelos comentadores do regime, que promoveram e promovem a extrema-direita que dizem combater, que normalizaram as agremiações fascistas, nazis e xenófobas, equiparando-as à uma “extrema-esquerda” que apenas existe na sua limitada imaginação. E, para cúmulo, nas suas teses lerdas e limitadas que contribuem, nos tempos que correm, para a estupidificação colectiva, a principal marca do “venturoso” século XXI.
Claro que há “mas”. Há sempre um “mas” para tudo. Mas (lá está) quando se tenta mascarar a vitória da Esquerda, com afirmações néscias, como “a derrota da extrema-direita não é assim tão má, porque afinal aumentaram o número de votos...”, “o partido de Macron afinal não foi derrotado como o previsto...”, ou “as Esquerdas dificilmente se vão entender...”, chega-se ao delírio máximo do desvario. Aliás, não foi a comunicação social burguesa, através do mecanismo perverso das sondagens, que mais “orientou” para a “inevitabilidade” da ascensão e presumível vitória da extrema-direita? Os “mas” que agora se devem colocar nada têm a ver com a lógica burguesa que, ao distorcer por completo a ideia de democracia, afirmam hoje que “isto” é apenas um intervalo, o que interessa agora são as presidenciais.
Entretanto, atente-se neste delicioso pormenor: a questão parece ser sempre o personagem (mulher ou homem), a sua pertinência, ou resiliência, sinónimos de um poder fátuo. A verdadeira questão é o sistema, um sistema económico e financeiro que promove diária e permanentemente, desigualdades e injustiças. Precisamente na França, onde hoje há quem não tenha dinheiro para comer, para comprar remédios, ou para ter uma habitação decente, tal foi a fúria neoliberal que se abateu sobre os trabalhadores.
Para os comentadores e para os acólitos jornalistas que os promovem e incentivam o que interessa é mesmo (como sempre aconteceu) desviar atenções para a “personagem”, ocultando o essencial. Ao apostarem no catastrofismo patente, exemplificado em tiradas destas, "desastre para a economia, tragédia na imigração...” ou “vitória da Esquerda é uma verdadeira derrocada para a Europa”, estão a promover quem as profere. Ao procederem desta forma são cúmplices do capital e merecem o repúdio generalizado. A sua falta de credibilidade é, não só, fruto da sua incompetência, mas sobretudo sinal da sua ligação fatal aos interesses do dinheiro. Acordarão num monte de esterco no dia em que os trabalhadores acordarem e tomarem o Poder.
Fica, para reflexão, a crítica ao “sistema democrático”, que o Ocidente (e particularmente a Europa) promove e quer impor como único e o melhor para o “nosso modo de vida”. Tal é particularmente sensível a quem, por absoluta impossibilidade, não conhece outro. O que querem dizer quando falam no “reforço da democracia”, ou no “aprofundamento do espaço democrático na Europa”, quando vemos, multiplicados todos os dias sinais de restrições à Liberdade de expressão, gastos sumptuosos de dinheiro para promover e instigar a guerra, imigrantes despojados e atirados ao mar, populações marginalizadas caso não alinhem pelos tais “valores”, cidadãos cada vez mais pobres e sem acesso aos bens essenciais?
A EU vai mesmo conviver mal com a vitória da Esquerda em França. Vai obviamente engolir um sapo do tamanho do seu ego. Esta “união”, que dá palmadinhas nas costas a nazis declarados e a fascistas encapotados, precisa mesmo é de uma insubmissão generalizada, que promova o Conhecimento e que active o melhor do ser humano, para a destruição do sistema que o oprime e o impede de pensar. Bento de Jesus Caraça, disse, nos anos trinta do século passado, “Um pensamento que não passe à acção ou é aborto ou é traição”. Saibamos ler, nas palavras deste Ilustre português, o necessário (hoje, doloroso) apelo à acção.
E que viva a INSUBMISSÃO!
15 junho 2024
OSLO, “FAROL DE LIBERDADE”?
Acordo hoje com a notícia e um programa especial de promoção da Rádio TSF, sobre o “Fórum de Liberdade de Oslo” (Oslo Freedom Forum- OFF), que ora se inicia.
Por terras de Cabo-Verde, onde me encontro, o assunto é completamente estranho e não admira. Tal evento parece apenas ser notícia na Europa, nos EUA e no auto-designado “mundo livre”, que, como é sabido, agrupa as ditas “sociedades desenvolvidas” e que incarnam o espírito do Ocidente, de supremacia branca e convencido que a sua influência é global e que o resto do Mundo lhe tem que prestar vassalagem. Pior, que a imensa maioria do resto do Mundo representa para eles uma ameaça existencial, precisamente porque não partilham os “valores ocidentais”, tidos em absoluto, como “livres” e “democráticos”.
