26 setembro 2004
O CÓDIGO SANTANA
Trata-se de um novo código, destinado a ser usado, quer em política interna, quer em política externa, com especial incidência em política de grau zero. O código não tem nada de especial; nada de esoterismos, nada de coisas muito complicadas, dado que o mentor do dito é pessoa simples (pelo menos no que toca a exigências mentais…) apenas alguns pormenores distintivos, que procuraremos sintetizar:
1.fazer pelo menos 1 vez por dia 1 Press Release;
2.falar pelo menos 1 vez por dia para a comunicação social, de preferência para as TVs;
3.escolher as melhores horas para aparecer na TV, de preferência em horário nobre (ou nobre guedes...);
4.dizer uma coisa de manhã e outra totalmente diferente de tarde;
5.vestir sempre roupa de marca, mesmo que adquirida na feira;
6.sabotar a saída de notícias contraditórias; o princípio do não contraditório, não se aplica de forma alguma no "código Santana";
7.nomear os representantes dos grandes interesses económicos para o Governo, só para os irritar, dado que no Governo ganham muito menos, que fora dele;
8.instituir a "reforma mira amaral, para todos os membros do actual Governo, atendendo à discriminação positiva; até que não é assim tanta gente como dizem por aí (!);
9.nunca desdizer paulo portas, nem qualquer outro membro do partido dele, mesmo que digam coisas que não agradam; aparentemente é só à primeira vista;
10.nunca se pronunciar sobre assuntos novos, sem falar primeiro com os assessores; basta 2 minutos só para ter uma pequena (muito pequena mesmo...) ideia sobre o assunto;
11.sempre que de visita ao estrangeiro, fazer sempre uma declaração à comunicação social, sobre o País, mesmo que não faça a mínima ideia do que está a acontecer lá (ou seja, cá);
12.ler de vez em quando os jornais (desportivos, claro...), só para ver o que se passa (no Sporting, claro...);
13.nunca dizer mal do Presidente da República; não que uma sorte daquelas não acontece todos os dias; aquilo foi uma bênção dos deuses, como já não acontecia há que tempos…
14.não complicar nenhum pensamento político que ultrapasse a plantação de palmeiras, dado que neste campo concreto há já alguma experiência adquirida;
15.gastar o mais possível em cartazes e outdoors, desde que tenham a face visível e bem penteada; nada interessa o que digam, claro…;
16.nomear ainda mais assessores para a equipa, dado que o tempo é de diminuir o número de desempregados, seja lá o que isso signifique…;
17.condecorar pessoas gradas à Democracia, a começar por Frank Carlucci; outras hipóteses igualmente prováveis (antes que morram…): Augusto Pinochet, Sílvio Berlusconni, o rei do Burkina Faso, Hugo Boss, Tonny Carrera, Ágata, e ainda como hipótese vaga, Alberto João Jardim;
18.não abusar do uso intensivo do ler, escrever e contar…;
19."mas o que é que eu estou a fazer neste Partido???"
20.dar a ler isto tudo ao Paulinho, para ver se ele está de acordo.