Para a organização do dito evento, o grande objectivo é juntar, uma vez mais, “os combatentes pela liberdade e as iniciativas humanitárias em oposição aos regimes autoritários em todo o mundo”. Curiosamente (ou não) o programa da TSF dá voz exclusivamente, aos “combatentes” contra Putin, contra a China e contra todos os gravitam na auréola do império norte-americano e que não vêm mais nada que a “liberdade” do neoliberalismo, que naturalmente dita do alto do seu poder quem é, ou não, “democrático” e “livre”. Um dos mentores (e chefe máximo) deste evento é o bem conhecido “mestre” Garry Kasparov, que do xadrez passou para a política, ressabiado com o Partido Comunista Russo, fundador de uma outra organização política e pretenso candidato à Presidência, mas que não conseguiu reunir no seu País qualquer interesse, embora tenha sido promovido no Ocidente, tal como aconteceu com o “encantador” Alexei Navalny, que considerava os muçulmanos como baratas e que defendia o seu extermínio. Também muito naturalmente, viria a culpar Putin, pelo seu fracasso. Na sua obra, "O Inimigo que Vem do Frio", Kasparov inclui um subtítulo, na edição inglesa, muito significativo, "Why Vladimir Putin and the enemies of the free world must be stopped" (“Por que é que Vladimir Putin e os inimigos do Mundo Livre têm de ser travados”). Como tudo isto fica bem, ao gosto ocidental.
Resta apontar que o OFF é uma conferência anual apoiada, segundo informação da organização, “por várias instituições que concedem doacções na Escandinávia e nos Estados Unidos através do Human Rights Foundation (HRF)”, sendo que a HRF se auto-classifica como “organização sem fins lucrativos que se concentra na promoção e protecção dos direitos humanos a nível mundial, com ênfase no que designa por “sociedades fechadas”.
Por falar nisso, por oposição e bem ironicamente, existirão as “sociedade abertas”. E são estas que ignoraram quase completamente o Fórum Económico Internacional de São Petesburgo (SPIEF), realizado de 5 a 8 de Junho. Nesta sua 27ª edição, o SPIEF contou com a presença de mais de 21 mil participantes provenientes de 139 países, tendo como tema central “um mundo multipolar para construir um novo ponto de crescimento”. Esta é curiosamente uma verdadeira Maioria Global, com BRICS (Brasil, Rússia, India, China e África do Sul), SCO (Organização de Cooperação de Xangai), EAEU (União Económica Euroasiática), CSTO (Organização do Tratado de Segurança Colectiva), CICA (Centro de Informação sobre Contaminação de Ar), União Africana, NAM (Movimento dos Não-Alinhados), entre outros. Aliás, poderá até dizer-se que a maior parte da comunicação social do Ocidente-Sociedade Aberta ocultou simplesmente (para não utilizar um termo mais forte) a realização do SPIEF.
Diante da maior farsa dos últimos tempos a que deram o nome de “conferência de paz”, os fantoches ocidentais que promovem a estupidificação colectiva, perante a indiferença cúmplice de tanta “gente conceituada”, também parecem ignorar a declaração da Federação Russa, que diz claramente “Assim que Kiev anunciar a retirada de todos os territórios de DNR, LNR, regiões de Kherson e Zaporozhie e prometer não ingressar na OTAN, Moscovo dará a ordem para cessar-fogo e iniciar negociações”. A verdade, nua e crua, é que a Ucrânia, (ou melhor, o seu presidente) e o Ocidente não querem paz alguma, mas simplesmente a guerra contínua, que massacra primeiramente o povo da Ucrânia e depois os trabalhadores ocidentais, que sofrem as privações e que, em última instância e contra a sua vontade, financiam a guerra.
Como bem afirma o filósofo português Viriato Soromenho Marques, em artigo publicado no Jornal Diário de Notícias, no passado 10 de Junho 2024, “O neoliberalismo e a sua teologia de mercado intoxicaram a construção europeia, desde logo na incompetente arquitectura da Zona Euro, e depois na passividade cúmplice face à subida aguda da desigualdade e da pobreza nos países europeus”.
A estratégia que influencia o dito OFF é a mesma que suporta o neoliberalismo, vive e alimenta-se dele, contra a grande maioria (os 99%). Como têm tudo à disposição, dinheiro, armas, exércitos e propaganda, enganam e escravizam os 1% de todas as formas possíveis.
25 maio 2024
SOBRE A CAPACIDADE DE APRENDIZAGEM
Provavelmente uma das maiores janelas de lucidez do ser humano, enquanto pensante e crítico de si e dos outros, é, sem sombra de dúvida, a capacidade de aprendizagem. Diz-se, do ponto de vista pedagógico, que pouco ou nada se ensina a um adulto, se este não mostrar alguma apetência e vontade para aprender. A vontade de aprender e de melhorar o seu estatuto social é uma determinante do ser livre e será meio caminho andado para a efectivação das transformações sociais que o libertem do jugo castrador, particularmente nas sociedades ditas avançadas, onde o “avanço” parece ser apenas no sentido da intensificação da propaganda e da castração mental.
Isto a propósito de uma sessão de campanha promovida ontem pela Cooperativa do Povo Portuense, respeitadíssima Entidade da Cidade do Porto e de que sou Membro. Por mais gratificante que tenha sido a ideia de juntar numa sessão, alguns Candidatos, o facto de se tratar de um debate sem direito à participação do público, acabou por constituir um factor de perturbação, ilustrado na circunstância de apenas ter havido uma pergunta de dois participantes e mesmo assim, com a condicionante de ter de ser “uma questão concreta e nunca um comentário”.
A sessão serviu essencialmente para mostrar a falta de capacidade da Direita para aprender alguma coisa. A Direita não quer aprender. A Direita não sabe aprender. A Direita embarca, faz parte dela, na onda reaccionária que perpassa nas sociedades ocidentais, convencidas de uma irritante superioridade moral, suportada na falsificação histórica e na ideia que existe uma democracia, baseada na “prosperidade” e na “liberdade”, como se estas asserções consistissem em si algo de concreto e sustentado. A Direita está na crista da onda e dedica-se à “nobre” tarefa de decidir, por exemplo, quem deve concorrer a este acto eleitoral. Deve, ou deveria, como foi claramente afirmado pelo representante da AD, “a estas eleições só deveria concorrer quem é europeísta”. Sendo que são naturalmente eles (os adês) quem decide quem é e quem não é, seja lá o isso for (ser “europeísta”).
Ficou claramente demonstrado que apenas a Esquerda se preocupa com os reais problemas dos cidadãos. Que foram elencados e devidamente apresentados, perante a impotência (é este o termo preciso) da Direita, que apenas reagiu a tal, com ignorância e impreparação. E com provocações, como foi o caso do representante da IL. A incompetência da Direita ficou patente, de forma evidente, nas questões europeias e nacionais. A Direita tem somente a linguagem de glorificação do Império e do sistema neoliberal, que afunda cada vez mais os trabalhadores e os obriga a prestar vassalagem ao Capital, à banca e ao domínio imperial, do qual a dita “união europeia” é um servil vassalo e quer tornar os cidadãos dependentes, por vezes escravos, das benesses que vão sobrando e com as quais deveremos todos ficar contentes e felizes.
E o que não deixa de ser confrangedor é a posição do Partido, dito Socialista, que enche a boca com os valores de Abril e depois alinha completamente com as teses neoliberais e as práticas de enfeudamento total às directivas da “união”. Na sua incapacidade de aprender, demonstra assim como se verga perante o Capital. A sua postura centrista e “moderada” é aliás a prova sempre evidente de como a “moderação” é apenas um sinal de capitulação.
A capacidade de aprendizagem dos organizadores ficou também posta à prova. Não basta a pretensa boa-vontade da organização, nem muito menos servirá de desculpa para uma “moderação” fraca, impreparada e desequilibrada, sob todos os pontos de vista. Quando assim é, e foi na verdade o que aconteceu, a coisa descamba para uma direcção dos trabalhos musculada, por vezes eivada de falta de respeito e de educação.
A capacidade de aprendizagem é muito mais bonita que o respeitinho...
20 maio 2024
SOMOS NÓS OS TEUS CANTORES (*)
Quando escreveu este tema, no ano de 1971, Zeca não poderia vaticinar o que hoje se passa na Palestina. A Primavera tem monstros e canalhas e o rei vai nu. Mas nós cantamos, porque é preciso lembrar que não podemos esquecer. Hoje cantámos pela Paz, amanhã estaremos na rua, todos os dias se necessário for, para manifestar repúdio pela ocupação israelita e contra o genocídio do povo palestiniano.
Diz o Poema do Zeca para te livrares do medo “...Que bem cedo/Há-de o Sol queimar” e avisa, “E tu camarada/Põe-te em guarda/Que te vão matar”, vaticinando os sinais de desgraça que correm num mundo sem vergonha, que apoia, ou no mínimo, consente o terrorismo da ocupação e do genocídio.