O "código Santana" é um FLOP…
Trata-se de um novo código, destinado a ser usado, quer em política interna, quer em política externa, com especial incidência em política de grau zero. O código não tem nada de especial; nada de esoterismos, nada de coisas muito complicadas, dado que o mentor do dito é pessoa simples (pelo menos no que toca a exigências mentais…) apenas alguns pormenores distintivos, que procuraremos sintetizar:
1.fazer pelo menos 1 vez por dia 1 Press Release;
2.falar pelo menos 1 vez por dia para a comunicação social, de preferência para as TVs;
3.escolher as melhores horas para aparecer na TV, de preferência em horário nobre (ou nobre guedes...);
4.dizer uma coisa de manhã e outra totalmente diferente de tarde;
5.vestir sempre roupa de marca, mesmo que adquirida na feira;
6.sabotar a saída de notícias contraditórias; o princípio do não contraditório, não se aplica de forma alguma no "código Santana";
7.nomear os representantes dos grandes interesses económicos para o Governo, só para os irritar, dado que no Governo ganham muito menos, que fora dele;
8.instituir a "reforma mira amaral, para todos os membros do actual Governo, atendendo à discriminação positiva; até que não é assim tanta gente como dizem por aí (!);
9.nunca desdizer paulo portas, nem qualquer outro membro do partido dele, mesmo que digam coisas que não agradam; aparentemente é só à primeira vista;
10.nunca se pronunciar sobre assuntos novos, sem falar primeiro com os assessores; basta 2 minutos só para ter uma pequena (muito pequena mesmo...) ideia sobre o assunto;
11.sempre que de visita ao estrangeiro, fazer sempre uma declaração à comunicação social, sobre o País, mesmo que não faça a mínima ideia do que está a acontecer lá (ou seja, cá);
12.ler de vez em quando os jornais (desportivos, claro...), só para ver o que se passa (no Sporting, claro...);
13.nunca dizer mal do Presidente da República; não que uma sorte daquelas não acontece todos os dias; aquilo foi uma bênção dos deuses, como já não acontecia há que tempos…
14.não complicar nenhum pensamento político que ultrapasse a plantação de palmeiras, dado que neste campo concreto há já alguma experiência adquirida;
15.gastar o mais possível em cartazes e outdoors, desde que tenham a face visível e bem penteada; nada interessa o que digam, claro…;
16.nomear ainda mais assessores para a equipa, dado que o tempo é de diminuir o número de desempregados, seja lá o que isso signifique…;
17.condecorar pessoas gradas à Democracia, a começar por Frank Carlucci; outras hipóteses igualmente prováveis (antes que morram…): Augusto Pinochet, Sílvio Berlusconni, o rei do Burkina Faso, Hugo Boss, Tonny Carrera, Ágata, e ainda como hipótese vaga, Alberto João Jardim;
18.não abusar do uso intensivo do ler, escrever e contar…;
19."mas o que é que eu estou a fazer neste Partido???"
20.dar a ler isto tudo ao Paulinho, para ver se ele está de acordo.
O "código Santana" é um FLOP…
16 setembro 2004
Perder Tempo
Perdemos tempo deveras em tarefas menos dignas e não sabamos ganhar tempo naquilo que realmente interessa?
Questão importante, sabendo que estamos invariavelmente "em cima da hora", "mesmo a tempo", "sem tempo a perder", "cheio de pressa", ... O tempo faz parte de nós e nós não sabemos controlar o tempo; ou temos dificuldade em fazê-lo; ou simplesmente não o queremos fazer?
"Tempo é coisa que não me falta", diz o desempregado, "Todo o tempo do Mundo para ti", diz o poeta, "Sinais dos tempos", diz o historiador.
E que tempo temos para hoje???div>
Questão importante, sabendo que estamos invariavelmente "em cima da hora", "mesmo a tempo", "sem tempo a perder", "cheio de pressa", ... O tempo faz parte de nós e nós não sabemos controlar o tempo; ou temos dificuldade em fazê-lo; ou simplesmente não o queremos fazer?
"Tempo é coisa que não me falta", diz o desempregado, "Todo o tempo do Mundo para ti", diz o poeta, "Sinais dos tempos", diz o historiador.
E que tempo temos para hoje???div>
Uma questão de Saúde Pública (e até de Segurança Nacional...)
O triste espectáculo proporcionado por Paulo Portas e por arrastamento (...) pelo Governo de Santana Lopes, no caso do "Women on Waves", vem mais uma vez demonstrar a falta de esrúpulos e a maior hipocrisia (política e não só...) desta direita que (des) governa o País. Uma "ameaça à segurança nacional", comparável à "pesca ilegal", ao "tráfico de droga" e à "imigração ilegal", assim desta forma foi classificado pelo diligente ministro PP, a possível entrada do Borndiep em águas territoriais portuguesas.