Nos últimos dias, soubemos que já são mais de 35 mil palestinianos assassinados por Israel em Gaza e na Cisjordânia, vítimas dos violentos e constantes ataques das forças de Israel, na maioria, mulheres e crianças. E que Israel matou 31 pessoas no campo de refugiados de Nuseirat, consequência da intensificação dos ataques aéreos e terrestres em Gaza. E ainda que a ocupação israelita cometeu 9 massacres contra famílias na Faixa de Gaza, causando 83 mortes e 105 feridos, entre 17 e 19 de Maio. E que, na semana passada, colonos israelitas armados atacaram um pastor palestiniano e roubaram várias das suas ovelhas na região de Masafer Yatta, localizada a sul de Hebron, na Cisjordânia ocupada. E também que um grupo de colonos armados atacou pastores na área de Hreiba Al-Nabi, em Masafer Yatta, pilhando e matando. E que dezenas de colonos cercaram uma casa na aldeia palestina de Bayt Sakarya, localizada ao sul de Belém, na Cisjordânia ocupada, segundo fontes locais e forçaram Abu Sawi a deixar a sua casa, mas acabaram por ser confrontados pelos habitantes locais e forçados a sair.
Tudo isto em apenas 2 dias.
Entretanto, a resistência intensifica-se. Em Bruxelas, estudantes da Universidade mudaram o nome de una sala para "Jabalia Hall", em solidariedade com o campo de refugiados de Jabalia, perante os ataques constantes das forças israelitas. As notícias dos mais variados países dão conta de manifestações e outras realizações que denunciam a ocupação e o genocídio, enquanto os seus dirigentes, burocratas comprometidos com o imperialismo norte-americano, fingem não saber de nada e, nalguns casos, ainda aplaudem, como por exemplo, no Reino Unido, apesar dos 800 mil que desfilaram em Londres a 11 de Novembro de 2023, onde as manifestações a favor do cessar-fogo, são qualificadas como “marchas do ódio”. Ou o caso do governo de Portugal, onde o Ministro dos Negócios Estrangeiros e o próprio PM estão mais preocupados com os acordos que S. Tomé e Príncipe terá assinado com a Rússia...
A situação sanitária em Gaza agrava-se de dia para dia, perante a complacência internacional. Existe uma enorme carência de medicamentos e material médico, para prestar serviços de emergência e cuidados primários em hospitais. A Agência de Obras Públicas e de Socorro das Nações Unidas para os refugiados de Palestina disse que mais de 630 mil pessoas foram obrigadas a fugir de Rafah desde que começou a ofensiva militar de Israel, nomeadamente desde 6 de Maio.
Se quem canta seu mal espanta e se a cantiga é uma arma, então que sirva, como no Concerto da Paz, para difundir o repúdio e a indignação. Não é possível admitir que hoje, em França, seja considerado perigoso exibir o lenço palestiniano, ou apenas apelar à Paz, sem ser visto como apoiante do Hamas. Mas, ao mesmo tempo, para promover uma sólida educação para a Paz. Divulgando e disseminando a canção do Zeca “Venha a maré cheia/Duma ideia/Pra nos empurrar/Só um pensamento/No momento/Pra nos despertar".
Assim, poderemos gritar bem alto “Somos nós os teus cantores”: “Ergue-te ó Sol de verão/Da matinal canção/Ouvem-se já os rumores/Ouvem-se já os clamores/Ouvem-se já os tambores”
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(*) Referências expressas ao tema de Zeca Afonso “Coro da Primavera”, do Albúm “Cantigas do Maio” (1971)
09 maio 2024
A ESPIGA DA EUROPA NÃO DÁ PÃO
Associado a uma simbologia pagã, apropriada, como tantas outras, pela igreja católica, está um antigo ritual ligado à fertilidade e à abundância, que convoca à celebração do tradicional Dia da Espiga. Tradicionalmente, este dia era considerado como um verdadeiro dia santo, em que não se devia trabalhar e que estava reservado para as pessoas e suas famílias fazerem um passeio matinal pelos campos para colherem espigas e um ramo de flores silvestres, aprimorado com oliveira e alecrim. Ainda existem aldeias portuguesas que celebram este dia, que antes havia sido feriado nacional. Acima de todas as crenças estará a consagração da Primavera e da natureza no seu esplendor. No plano prático encontramos similitude da espiga com o pão, essencial para o sustento.
Não se sabe o que o acaso nos pode mostrar, em celebrações como esta. Porque hoje também se celebra o Dia da Europa. Segundo consta do site da UE, o 9 de Maio serve “...para festejar a paz e a unidade do continente europeu”. E mais diz que a data “assinala o aniversário da histórica “Declaração Schuman”, que expôs a visão de Robert Schuman de uma nova forma de cooperação política na Europa, que tornaria impensável uma guerra entre os países europeus.”
Daquilo que sabemos do “projecto” de convergência e de união entre os povos, que teria estado na base da “construção europeia”, pode ser hoje motivo de chacota ler o que ficou atrás citado. Isso e mais a tremenda lavagem ao cérebro dos cidadãos feita pelas agências de informação ao serviço do capitalismo neoliberal, para os levarem a acreditar que há um projecto em seu apoio e ao seu bem-estar. O que vemos é a extensão dos privilégios aos senhores do dinheiro e expansão militar, ao serviço da empresas de armamento e da imposição de um regime colonial aos países da periferia. E o cúmulo de tudo isto é a Europa ser a face do mais profundo desrespeito aos desalojados e despojados, com políticas vergonhosas de discriminação e de humilhação aos chamados não-europeus, plantados em campos de refugiados, por força de políticas atentatórias dos direitos humanos. Uma Europa subjugada ao imperialismo americano, chefiada por um directório não-eleito e com um parlamento esvaziado de sentido e de poder, à mercê de burocratas e oportunistas, com uma linguagem e uma atitude destituídas de sentido humanitário, tendo como único propósito enganar, mentir, desprezar a cultura e reescrever a História. Com milhões e milhões que nunca faltam quando se trata de semear a guerra e a destruição, tentando (e conseguindo...) convencer os cidadãos de que estamos a “defender os valores do ocidente e da civilização”.
O actual primeiro-ministro português, na sua “simplicidade” de raciocínio e no seu conhecido primarismo, disse hoje uma verdade terrível: os portugueses deveriam sentir-se “contribuintes da UE”. Não cidadãos, mas sim “contribuintes”. Como que a preparar o terreno para o grande objectivo desta união desastrosa que é a Europa do século XXI: o “contribuinte” deve ser “convidado” a “investir na defesa”, ir o mais longe possível na consagração de uma percentagem de 2% para tal desiderato. Esse é primeiro objectivo, pois temos que nos defender dos russos, que vêm por aí abaixo para anexar o continente. Por mais estúpida que seja a ideia, a verdade é que ela parece prevalecer e é nela que querem que acreditemos.
Celebremos então o dia da espiga, com “jarros e perpétuos amores” e “pássaros estúpidos a esvoaçar”, como na canção do Reininho, onde se adora “...o campo, as árvores e as flores” e “todos os bichos do mato”. Mas, na celebração, não nos esqueçamos que esta Europa é uma farsa e uma mentira completa, onde “não há pão, não há sossego”, como na canção do Zeca. Onde o pão para quem precisa é sempre mitigado.
Ao “celebrar” o que querem que celebremos, demos contrapor que a espiga da Europa não dá pão.
05 maio 2024
UMA NOITE DE TERROR NO PORTO
A noite e a madrugada de 4 de Maio marcam o terror para os imigrantes do Bonfim, barbaramente agredidos por uma horda fascista e racista, na Cidade. São covardes que atentam contra a vida e os direitos humanos, indignos e indigentes, que apenas têm na cabeça excrementos da sua existência miserável.
Quando encapuzados forçam a entrada em casa de emigrantes e os agridem com paus e sabe lá com que mais, como conta a reportagem do jornal Público, estamos perante (mais) um caso de violência intolerável, provocada por energúmenos que não merecem a Liberdade e que não são capazes de conviver com a diferença e com a tolerância. É absolutamente inadmissível que as polícias apenas consigam dizer que vão investigar, quando se conhece bem esta linguagem, que tolera e permite comportamentos daqueles. Aliás, diga-se de passagem, que as polícias estão quase sempre do lado dos agressores, basta ver a forma como reprimem as pessoas diferentes, nas suas manifestações pacíficas. E já agora, a forma como toleram, no seu seio, verdadeiros racistas e fascistas.
Quem conhece e lida com este tipo de gente, que nem merece que isso lhe chamem, sabe bem que estão dispostos a tudo, mesmo a matar. Querem e ostentam, no seu discurso e actos, a “limpeza”, que não é mais que, pura e simplesmente, sinónimo de eliminação.
Segundo o relato do Jornal, os cidadãos emigrantes fogem assustados pelo telhado e provocam barulho e estragos que alguém se apressa a perguntar “quem paga os prejuízos?”, aparentemente uma lamúria que encobre o sentimento racista e xenófobo de quem acha que “eles” estão a mais e que “...deveriam ir para a sua terra”. Alguém, na sua infinita estupidez, diz não acreditar que a casa tenha sido invadida sem motivo, “...alguma coisa devem ter feito”, a costumeira lengalenga de quem apenas pensa em si próprio e não faz a mínima ideia do que é uma sociedade solidária.