Se tudo isto não passasse de afirmações mais ou menos gratuitas de um dirigente partidário fundamentalista ainda se poderia admitir (?). Mas não: é um ministro da República, o nº 2 do Governo e na prática quem neste momento dita a agenda política do Governo, apadrinhado aliás por Jorge Sampaio. Já se sabia que a questão do aborto "divide" pretensamente os portugueses. Para mim, tudo não passa de uma mera figura de retórica, ou seja, ninguem de boa fé pode aceitar as sucessivas humilhações a que estão sujeitas as mulheres deste País, perseguidas pelas polícias e pelos tribunais por terem (sabe-se com que sacrifício) recorrido ao aborto. Não, esta não é uma questão política qualquer; é sim uma autêntica cruzada que alguma direita fundamentalista encetou contra o País. São estes, os mesmos que apoiam a destruição massiva de povos, desde há seculos, indivíduos mais que priveligiados que, desde a Inquisição tentam impor o chamado "reino das trevas", terroristas (sim, terroristas!) capazes das mais hediondas campanhas: veja-se o caso do padre e das fotografias e cartazes do verão passado, o exemplo daquela senhora loura que urra regularmente nas televisões, os Telmos, os Fernandes Thomaz e quejandos. Se eles pudessem acabavam de vez com toda e qualquer democracia, com toda e qualquer liberdade de expressão e que combateriam (ou melhor, mandariam combater...) de armas na mão, todos os infiéis... Produtos de mentes preconceituosas e deturpadas, descabelados da pior espécie, pululam aqui e ali, garantindo falar em nome do Estado e da Lei. Pobres de espírito que dizendo defender a vida humana, são capazes de ditar as piores leis contra a maioria dos cidadãos e pisarem todos os seus direitos, só para fazer valer as suas ignóbeis convicções.
E o espectáculo deplorável continua, qual telenovela rasca; pretendem agora interpor uma acção judicial contra a médica holandesa, só porque esta foi à televisão manifestar a sua posição sobre o assunto…
E entretanto, o País continua à deriva: cresce todos os dias o número infindável de desempregados (já ascende a meio milhão!), os bancos reclamam pagar ainda menos impostos, o ministério da Educação continua a não conseguir colocar os professores, os transportes ameaçam aumentar de 3 em 3 meses, etc…, etc…
É este o Governo que temos, um presidente da República que há muito se demitiu das suas responsabilidades e que dá ao País uma imagem de impotência crescente, sempre ultrapassado pelos acontecimentos ("olhem que eu ainda sou o chefe supremo das forças armadas…"). Uma realidade triste que lentamente faz esquecer as esperanças de Abril, o País entregue a esta corja de carreiristas, ainda por cima incompetentes e fundamentalistas, como há muito tempo não havia memória! Eles sim, uma verdadeira "ameaça à saúde mental" e também à "segurança nacional", em suma uma ameaça à inteligência colectiva.
E nós, os outros, simplesmente a vê-los passar???
Se tudo isto não passasse de afirmações mais ou menos gratuitas de um dirigente partidário fundamentalista ainda se poderia admitir (?). Mas não: é um ministro da República, o nº 2 do Governo e na prática quem neste momento dita a agenda política do Governo, apadrinhado aliás por Jorge Sampaio. Já se sabia que a questão do aborto "divide" pretensamente os portugueses. Para mim, tudo não passa de uma mera figura de retórica, ou seja, ninguem de boa fé pode aceitar as sucessivas humilhações a que estão sujeitas as mulheres deste País, perseguidas pelas polícias e pelos tribunais por terem (sabe-se com que sacrifício) recorrido ao aborto. Não, esta não é uma questão política qualquer; é sim uma autêntica cruzada que alguma direita fundamentalista encetou contra o País. São estes, os mesmos que apoiam a destruição massiva de povos, desde há seculos, indivíduos mais que priveligiados que, desde a Inquisição tentam impor o chamado "reino das trevas", terroristas (sim, terroristas!) capazes das mais hediondas campanhas: veja-se o caso do padre e das fotografias e cartazes do verão passado, o exemplo daquela senhora loura que urra regularmente nas televisões, os Telmos, os Fernandes Thomaz e quejandos. Se eles pudessem acabavam de vez com toda e qualquer democracia, com toda e qualquer liberdade de expressão e que combateriam (ou melhor, mandariam combater...) de armas na mão, todos os infiéis... Produtos de mentes preconceituosas e deturpadas, descabelados da pior espécie, pululam aqui e ali, garantindo falar em nome do Estado e da Lei. Pobres de espírito que dizendo defender a vida humana, são capazes de ditar as piores leis contra a maioria dos cidadãos e pisarem todos os seus direitos, só para fazer valer as suas ignóbeis convicções.