Ao dizermos que tudo isto tem que terminar, como o faz o Presidente da República, salientando que “...a violência racial e a xenofobia não têm lugar na sociedade portuguesa” deveria passar das palavras aos actos e pugnar pela igualdade de tratamento, numa sociedade profundamente desigual. Ao condenar “...veementemente, em meu nome pessoal e do Governo português, os ataques racistas desta noite...”, Montenegro diz exprimir solidariedade “...com as vítimas e reafirmo tolerância zero ao ódio e violência xenófoba”. E não deixa de elogiar “...o trabalho das nossas forças de segurança”. Aqui deve dizer-se, com toda a frontalidade, que aquelas forças são as mesmas a quem se deve atribuir a enorme responsabilidade de nada fazer, na maior parte dos casos, e noutros, de incentivar o “trabalho” dos nazis e racistas.
O principal e verdadeiro problema, é que as políticas que os “responsáveis” defendem e praticam, promovem e semeiam a injustiça e a desigualdade.
E o medo de ser ... apenas um cidadão.
02 maio 2024
UM PRIMEIRO DE MAIO VERMELHO!
Este sim.
Após "tantos anos a viver pela calada", ou simplesmente subjugados à ditadura mediática, eis que a rua de repente é invadida e ocupada por quem trabalha e luta, muitas vezes, pela sobrevivência.
Assim foi no 25 de Abril, assim foi no 1º de Maio. A cor vermelha passou à frente do cinzentismo do Poder. Uma ofensiva necessária? Sim, porque estar à defesa significa recuar sempre, permitindo aos vampiros que continuem a comer tudo e a não deixar nada, alimentando-se do “sangue fresco da manada”. Sim, vampiros, como por exemplo a EDP e as grandes superfícies, Pingo Doce, Auchan, Sonae, Minipreço, Lidl. São estes que, ao mesmo tempo vêem o governo da Direita a baixarem os impostos, obrigam os trabalhadores a trabalharem Sábados, Domingos e feriados, muitas vezes sem receberem a dita “compensação”.
É disto que devemos falar, nomeadamente. Como é possível que se permita às grandes superfícies e hipermercados estarem abertas no Dia do Trabalhador?
A nova forma de escravatura passa (também) por aqui. Há que denunciar, há que impedir a tirania do Capital. É completamente falso que a abertura dos gigantes do mercado favoreça alguém. O que é verdade é que, pela obrigação forçada do trabalho aos fins de semana, se instalou o medo e a submissão. E que é também verdade é que, se andarem por esse mundo, encontram poucos, muito poucos, exemplos como o nosso, onde a parvoíce de ir fazer compras aos Domingos pegou de estaca, em prejuízo dos trabalhadores, cada vez mais explorados.
Acordem, venham para a rua, o lugar onde a Esquerda deve estar permanentemente, na insubmissão que a deve regular e onde os poderes normalmente acabam sempre por cair.
E que viva o 1º de Maio e a luta internacionalista dos trabalhadores!
14 abril 2024
ABSTENÇÃO FATAL
A prova provada da negação existencial.
A líder parlamentar Alexandra Leitão afirma: “O PS, através do seu secretário-geral, já tinha dito que nesta primeira fase não iria bloquear o início de funções do Governo e portanto irá viabilizar o Programa do Governo, abstendo-se nas moções de rejeição",
O Partido Socialista abstém-se depois de criticar "violentamente" o programa do Governo.
O Partido Socialista abstém-se e vai ”deixar trabalhar” o Governo da Direita.
O Partido Socialista vota, na prática, contra a Esquerda que, muito naturalmente, não pode deixar passar medidas prejudiciais, em alguns casos fatais, aos trabalhadores.
Pedro Nuno Santos (PNS) dá a machadada final na maioria dos eleitores que nele confiaram um voto, quer de convicção, quer de "crença" de que o PS defendesse os seus legítimos interesses.
PNS iludiu alguma Esquerda, provavelmente convencida que desta vez é que ia ser.
Ao abster-se, PNS deu a entender que, não só daria a mão a Montenegro, como ainda caucionaria medidas, ainda que avulsas, do governo da Direita.
Ao abster-se, PNS violenta toda a Esquerda. É uma traição à Esquerda. É, mais uma vez, a traição aos trabalhadores.
Que será que PNS vê de positivo neste Governo? Provavelmente a continuidade das políticas vergonhosas de submissão à NATO e à UE, protagonizadas por Cravinho e que vão ser continuadas por Rangel? A obsessão com a "defesa", cujas verbas superaram as da Habitação, em 2023?
Se assim for, vai muito bem este PS...
Quando precisávamos de um não rotundo à Direita, temos um "nim", que aliás é uma das "virtudes" do PS.
Mas PNS veio dizer que as medidas do Governo relativas aos impostos são “um choque de desfaçatez e de embuste”. Então em que ficamos?
O PS desirmanou-se da Esquerda e continua a caucionar a agenda neoliberal e fica agora amarrado à Direita.
O PS não sabe o que fazer e, como não sabe, acaba preso à sua própria retórica que lhe valeu a perda de 40 deputados e uma quebra percentual de 14%.
Para onde vai este PS???
O PARTIDO SOCIALISTA É A MULETA DA DIREITA
O Partido Socialista prepara-se para “deixar passar” o programa de governo da Direita. Aliás, essa atitude é por aquela interpretada como um “apoio” ao seu programa. Ou seja, se não vota contra é porque nos apoia. Muito bem.
Que razões podem levar o PS para tomar esta atitude, quando até o seu Secretário-Geral zurze de cima a baixo (e bem) no dito programa?
O que fica no final são as palavras de Pedo Nuno Santos (PNS) e que constam da última parte da sua primeira intervenção, logo após a apresentação feita por Luís Montenegro (LM): pode contar connosco para defender o estado social, pode contar connosco para defender a europa e pode contar também connosco nas questões da defesa.
Mais ou menos isto.
Já agora, parece que a abstenção do PS, admite e cauciona as propostas de política fiscal vergonhosas e desastrosas do PPD/PSD-CDS, que quer baixar impostos às fortunas e às grandes empresas.
Não, não é um pesadelo. O PS vai proporcionar, por via da sua abstenção, que a Direita cumpra o seu programa. E o mais ridículo é que o PS parece acreditar no “não-é-não” de LM e na sua verborreia direitista. Que ficou bem comprovada na “cerimónia” do logotipo e do apoio, mais ou menos declarado, ao repugnante livro de “uma vintena de beatos grisalhos que fez um tratado pela família tradicional”, como bem afirmou a Ana Matos Fernandes, mais conhecida como Capicua
O PS prova uma vez mais, se necessário fora, que está ao lado do Capital e que, mais uma vez, se preparar para trair os trabalhadores, trair as suas causas e os seus interesses.
Nada que nos admire, ponto.
Esta seria, repito seria, uma óptima oportunidade para PNS provar que é um homem de Esquerda. A atitude que vai tomar, ou que vai proporcionar, deita por terra o seu próprio património.
Depois de ter aberto a porta à extrema-direita, com as suas medidas demagógicas e que promoveram o descontentamento e a desilusão dos trabalhadores, o PS vai agora dar a mão à Direita.
O PS é mesmo a muleta da Direita!
04 abril 2024
NATO - 75 ANOS DE AGRESSÃO À LIBERDADE
Foi assinado em 4 de Abril de 1949, o chamado Tratado do Atlântico Norte. Foi apresentado como um “acordo de sistema de defesa coletiva, em que os 12 estados-membros fundadores (onde se incluía Portugal) se comprometeram com a defesa mútua em resposta a ataques externos”. É curiosa a forma como a NATO se vê a si própria. No seu site internet, diz-se que a “segurança no nosso quotidiano é fundamental para o nosso bem-estar” e que o seu objectivo “passa por garantir a liberdade e segurança dos seus membros através de meios políticos e militares.” Diz-se ainda que a NATO “promove valores democráticos e promove entre os seus membros a consulta e a cooperação em matérias relacionadas com a defesa e segurança com vista a resolver problemas, desenvolver confiança e, a longo prazo, evitar conflitos.” E finalmente “A NATO está empenhada na resolução pacífica de litígios...”.
Não deixa de ser surpreendente este fraseado. Não há (nunca houve, aliás) necessidade em poupar adjectivos sobre este Tratado, pérfido e mentiroso A NATO mostrou, logo na sua fundação, ao que vinha, apesar da retórica. As suas sucessivas intervenções, em todo o Mundo são a face visível de um instrumento de guerra, em defesa, não de nada em concreto que não seja a do imperialismo americano e da agressão indiscriminada, para impor a lei e a ordem de um império que, só mesmo pela força das armas, se mantém. Mas as intervenções militares da NATO estão plenas de crimes, muitas têm sido as denúncias, que nunca chegam a ser provadas, apenas porque quem os julga está ao serviço de quem os comete.