E o espectáculo deplorável continua, qual telenovela rasca; pretendem agora interpor uma acção judicial contra a médica holandesa, só porque esta foi à televisão manifestar a sua posição sobre o assunto…
E entretanto, o País continua à deriva: cresce todos os dias o número infindável de desempregados (já ascende a meio milhão!), os bancos reclamam pagar ainda menos impostos, o ministério da Educação continua a não conseguir colocar os professores, os transportes ameaçam aumentar de 3 em 3 meses, etc…, etc…
É este o Governo que temos, um presidente da República que há muito se demitiu das suas responsabilidades e que dá ao País uma imagem de impotência crescente, sempre ultrapassado pelos acontecimentos ("olhem que eu ainda sou o chefe supremo das forças armadas…"). Uma realidade triste que lentamente faz esquecer as esperanças de Abril, o País entregue a esta corja de carreiristas, ainda por cima incompetentes e fundamentalistas, como há muito tempo não havia memória! Eles sim, uma verdadeira "ameaça à saúde mental" e também à "segurança nacional", em suma uma ameaça à inteligência colectiva.
E nós, os outros, simplesmente a vê-los passar???
12 setembro 2004
FANCY
Fancy é uma iraquiana de 38 anos. Vivia em Najav, antes da ocupação. Funcionária pública, casada com 2 filhos, um de 4 e outro de 13 anos. O marido, professor de 41 anos. Membros de 1 grupo de esquerda laica, não reconhecidos pela ditadura de Saddam, ocupavam quase todo o seu tempo livre na propaganda política, por uma país diferente, com riscos incalculáveis para a altura, dado que o regime não o permitia. Fancy é hoje, após a ocupação, uma de entre centenas de milhar de iraquianas, sem emprego, sem esperança, sem qualquer expectativa que não seja a sobrevivência do dia a dia. Perdeu a família mais chegada, marido e filhos; os filhos morreram nos escombros de uma das "bombas cirúrgicas" da aviação "aliada" e o marido morreu com mais quase 20 pessoas quando se dirigia para a Escola, num daqueles ataques da artilharia ligeira americana que procurava atingir e liquidar um qualquer perigoso terrorista numa camioneta cheia de civis. É neste momento uma de muitos potenciais candidatos a mártires da causa islâmica.
O exemplo (poderiam encontrar-se milhares deles...) é o espelho de um País destruído pela criminosa ocupação americana, inglesa e apoiada pelos respectivos lacaios do costume. Uma situação absolutamente incontrolável, com milhares de mortos, miséria generalizada, medo, insegurança, fome e destruição permanente, o caos provocado por políticas assassinas, ao serviço dos interesses inconfessáveis do dinheiro, do petróleo, do controle dos senhores da guerra, dos negócios do tráfico de armas e das influências do poder absoluto, mascarado de "democracia". Tudo isto para combater muitos daqueles que em tempos recentes foram os seus aliados principais na luta contra os "perigosos comunistas".
Do "outro lado", dia a dia se afirma um fundamentalismo islâmico cada vez mais cego, onde os direitos individuais não são reconhecidos, onde a mulher é subjugada e humilhada, onde campeia a mais absoluto desprezo pela vida humana, com apelos irados ao martírio e ao paraíso prometido (?). Para nós, que prezamos a liberdade, a verdadeira democracia, um estado laico, direitos e garantias individuais e qualidade de vida inerente aos direitos humanos e à evolução científica e tecnológica, é absolutamente impensável e incompreensível a linguagem suicidária destes indivíduos, organizações e alguns estados. Facilmente os apelidamos de terroristas, de fundamentalistas e os associamos ao Mal absoluto, ao terror e ao reino das trevas. É porventura mais fácil, mais imediato e mais prático.
Sabemos da história (desgraçadamente) o resultado de todos os fundamentalismos; as interpretações rigorosas dos textos religiosos, principalmente; desde o início da civilização que, em nome da Fé, se mata e destrói, sem qualquer problema. Se repararmos e pensarmos um pouco, como é possível por exemplo, que em pleno século XXI, a hierarquia da igreja católica, proíba o uso de um simples preservativo, quando o SIDA é uma das principais causas de morte no Mundo inteiro? É só um exemplo; só para demonstrar que há coisas que ultrapassam a compreensão do vulgar cidadão e que só se justificam pelo atavismo e pela mais elementar falta de lógica... E isto passa-se bem perto de nós...
Quantas coisas que não compreendemos, quantos atentados à liberdade assistimos todos os dias... Hoje recebi uma mensagem, chamando-me à atenção que pertenço aos 8% de privilegiados que tem emprego, casa, família e alguma qualidade mínima de vida… Não posso queixar-me, pois. Paralelamente talvez pertença também a uma minoria que, por ter acesso á informação, não se conforma com as injustiças, não suporta a ideia de viver num mundo cão onde 2/3 da humanidade passa fome ou vive abaixo do limiar mínimo de pobreza, onde a mortalidade infantil aumenta assustadoramente nos países do 3º mundo, onde ainda existe 3º mundo, à custa do acumular de riqueza sucessiva dos principais grupos económicos, que ditam as leis e paralelamente vão destruindo os recursos naturais do planeta, na ânsia do lucro fácil e da exploração. E são eles que fazem as guerras e têm as armas; há outros que só têm pedras para lhes atirar, não é verdade???
Para quem é minimamente sensível, é difícil aceitar que haja pessoas que sejam capazes de se meter num avião, desviá-lo e atira-lo contra um edifício, só para chamar atenção, sabe-se lá de que causa…
Da mesma forma, não pode aceitar também que, em nome de uma democracia mais que duvidosa, se destruam estados, povos, pessoas, famílias inteiras, só para se apropriar (leia-se roubar ou pilhar!) os recursos e os bens e possivelmente, a esperança e o gosto pela vida.
É bom que haja pessoas (cada vez mais…) que não aceitem fazer parte de nenhum destes grupos. Decididamente! Seguramente!
Qualquer apelo num tempo sem esperança como este deve ser decisivo ao afirmar os direitos das pessoas, a cidadania, o livre pensamento, o gosto de viver, a possibilidade de poder apreciar e ajudar no crescimento de uma criança e de poder ver o Sol nascer todos os dias…
Se calhar é mesmo "só isso" que Fancy pediria neste momento! Será pedir muito???
Fancy é uma iraquiana de 38 anos. Vivia em Najav, antes da ocupação. Funcionária pública, casada com 2 filhos, um de 4 e outro de 13 anos. O marido, professor de 41 anos. Membros de 1 grupo de esquerda laica, não reconhecidos pela ditadura de Saddam, ocupavam quase todo o seu tempo livre na propaganda política, por uma país diferente, com riscos incalculáveis para a altura, dado que o regime não o permitia. Fancy é hoje, após a ocupação, uma de entre centenas de milhar de iraquianas, sem emprego, sem esperança, sem qualquer expectativa que não seja a sobrevivência do dia a dia. Perdeu a família mais chegada, marido e filhos; os filhos morreram nos escombros de uma das "bombas cirúrgicas" da aviação "aliada" e o marido morreu com mais quase 20 pessoas quando se dirigia para a Escola, num daqueles ataques da artilharia ligeira americana que procurava atingir e liquidar um qualquer perigoso terrorista numa camioneta cheia de civis. É neste momento uma de muitos potenciais candidatos a mártires da causa islâmica.