Não deixa também e ser curioso o facto de quando se faz um pesquisa relacionada com a NATO, apenas consta a verborreia armamentista e a defesa da guerra, sempre focalizada nos interesses americanos e dos designados “aliados” ocidentais. É muito difícil, por exemplo, encontrar relatórios e outra documentação fiável sobre os crimes da NATO. Ou mesmo sobre uma provável “legitimidade” de algumas das intervenções. Diz a NATO que, “Com o fim da Guerra Fria, a Aliança assumiu novas tarefas fundamentais, incluindo a formação de parcerias de segurança com várias democracias da Europa, do Cáucaso e da Ásia Central. Em resposta às mudanças no ambiente de segurança geral, a Aliança assumiu novas responsabilidades. Estas incluem o enfrentar tanto a instabilidade provocada por conflitos regionais e étnicos na Europa como ameaças com origem fora da área euro-atlântica". Traduzindo para português corrente, encontramos a realidade dos factos. As “parcerias de segurança” significaram na prática, as alianças para agressão da Bósnia e Herzegovina, para a desastrada e criminosa intervenção no Kosovo, para as guerras, de agressão gratuita, provocadas no Afeganistão, Iraque e Líbia. E ainda, todas as intervenções na América Latina e do Sul, sempre contra os movimentos de libertação e de defesa dos trabalhadores. A retórica do “...enfrentar tanto a instabilidade provocada por conflitos regionais e étnicos na Europa como ameaças com origem fora da área euro-atlântica”, traduz-se basicamente no primeiro objectivo estratégico americano em provocar a Rússia, cercada desde há duas décadas, por exércitos à sua porta, que a acabaram por levar a invadir a Ucrânia, um acto simplesmente indefensável, todavia provocado por uma ameaça real.
Para a NATO impõe-se hoje, em pleno século XXI, “...enfrentar de forma activa os novos desafios da segurança do século, como os representados pelo terrorismo internacional e a proliferação das armas de destruição maciça.”. Na verdade, sabe-se o que isto quer dizer, estando ainda por encontrar as tais armas, que os algozes referiam existir, para justificar a invasão e destruição do Iraque. Na verdade, a posição imperialista que representou a expansão da NATO para o Leste, baseou-se numa premissa sem qualquer sentido, a saber, a velha tese que defende que a Rússia iria tentar uma invasão imperial para toda a Europa não é mais que a ideia anti-comunista dos anos de ferro, como se o regime actual russo tivesse algum coisa a ver com a União Soviética dos primeiros anos da Revolução. Atente-se mais uma vez nos factos: a dissolução do Pacto de Varsóvia, em 1991, deveria ter sido acompanhada pela dissolução da NATO, mas o que se passou foi precisamente o contrário, a NATO cavalgou para todo o lado.
E aqui reside a questão principal, que é, sem qualquer espécie de dúvida, a falsificação completa da História, para afinal legitimar o reforço e alargamento de um bloco político-militar agressivo, impulsionar a corrida aos armamentos e a estratégia de confrontação e de guerra. Aliás, as sucessivas “crises” do capitalismo, particularmente na sua versão neoliberal necessitam sobretudo de confrontação e de guerra, para justificar o fracasso do sistema. Essa natureza implica o ataque a todas as tentativas de libertação dos povos do jugo colonial, por todo o Mundo. A NATO, os imperialistas norte-americanos e todos os seus lacaios, particularmente ingleses e os “aliados” da designada “união europeia”, representam hoje o perigo número um, à escala mundial: a agressão indiscriminada a tudo o que seja considerado lesivo dos interesses do dinheiro e da finança. E, a esse propósito, o Secretário-Geral da NATO, afirmou, em 2022, no relatório final da convenção realizada em Madrid, que “...as ambições e políticas coercivas da China desafiam os nossos interesses, segurança e valores”. Que “nossos” interesses? Precisamente, os interesses dos EUA e, por arrastamento, os da dita “união europeia”, que é melhor exemplo de dedicação canina ao patrão americano. Na sua última obra publicada, o Coronel Matos Gomes, afirma que a NATO não é aliança alguma, mas sim uma poderosa empresa multinacional americana, com delegações e agências na Europa, o que confere a esta o estatuto de colónia americana.
Recordamos os tempos da Revolução, no ano em que comemoramos os 50 anos de Abril. Aí se reclamou, desde o início, o fim da NATO e que esta ficasse fora de Portugal. A única atitude decente que se impõe, seguindo o rasto de sangue que aquela organização tem deixado por toda a parte, é voltar a levantar a voz contra a guerra, contra o imperialismo e pela Paz. Que ela possa ser construída aqui na Europa e em todo o mundo, denunciando os crimes da NATO e pugnando pela colaboração pacífica entre os Estados, com base nos princípios da Liberdade, Igualdade e Fraternidade.