O exemplo (poderiam encontrar-se milhares deles...) é o espelho de um País destruído pela criminosa ocupação americana, inglesa e apoiada pelos respectivos lacaios do costume. Uma situação absolutamente incontrolável, com milhares de mortos, miséria generalizada, medo, insegurança, fome e destruição permanente, o caos provocado por políticas assassinas, ao serviço dos interesses inconfessáveis do dinheiro, do petróleo, do controle dos senhores da guerra, dos negócios do tráfico de armas e das influências do poder absoluto, mascarado de "democracia". Tudo isto para combater muitos daqueles que em tempos recentes foram os seus aliados principais na luta contra os "perigosos comunistas".
Do "outro lado", dia a dia se afirma um fundamentalismo islâmico cada vez mais cego, onde os direitos individuais não são reconhecidos, onde a mulher é subjugada e humilhada, onde campeia a mais absoluto desprezo pela vida humana, com apelos irados ao martírio e ao paraíso prometido (?). Para nós, que prezamos a liberdade, a verdadeira democracia, um estado laico, direitos e garantias individuais e qualidade de vida inerente aos direitos humanos e à evolução científica e tecnológica, é absolutamente impensável e incompreensível a linguagem suicidária destes indivíduos, organizações e alguns estados. Facilmente os apelidamos de terroristas, de fundamentalistas e os associamos ao Mal absoluto, ao terror e ao reino das trevas. É porventura mais fácil, mais imediato e mais prático.
Sabemos da história (desgraçadamente) o resultado de todos os fundamentalismos; as interpretações rigorosas dos textos religiosos, principalmente; desde o início da civilização que, em nome da Fé, se mata e destrói, sem qualquer problema. Se repararmos e pensarmos um pouco, como é possível por exemplo, que em pleno século XXI, a hierarquia da igreja católica, proíba o uso de um simples preservativo, quando o SIDA é uma das principais causas de morte no Mundo inteiro? É só um exemplo; só para demonstrar que há coisas que ultrapassam a compreensão do vulgar cidadão e que só se justificam pelo atavismo e pela mais elementar falta de lógica... E isto passa-se bem perto de nós...
Quantas coisas que não compreendemos, quantos atentados à liberdade assistimos todos os dias... Hoje recebi uma mensagem, chamando-me à atenção que pertenço aos 8% de privilegiados que tem emprego, casa, família e alguma qualidade mínima de vida… Não posso queixar-me, pois. Paralelamente talvez pertença também a uma minoria que, por ter acesso á informação, não se conforma com as injustiças, não suporta a ideia de viver num mundo cão onde 2/3 da humanidade passa fome ou vive abaixo do limiar mínimo de pobreza, onde a mortalidade infantil aumenta assustadoramente nos países do 3º mundo, onde ainda existe 3º mundo, à custa do acumular de riqueza sucessiva dos principais grupos económicos, que ditam as leis e paralelamente vão destruindo os recursos naturais do planeta, na ânsia do lucro fácil e da exploração. E são eles que fazem as guerras e têm as armas; há outros que só têm pedras para lhes atirar, não é verdade???
Para quem é minimamente sensível, é difícil aceitar que haja pessoas que sejam capazes de se meter num avião, desviá-lo e atira-lo contra um edifício, só para chamar atenção, sabe-se lá de que causa…
Da mesma forma, não pode aceitar também que, em nome de uma democracia mais que duvidosa, se destruam estados, povos, pessoas, famílias inteiras, só para se apropriar (leia-se roubar ou pilhar!) os recursos e os bens e possivelmente, a esperança e o gosto pela vida.
É bom que haja pessoas (cada vez mais…) que não aceitem fazer parte de nenhum destes grupos. Decididamente! Seguramente!
Qualquer apelo num tempo sem esperança como este deve ser decisivo ao afirmar os direitos das pessoas, a cidadania, o livre pensamento, o gosto de viver, a possibilidade de poder apreciar e ajudar no crescimento de uma criança e de poder ver o Sol nascer todos os dias…
Se calhar é mesmo "só isso" que Fancy pediria neste momento! Será pedir muito???
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